Mesmos as ditaduras precisam legitimar objetivos e os meios para produzí-los
A
China acompanha a tendência mundial de redução de crescimento e isso deve
continuar, pelo menos, por mais um ano. Mais do que o problema global, o fato é
que a China vem, desde 2009, procurando dominar o comportamento dos preços
internos, sujeitos a intensa pressão de demanda, imposta pelo rápido crescimento
de sua economia. Juros, encurtamento dos prazos de financiamentos, câmbio, depósitos
compulsórios, cortes em orçamentos municipais e outros instrumentos de
políticas econômicas, de forma gradualista, foram colocados em prática. O
crescimento cedeu, mas a inflação persiste.
A
bolha imobiliária foi inicialmente identificada como determinante da alta de
preços. Para combatê-la o governo de Pequim contingenciou o crédito e aumentou
seu custo, resultando na deterioração da saúde financeira das empresas do setor
e de empresas de outros setores, sobretudo as pequenas e médias. A procura por
imóveis caiu paulatinamente. Os preços também.
O
sistema bancário, pelo menos até agora, não levantou maiores suspeitas em
relação a sua estabilidade e, realmente, parece, de modo geral, sólido. Nesse
momento, a inflação tem sido entendida como resultante dos desequilíbrios das
contas dos governos das unidades federativas chinesas e dos enormes, mas não
bem conhecidos no Ocidente, déficits dessas províncias e de seus municípios.
Mesmo
as ditaduras mais fortes necessitam de um grau mínimo de legitimidade e adesão.
Até uma China comunista e ditatorial tem que fazer concessões a políticos e
gestores locais para evitar problemas de governabilidade.
Com
crescimento mais baixo, as pressões políticas devem ganhar força, e as concessões
nesse campo tenderão a se ampliar, recrudescendo o crescimento dos preços e limitando a
criação de empregos.
O
ano de 2012 deve ser marcado por ondas sucesivas de protestos naquele país, colocando em questão a manutenção de um sistema politico forte e centralizado.
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