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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A China e sua ditadura

Mesmos as ditaduras precisam legitimar objetivos e os meios para produzí-los
A China acompanha a tendência mundial de redução de crescimento e isso deve continuar, pelo menos, por mais um ano. Mais do que o problema global, o fato é que a China vem, desde 2009, procurando dominar o comportamento dos preços internos, sujeitos a intensa pressão de demanda, imposta pelo rápido crescimento de sua economia. Juros, encurtamento dos prazos de financiamentos, câmbio, depósitos compulsórios, cortes em orçamentos municipais e outros instrumentos de políticas econômicas, de forma gradualista, foram colocados em prática. O crescimento cedeu, mas a inflação persiste.
A bolha imobiliária foi inicialmente identificada como determinante da alta de preços. Para combatê-la o governo de Pequim contingenciou o crédito e aumentou seu custo, resultando na deterioração da saúde financeira das empresas do setor e de empresas de outros setores, sobretudo as pequenas e médias. A procura por imóveis caiu paulatinamente. Os preços também.
O sistema bancário, pelo menos até agora, não levantou maiores suspeitas em relação a sua estabilidade e, realmente, parece, de modo geral, sólido. Nesse momento, a inflação tem sido entendida como resultante dos desequilíbrios das contas dos governos das unidades federativas chinesas e dos enormes, mas não bem conhecidos no Ocidente, déficits dessas províncias e de seus municípios.
Mesmo as ditaduras mais fortes necessitam de um grau mínimo de legitimidade e adesão. Até uma China comunista e ditatorial tem que fazer concessões a políticos e gestores locais para evitar problemas de governabilidade.
Com crescimento mais baixo, as pressões políticas devem ganhar força, e as concessões nesse campo tenderão a se ampliar, recrudescendo o crescimento dos preços e limitando a criação de empregos.
O ano de 2012 deve ser marcado por ondas sucesivas de protestos naquele país, colocando em questão a manutenção de um sistema politico forte e centralizado.

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