Mais essa na vida nacional

Indignação com a prática de marketing

e com a hipocresia política

Como acadêmico e profissional de marketing fico indignado com tanta vulgaridade. Como cidadão, fico indignado com tanta hipocresia dos reguladores.

O Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária - Conar - abriu um processo para investigar a campanha "Hope Ensina", da Hope, protagonizada pela modelo Gisele Bündchen.

Realmente, não se pode admitir esse absurdo contra a ordem institucional brasileira. Sobretudo, contra a ordem moral e sobre os demais aspectos éticos que envolvam a vida nacional. Veja o comercial:

http://youtu.be/NhmswJXgC7A

Em outras palavras, o caso pareceu grave ao Governo Federal. Exige providências urgentes e firmes para preservação dos valores mais altos da democracia brasileira. Salvati, você está certa.

Imagino que com isso o Brasil vá avançar muito. É bem verdade que o Supremo se opõe aos controles que o Conselho Nacional de Justiça queira fazer sobre magistrados corruptos. Também, imagino que os “malfeitos” dos ministros brasileiros não tenham maior importância. Mas, a Gisele de biquíni, seduzindo o marido, isso sim, é assunto para preocupar ministros, Presidência da República , Senado, Câmara Alta e, sobretudo, nosso Supremo Tribunal Federal. Todos horrorizados, naturalmente.

Deus me livre dessa inversão total de valores!

A representação foi aberta depois que o órgão recebeu 20 protestos (de que tamanho é a população brasileira, mesmo?) enviados através de e-mail por consumidores, tanto homens quanto mulheres, que reclamaram do teor discriminatório mostrado pela propaganda.

Pegou pesado, sobretudo em um país onde as mulheres jamais sofrem estrupos e nem são espancadas por maridos e companheiros.

Fui informado que hoje, o Conar deve fazer a nomeação de um relator para cuidar do caso. O julgamento deve ocorrer daqui a cerca de um mês. Fiquei tranqüilo, com a celeridade imputada ao caso. A propósito, o caso do Maluf ainda não deu nada, até agora.

Afinal, a Gisele Bündchen, aparecendo em roupas íntimas, para sugerir às mulheres brasileiras que usem a sensualidade na hora de dar uma notícia desagradável ao marido, deve ser entendido como crime hediondo. Matar juízas, não.

Por isso, fico pensando que as mulheres do Pânico não são objetos sexuais, nem apresentam caráter discrimiatórios algum. E me convenci que, por isso, o Conar não vai investigar esse programa. Edeli, como é que fica isso tudo, agora? Está difícil concordar com você, acredite.

Gostaria de lembrar aos desavisados que o Pânico é um programa educativo e que deveria ser levado às creches desse país, através de TV’s como conteúdo qualificado. Naturalmente, sem poupá-las das cenas sacrossantas, protagonizadas por suas ingênuas meninas e por suas nádegas ocultadas, sob fios finíssimos, encrustados em suas reentrâncias. As crianças tem muito a aprender com isso. Não é, Edeli?

Edeli, você irá fundo? Ou vai dizer que nunca assistiu o Pânico e o CQ...?

Na última quarta-feira, a Hope defendeu-se, dizendo que os exemplos citados nos filmes "nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal".

Também não dá para concordar. A quem vocês querem enganar?
"Bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher", diz a nota.

Concordo com a nota. Mas, francamente, essa estrutura de argumentação não dá para aceitar. Que tal se a agência que produziu o comercial respeitasse a mulher ( e seu marido) como alguém inteligente e distante do vulgar? Que tal fazermos marketing e não recorremos a expeditentes tão fora dos propósitos de nossa teoria e prática?

Francamente, esse jeito de tratar a mulher e ao homem ofende a todos nós.