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sábado, 29 de dezembro de 2012

Pondo fogo na fervura

É arrependimento ou política de crescimento?
No Brasil, o Banco Central jogou mais lenha na fogueira do imbróglio bancário.
O Bacen deu conta por meio de circular que permitirá instituições financeiras com patrimônio de referência mínimo de R$ 6 bilhões deduzir 20% de seus compulsórios sobre depósitos à vista, com empréstimos realizados a alguns setores da economia.
A tentativa é de destravar o crédito no início do ano. Entretanto, as barreiras maiores a serem suplantadas estariam relacionados, no caso dos bancos, ao alto nível de inadimplência desses setores e, no caso das empresas, à inutilidade de tomar dinheiro quando ele não crê em expansão. As empresas apenas tomariam esses recursos para atender às necessidades de capital de giro ou para reeestruturar sua dívidas. Nunca para expandir sua produção. Afinal, sem mercado, para que ampliar a capacidade produtiva?
Suspeito que o governo deseje se reconciliar com o sistema financeiro.

Como a confiança se perdeu

Foi um apelo, mais que um pedido
Era Natal. Previsivelmente a Presidente da República teria mesmo que trazer ao país sua mensagem de otimismo, para o próximo ano. Convocou os investidores a manter sua confiança no Brasil e, como razão para isso, assegurou: “este é um governo que confia no seu povo, no seu empresariado, que respeita contratos, que se empenha em novas parcerias entre os setores público e privado”. Soou falso.
Mas, a presidente não se deu por achado. E continuou, dizendo que 2013 será “o ano de ampliarmos ainda mais o diálogo com todos os setores da sociedade, acelerar obras, de melhorar a qualidade dos serviços públicos e continuar a defender o emprego e o salário dos brasileiros.
O discurso pareceu uma nova edição, revisada e ampliada, dos discursos dos anos anteriores. Dessa vez, provocando efeitos bem mais modestos, para não dizer das rejeições que produziu.
O governo sequer realizou investimentos que dessem cumprimento ao orçamento de 2012. Esteve muito aquém de suas metas e promessas nessa área. Os processos de concessões estão excessivamente atrasados e lentos.
O estado encontra-se também excessivamente inchado, aparelhado e muito desprovido das competências técnicas requeridas para o exercício do planejamento público, da regulação e da fiscalização da economia nacional. A máquina pública é muitas vezes maior do que a recomendada (são 39 ministérios, com seus respectivos órgãos, autarquias e empresas estatais) e exerce suas atividades com eficiência extremamente reduzida, permeadas invariavelmente por antigos vícios e de práticas novas, descuidadas do interesse público e dirigidas os ilegítimos interesses pessoais.
Contratos foram sim rompidos e as regras foram mudadas de forma abrupta, unilateral, não dialogada. O intervencionismo cresceu de maneira desmedida e há um reconhecimento geral de que o governo gostaria de chamar a si um maior número de atividades. A propriedade, pública ou privada, tem sido defendida apenas modestamente.
Afinal, trata-se uma coalizão claramente estatizante, com cunho socialista e que, por essa razão, gera a repulsa dos investidores nacionais e internacionais. O resto é discurso.
Essas intromissões na ordem institucional arrefeceram os investimentos, mais pela forma com que foram feitas e menos por seus conteúdos.
Altos impostos, mercado de trabalho apertado, salários em altas exuberantes, infraestrutura abandonada, educação e saúde esquecidas no fundo do poço. Tudo pressionndo custos dos que produzem. Reformas institucionais - tributária, administrativa, previdenciária, judiciária, etc – não contam nem com a determinação, nem como o vigoroso empenho pessoal da presidente. Ao contrário, nesses temas a presidente se despe de seu costumeiro autoritarismo, se cala e torna-se donzela branda e doce com os problemas . Essa omissão descabida contrasta, ao contrário, de seu comportamento quando se trata do empresário e do empreendedor.
Nesses dois últimos anos, tivemos de tudo na economia nacional e no ambiente institucional do país. Mudou-se a maneira de se fazer negócios por aqui. A cultura dos negócios é outra e os investidores foram embora.
As palavras foram lançadas, neste Natal, ao vento.

