Não fazer
nada é uma boa decisão
O COPOM
parece encurralado, embora as declarações das autoridades econômicas sobre
haver espaço na economia para baixar a taxa básica de juros.Todos os índices que medem inflação apresentaram-se mal comportados, sinalizando para a improbabilidade do alcance das metas definidas para a alta dos preços. Já nisso ninguém mais acredita. Sobretudo a comunidade internacional, onde o prestígio do país começa a ceder como mostram os sucessivos aumentos do risco-país.
Haveria a necessidade de enviar um recado claro ao mundo, dando conta de que a estabilidade monetária é a prioridade da gestão econômica do Brasil.
Por outro lado, a economia agora já cresce mais lentamente e a recessão mundial avançou celeremente. Internamente, o comércio perdeu força, a indústria mantém-se estagnada e os serviços também enfraqueceram seu ritmo de expansão. A oferta de crédito já é menor em função da redução dos ganhos da renda real. O governo necessitaria amenizar esse quadro e a redução de juros é, sem dúvida, uma estratégia eficiente de permitir expansões mais expressivas da economia nacional. As autoridades armaram seus planos com base nessa estratégia, batizada com o nome de contracíclica.
Esse é o enrosco armado para a próxima curva do rio econômico nacional.
Se o COPOM
reduzir a Selic, a comunidade internacional pode iniciar um ataque às reservas
nacionais, numa perspectiva de recrudescimento inflacionário. Se subir, coloca
o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central em desmoralização de suas
estratégias e desmente suas promessas.
Melhor não
fazer nada, então. Em seguida, soltar uma ata dizendo que o cenário
internacional ainda não está completamente definido e que o COPOM, assim como
um bom médico, resolveu observar seu paciente por mais 24 horas. Pode para isso
recorrer aos conselhos de Talleyrand, o mais célebre estrategista
da sobrevivência política: "É urgente esperar".
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