Para a próxima semana, o que esperar?
O
ponto nevrálgico de qualquer previsão nesse instante é conseguir detectar a
dimensão da contaminação da nossa economia com os fatos recessivos do cenário
mundial. Mais do que isso, tentar enxergar sua extensão na economia, verificando
o alcance dessa recessão sobre os setores produtivos e comerciais, internos.
O
setor de serviços será o mais poupado, em função de sua dependência quase
exclusiva da economia doméstica. A agricultura e pecuária deverão ter redução
de seus preços internacionais, mais que compensados, entretanto, pela
desvalorização da moeda nacional.
A
desaceleração deverá ser maior no sofrido setor industrial, que já está
anêmico graças ao longo período de apreciação da moeda nacional e do aperto
monetário, iniciado em 2010.
A
produção industrial do mês de agosto, informação a ser anunciada nessa
semana, vai dar o tom das expectativas para esse ano. Entre os analistas,
fala-se em crescimento muito modesto, de tal forma que, considerado o período
janeiro a agosto desse ano, a indústria cresceria apenas 1,5%, contra 14,0%
em igual período do ano anterior.
É
bem verdade que a relação cambial dólar-real já é bem outra, abrindo novas
oportunidades para a indústria nacional recuperar parte considerável do mercado
interno. Também é verdade que a política monetária parece caminhar para a
redução das taxas de juros e para dar apoio à manutenção da demanda. Isso
também pode impulsionar uma recuperação no setor de transformação.
Se,
por um lado, esse quadro parece animador, de outro, estabelece condições para o
recrudescimento inflacionário, ainda que o cenário internacional mantenha-se
tão fragilizado.
Para o
mês de setembro, a inflação medida pelo IGP-DI
pode alcançar os 0,7% de alta, acumulando, nos últimos 12 meses,
7,5%. Para o IPCA de setembro, as projeções chegam até os 0,60%, o que
equivaleria a um valor acumulado nos últimos 12 meses, de 7,4%.
Concluindo:
a semana manterá o acalentado debate entre inflação, escapando de forma
definitiva do centro da meta, graças a um excesso de demanda, e política
monetária expansionista, como estratégia contra cíclica para combater a recessão
mundial. O comportamento rebelde dos preços está a sugerir que a política
monetária está á frente de uma recessão que se atrasou demais. Ou como querem outros, o contraciclismo decorreu das precipitadas
avaliações dos economistas oficiais.
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