Recessão afastada temporariamente

Salvos pelo consumo das famílias
Na Europa, não é que a França fez bonito. Seu PIB do terceiro trimestre foi revisado para 0,1% de expansão.
De fato, não se pode esquecer que a previsão inicial indicava um crescimento de 0,2%. Mas o PIB em território positivo afastou o fantasma de uma recessão imediata.
Quem de fato salvou essa lavoura foi a recuperação do consumo das famílias que permitiu o crescimento e evitou que a recessão tecnicamente se implantasse em terras francesas.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Todos erraram feio

As previsões falharam no caso
da BM&FBovespa
Os sonhos de alto desempenho para bolsa, no ano de 2012, acabaram-se nesse último pregão. O Ibovespa subiu 0,28%, fechando aos 60.585 pontos. Francamente, não foi um resultado ruim para uma ano tão cheio de problemas. As previsões é que foram muito ambiciosas.
Tudo conspirou contra. Desde o início do ano, com a ausência dos capitais estrangeiros, crise nos Estados Unidos, na Europa, queda do crescimento chinês e o intervencionismo estabanado do governo brasileiro na economia brasileira.
Nem mesmo o campeonato mundial ganho pelo Coringão trouxe ânimo aos investidores que se mostram muito preocupados, desde o início do mês, com “fiscal Cliff”, o abismo fiscal dos Estados Unidos.
Na contramão de tanto pessimismo, o PMI da região de Chicago, mostrou a atividade industrial em alta, atingindo os 51,6 pontos, melhor nível desde agosto. Além disso, o indicador de vendas dos imóveis pendentes (casas existentes) veio em alta de 1,7%, no mês de novembro, acima das previsões dos especialistas da área imobiliária.
Convém lembrar, por final, que a bolsa poderia ter apresentado um desempenho melhor, não fosse o fato de o prazo para os políticos chegarem a um acordo sobre o abismo fiscal norte-americano encerrar-se em 31 desse mês.
Caso o acordo não seja alcançado, o país terá que implementar um conjunto de medidas, de natureza recessiva, que ampliará fortemente os imposto para o cidadão norte-americano e levará a um corte desmedido do dispêndio público. A consequência esperada é uma recessão sem precedentes da economia do país.

O Natal, no mundo virtual.(1)

O mundo virtual conspira para a
concentração econômica? (1)
Ética, sustentabilidade, compliance são os melhores exemplos das multinacionais de TI. Por estarem no campo de inovação e respeitarem todos os princípios da boa governança deram o exemplo nesse Natal. Vejam as barbaridades:
1)  Nem a Justiça norte-americana aceitou o acordo proposto pela IBM para a SEC em processo por suborno.

Foi lindo. Juiz federal rejeitou o acordo entre a Securities and Exchange Commission (SEC) e a IBM. O regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos arquivaria as acusações contra a IBM por haver subornado oficiais do governo chinês e sul-coreano em troca de facilidades na assinatura de contratos públicos de venda de computadores, violando a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior.
O acordo prevêmulta no valor de US$ 10 milhões para encerrar o processo civil movido contra a IBM.
2)  Apple apresentou recurso a Justiça dos Estados Unidos que se nega a proceder julgamento ao pedido de proibição das vendas dos produtos da Sansung no país. O pedido está fundamentado nos termos da sentença da corte de São Jose, na Califórnia, que condenou 26 produtos da Sansung por quebra de patentes e multou a empresa coreana em mais de US$ 1 bilhão.
3)   A Nokia e a Research in Motion -RIM - fabricante do Blackberry, conseguiram alcançar acordo no processo de patentes aberto pela empresa finlandesa. A fabricante acusava sua concorrente de quebrar suas patentes de tecnologia Wi-Fi. As ações judiciais corriam no Reino Unido, Canadá e nos Estados Unidos, após um órgão regulador sueco indicar a possibilidade de bloquear as vendas do Blackberry devido ao abuso praticado no campo da propriedade intelectual.
No mundo virtual, cescem as práticas de cópias, piratarias, atos abusivos de preços e distribuição. A tecnologia transforma-se na nova forma de legalizar os monopólios e evitar a concorrência, enquanto os copiadores apropriam-se de inventos e idéias alheias. O espírito de Natal não alcançou o mundo virutal, até agora.

E a confiança se foi

Foi um apelo, mais que um pedido
Era Natal. Previsivelmente a Presidente da República teria mesmo que trazer ao país sua mensagem de otimismo, para o próximo ano. Convocou os investidores a manter sua confiança no Brasil e, como razão para isso, assegurou: “este é um governo que confia no seu povo, no seu empresariado, que respeita contratos, que se empenha em novas parcerias entre os setores público e privado”. Soou falso.
Mas, a presidente não se deu por achado. E continuou, dizendo que 2013 será “o ano de ampliarmos ainda mais o diálogo com todos os setores da sociedade, acelerar obras, de melhorar a qualidade dos serviços públicos e continuar a defender o emprego e o salário dos brasileiros.
O discurso pareceu uma nova edição, revisada e ampliada, dos discursos dos anos anteriores. Dessa vez, provocando efeitos bem mais modestos, para não dizer das rejeições que produziu.
O governo sequer realizou investimentos que dessem cumprimento ao orçamento de 2012. Esteve muito aquém de suas metas e promessas nessa área. Os processos de concessões estão excessivamente atrasados e lentos.
O estado encontra-se também excessivamente inchado, aparelhado e muito desprovido das competências técnicas requeridas para o exercício do planejamento público, da regulação e da fiscalização da economia nacional. A máquina pública é muitas vezes maior do que a recomendada (são 39 ministérios, com seus respectivos órgãos, autarquias e empresas estatais) e exerce suas atividades com eficiência extremamente reduzida, permeadas invariavelmente por antigos vícios e de práticas novas, descuidadas do interesse público e dirigidas os ilegítimos interesses pessoais.
Contratos foram sim rompidos e as regras foram mudadas de forma abrupta, unilateral, não dialogada. O intervencionismo cresceu de maneira desmedida e há um reconhecimento geral de que o governo gostaria de chamar a si um maior número de atividades. A propriedade, pública ou privada, tem sido defendida apenas modestamente.
Afinal, trata-se uma coalizão claramente estatizante, com cunho socialista e que, por essa razão, gera a repulsa dos investidores nacionais e internacionais. O resto é discurso.
Essas intromissões na ordem institucional arrefeceram os investimentos, mais pela forma com que foram feitas e menos por seus conteúdos.
Altos impostos, mercado de trabalho apertado, salários em altas exuberantes, infraestrutura abandonada, educação e saúde esquecidas no fundo do poço. Tudo pressionndo custos dos que produzem. Reformas institucionais - tributária, administrativa, previdenciária, judiciária, etc – não contam nem com a determinação, nem como o vigoroso empenho pessoal da presidente. Ao contrário, nesses temas a presidente se despe de seu costumeiro autoritarismo, se cala e torna-se donzela branda e doce com os problemas mais fundamentais. Essa omissão descabida contrasta com seu comportamento quando se trata do empresário ou do empreendedor.
Nesses dois últimos anos, tivemos de tudo na economia nacional e no ambiente institucional do país. Mudou-se a maneira de se fazer negócios por aqui. A cultura dos negócios é outra e, por isso, os investidores foram embora.
As palavras foram lançadas, neste Natal, ao vento.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Sem medo da inflação

Os preços podem subir junto
com o novo salário mínimo.
O valor do novo salário mínimo será de R$ 678,00, segundo informa o governo federal. A decisão parece ter sido tomada pela Presidente da República.
Não se questionou para isso, qual teria sido ao aumento da produtividade do sistema econômico nacional, no período considerado para o aumento do salário mínimo.
O valor representa um reajuste de aproximadamente 9%, tendo como base o salário mínimo vigente de R$ 622,00. Seja o que Deus quiser!
Sou muito favorável ao reajuste do mínimo, sobretudo dessas altas mais fortes. Elas têm o mérito de realmente corrigirem as desigualdades e distorções econômicas e sociais existentes na nossa economia.
Só não quero ver esses aumentos corroídos pela inflação que provocam e que anulam os ganhos reais. O novo salário mínimo será superior ao que previa Orçamento da União para o próximo ano. O Orçamento, ainda na sua fase inicial de elaboração, estava trabalhando com R$ 674,96. Já não era o bastante?
Há sempre maneiras de controlar a alta de preços e, portanto, a inflação não me preocuparia. Entretanto, com a flexibilização monetária e com a atual política cambial, sobraria apenas um esforço na área fiscal. Quem acredita nisso?
De toda forma, desejo um belíssimo Natal a todos que convivem conosco nesse blog. Esperançosos, vamos em direção a 2013, acreditando que o aumento do mínimo é um bom começo para o incremento da emergência que queremos ver em nossa estrutura social. Acreditemos também que a inflação há de ser combatida por outras políticas que facultem o aumento do poder aquisitivo da população brasileira.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mestre em frustrar

Inflação de mais, crescimento
de menos
A produção industrial de novembro será anunciada no início de janeiro e, por isso, passaremos o Natal e a virada do ano sossegados.
Logo no primeiro dia útil, deve chegar a notícia de que o setor industrial apresentou desempenho negativo no mês de novembro.
Isso não será ignorado pelo governo federal e a explicação já está pronta: foi o setor automotivo que, mesmo beneficiado por um elenco de sucessivas medidas de estímulos, não conseguiu reagir adequadamente a tudo lhe foi concedido. Para todos que vinham ouvindo as falas oficiais, ficou a sensação de que o desempenho industrial deveria estar frequentando o território dos números positivos. Frustrante, outra vez.
Aguardem também por um IGP-M rompendo claramente com o limite superior do centro da meta. O IPC, pressionado pelas festas de final de ano, apresentará um resultados decepcionante em dezembro.
Como dissemos na postagem anterior: “crescimento de menos, inflação de mais”.

Mentiras ou enganos?

Confessando o crime
O dólar caiu 0,43%, para R$2,06, graças ao Bacen. O Ibovespa subiu 0,46%, fechando em 61.276 pontos. O volume negociado foi de R$6,5 bilhões.
O relatório trimestral de Inflação já confessa um crescimento menor e uma inflação em 2012. Vale dizer que durante todo o ano o Bacen semeou expectativas falsas e induziu decisões erradas.

A credibilidade da autoridade monetária está comprometida.
Para 2013, já se começa a falar em PIBÃO. Acho quer vai dar só PIB e não maior que 3,0%.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Acordo à vista

Evoluções no quadro político
norte-americano
As negociações entre republicanos e democratas começaram a andar.
O abismo fiscal pode ser aterrado. Republicanos sinalizaram com a aceitação do aumento de impostos, pretendido pela Casa Branca, que atingiriam o contribuinte, cuja renda anual supere US$ 1 milhão. Os mercados aplaudiram, encerrando os pregões de ontem em altas expressivas.
Em paralelo, o índice NAHB, que mede a confiança dos construtores do país subiu de 45 pontos no mês de novembro, para 47 pontos no mês em curso.
Os fatos mostram um certo otimismo e que o estado geral da economia continua melhorando.

S&P jogando para a torcida?

Sem reclamações ou gritarias
A Agência de risco Standard&Poor’s subiu classificação dos títulos do governo grego.
Eles estavam avaliados como “default seletivo” e foram elevados para
“B-”, com perspectiva estável.
A decisão baseou-se na conclusão do programa de recompra de bônus do governo e na “forte determinação” da zona do euro de preservar o país no bloco.
Dessa vez ninguém reclamou. Ninguém propôs a revisão dos critérios de atribuição de graus de risco, nem sugeriu a necessidade de supervisão dessas agências. Curioso!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Dólar, a próxima ameaça

Olhe onde pode parar a guerra cambial
As previsões envolvendo a desvalorização do real estão rondando os 10%, para 2013. O governo central, submetido às pressões inflacionárias, não desejaria mais que esse percentual.
O raciocínio oficial é que esses 10% contribuiriam para a recuperação da competitividade industrial e favoreceriam as exportações de commodities, sem produzir maiores pressões sobre os preços, ao longo de 2013.
O governo tem presente  o período de valorização da moeda nacional e recorda-se que, em julho de 2011, seu valor era de 1,54 para cada unidade da moeda norte-americana. Isso garantia que os preços apresentassem um comportamento exemplar e, simultaneamente, determinaria a destruição de parte considerável do parque industrial brasileiro. Uma atitude cinicamente liberal e omissa, ostentada por um governo formado por uma coalizão socializante, de caráter ativamente intervencionista.
Omissões e cinismos deixados à margem das considerações econômicas, o real veio se desvalorizando, obediente a um intervalo entre 1,70 e 1,90, apenas atingindo os 2,00, lá pelo meio desse ano.
Mais para o final desse ano, com a redução dos influxos de capitais, uma nova desvalorização entrou em curso, estabelecendo-se, por meio das intervenções governamentais no mercado de câmbio, um novo patamar entre 2,00 e 2,10.
Para 2013, pode haver uma entrada maior de dólares em função dos capitais internacionais que estariam fluindo para cá, nos processos de privatização anunciados no governo DILMA.
Entretanto, por si só, a entrada desses dólares não deve dar conta de dos objetivos cambiais das autoridades econômicas. Melhor será contar com a hipótese de o dólar alcançar os 2,40 ou 2,45, valor esse considerado como taxa cambial neutra.
A competitividade da indústria seria impulsionada mais fortemente, assim como os preços agrícolas, no cenário internacional, poderiam ampliar a remuneração de exportadores e de produtores rurais, em geral. A inflação nesse momento voltaria a rondar nosso sistema de preços, anulando os efeitos benéficos da desvalorização. Tudo isso pode ser muito provável, sobretudo agora, onde a China começa a retomar seu ritmo de crescimento.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Zona do Euro melhora condições institucionais

O Gigantesco esforço político para
manutenção da unificação europeia
O Banco Central Europeu supervisionará as instituições financeiras e, como consequência, com isso a tendência será a de endurecer a normatização para o funcionamento do sistema.
O melhor impacto da decisão é que agora fica mais fácil e menos arriscado emprestar aos bancos da região. A medida dará também maior fluidez ao mercado interbancário, garantindo as posições diárias cobertas, a custos menores.
A partir de agora as questões fiscais devem passar por evoluções mais rápidas. Dois temas incomodam o mundo: o tratamento que será atribuído às dívidas nacionais e à implantação de políticas fiscais, cujos orçamentos possam trazer crescimento e austeridade, simultaneamente.
Reconheço que esses temas são mais afeitos aos equilibristas que aos economistas, mas o fato é que a realidade social impõe o crescimento dos mercados de trabalhos e isso requer algum crescimento.
A solução não é óbvia. Os caminhos parecem contraditórios, mas vejam que o PMI da região, no mês de dezembro, apresentou melhora, embora ainda seja indicativo de retração.
O avanço tem, por enquanto, apenas caráter institucional. O resto virá depois.

O crescimento barrado pela inadimplência

Exageros e contradições do crédito excessivo
O país exibe um crescimento do PIB esse ano, pouco maior que 1,0%. É um PIB de construir a miséria e ampliar a pobreza brasileira, uma vez que a população ocupada cresce ao ritmo de 1,7 % ao ano e a população economicamente ativa cresce 1,9% anualmente. Menos riqueza para mais população.
A taxa de desemprego, nessas condições, deveria crescer rapidamente. Não é isso o que acontece. Com produção em queda e baixo consumo era de se esperar por demissões que  só tardiamente começam a pipocar. O desinvestimento mostra o desânimo dos empresários, enquanto a apatia do consumo aponta para um consumidor exaurido pelo crédito excessivo, que endividou mais de 50% das famílias e as faz exibir uma inadimplência espetacular, superior a 7,0%.
Apenas os altos crescimentos da renda real deram algum folego à demanda, sustentando hoje uma taxa de consumo estimada em 2,6% e algumas vezes, combinadas com a oferta de crédito, originaram as chamadas bolhas de preços. O caso dos imóveis é o exemplo mais bem acabado desses malabarismos econômicos.
O quadro já apresenta contornos preocupantes, apenas amenizados pelas festas de final de ano, que tradicionalmente levam maior vigor ao consumo e, lamentavelmente, aos preços.
Exageros no crédito levaram o consumo à exaustão e, nesse instante, pressionam também a inflação, ampliando sua difusão.
Estamos enrascados no emaranhado do crédito inadimplente, baixo consumo, desinvestimento, produção estagnada, aumentos de renda real e desemprego abaixo da taxa natural.
Verdade seja dita, artificialismos não se acertam com os mercados. A política de renda foi meritória, mas claramente descolou-se da realidade produtiva, encarecendo seus custos, para casar-se com o consumo.
O crédito farto e fácil, ofertado pelos bancos públicos, deu sustentação e, em seguida, exauriu o consumo pelo elevado endividamento e pela inaceitável inadimplência que provocou.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Alemanha não quer desemprego crescendo na UE

Alemanha acha recuperação dos
periféricos lenta
A recuperação dos países periféricos é lenta e tem ocorrido graças à ampliação do desemprego, segundo um relatório econômico do governo alemão, antecipado nesse domingo pelo jornal Der Spiegel.
A redução dos salários amplia a competitividade dos países citados na matéria do semanário alemão, mas isso não representa ganhos de produtividade, pois decorre da alta taxa de desemprego que se cronificou nesses países.
Por outro lado, Portugal, Espanha e Irlanda aumentaram suas exportações em função do menor preço de seus produtos e isso pode minimizar o teor da crítica alemã. Entretanto, o problema maior é o aumento da taxa de desemprego que enfraquece o mercado interno e compromete o ritmo recuperação econômica pretendida.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Pegando no tranco

Os dados norte-americanos dão
ânimo aos mercados
O PMI, índice de gerente compras, em sua primeira estimativa para dezembro, aponta para uma evolução bastante favorável, em relação ao mês anterior. Subiu de 52,8 pontos em novembro para 54,2 pontos nessa leitura preliminar.
Em paralelo, o Departamento de Trabalho americano, anunciou um recuo no índice de preços ao consumidor de 0,3% no mês de novembro na comparação com outubro. O núcleo do indicador, que exclui preços voláteis de energia e alimentos, apresentou alta de 0,1% em novembro.
A Produção Industrial do mês de novembro, conforme a aferição do Fed, cresceu 1,1%, em relação ao mês anterior.
Também o nível de utilização da capacidade instalada aumentou de 77,7% em outubro para 78,4% em novembro. Foi uma semanan e tanto.
Mas, tudo isso embora muito auspiciosos para os norte-americanos, não foi suficiente para reduzir as  preocupações com a questão fiscal.

Bolsa e dólar

O Ibovespa está namorando outra vez
com os 60 mil pontos
 Nessa sexta-feira subiu mais 0,49%, fechando a semana aos 59.604 pontos. A alta acumulada na semana foi de 1,91%. No ano, o índice acumula até agora 5,02%.
Ainda outro dia, ouvi de meu amigo, o consultor financeiro Décio Pecequilo, que dezembro costuma ser um mês de altas na BM&FBovespa. Nos últimos dez anos, segundo ele, houve apenas uma exceção.
O volume financeiro girado esteve em R$ 7,57 bilhões, apontando para o vigor da bolsa nesses últimos dias e corroborando as afirmações do Décio.
O dólar também avançou nessa sexta-feira. A alta foi de 0,29%, encerrando a semana a R$ 2,088.
O governo teme que a apreciação do dólar venha a pressionar a inflação, se sua cotação superar os R$ 2,10. Sinceramente, seria melhor combater a inflação por outra vertente e deixar essa cotação alcançar os R$ 2,25 até, no máximo, o final do primeiro trimestre de 2013.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vivendo de ilusões

A realidade tem sido cruel
com os discursos econômicos
Bastou o Banco Central apresentar seu IBCR de outubro, para as autoridades já começarem a enxergar o crescimento que ninguém consegue ver. O avanço do IBCR mal atingiu os 0,4% e já se começa a falar de um quarto trimestre de crescimento mais robusto.
Vale lembrar que já estamos no meio de dezembro e que não dá tempo para mais nada. O que tinha que ser feito já foi feito e as medidas até agora anunciadas foram insuficientes para garantir que o PIB nacional crescesse em velocidade maior que a nossa população.
Para os que gostam de viver de ilusão, recordamos que o resultado do IBCR desse mês de outubro apresentou alta de 5,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Afinal, alguém já disse que “recordar é viver”.
Para jogar mais areia nos olhos da população, o IBGE acaba de anunciar que o varejo restrito, isto é, o varejo sem levar em conta as vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, apresentou um crescimento de 0,8% em outubro, fazendo crer que o Brasil, nesse quarto trimestre, terá garantido a expansão do consumo das famílias.
Para tirar essa conclusão, os melhores indicadores seriam a renda real dessas famílias e o nível de desemprego do país. Se a renda real estiver em crescimento e o desemprego se mantiver em queda, aí sim, poderíamos concluir com maior segurança sobre a expansão do consumo.
Sugiro abandonar essas teorias de pés quebrados e olharmos a economia, sem os vieses dos vendedores de ilusões. As previsões, antes de nada, precisam ser confirmadas pela realidade para, só depois, darmos asas à imaginação e acalentarmos os sonhos oficiais.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Câmbio

Começamos dezembro mal
O Banco Central anunciou o resultado do fluxo cambial da primeira semana de dezembro. A saída de dólares superou a entrada em US$ 1,3 bilhão. Nesse ano, entretanto, o fluxo cambial tem saldo positivo de US$ 22,1 bilhões. Mas, comparado ao mesmo período de 2.011, o saldo é bem inferior aos US$ 66,7 bilhões realizados então.
As exportações brasieliras, é sabido, estão desprovidas de competitividade. Entre as muitas coisas que o governo precisaria fazer, está a elevação do dólar face ao real; algo como R$ 2,45 por dólar, nas estimativas de especialistas.

Inadimplência no Brasil

Nada a comemorar
O indicador SERASA para a inadimplência do consumidor no Brasil apresentou queda de 0,1%, no mês de novembro. O SERASA entende que a redução deveu-se à queda das dívidas contraídas fora do sistema bancário.
De um ponto de vista da dimensão dessa queda, não se pode considerar ter havido qualquer alteração no risco crédito. Aliás, em relação a novembro do ano anterior, a inadimplência apresentou aumento de 13%. Nada a comemorar.

Administrando expectativas

Mesmo alterando as regras do jogo, o Fed garante previsibilidade ao agente econômico
Nessa última reunião do FOMC, decidiu-se que os juros serão mantidos nos níveis atuais sempre que a taxa de desemprego não caia abaixo dos 6,5% e a inflação projetada para dois anos não supere os 2,5% ao ano.
As novas regras, definidas tão claramente e com uma antecedência tão grande, tornam o futuro mais previsível.
É isso que o investidor mais aprecia. As mudanças de regras feitas assim não desequilibram os fluxos de recursos, não suspendem, nem adiam projetos.
O Fed também decidiu estender, por prazo indeterminado, as compras de títulos de longo prazo do governo norte-americano, após o término da operação twist, no final do mês. As compras, até agora, totalizam, em números redondos US$ 85 bilhões mensais.
O propósito das duas medidas foi de dar continuidade ao processo de recuperação dos Estados Unidos, conquanto remanesçam ansiedades associadas ao chamado “abismo fiscal”.
Esse comportamento poderia inspirar as autoridades econômicas nacionais, sinalizando que democracia é uma prática muito bem vinda ao mundo dos negócios.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O mico ficará com o contribuinte

Inflação cresce e o crédito arrefece.
O IPC da Fipe já está em 0,70% na primeira quadrissemana de dezembro. No mesmo período do mês anterior, estava em 0,44%. A alta já vinha sendo esperada, mas sua intensidade foi muito além daquilo que se vinha esperando. Mais uma vez o governo faz crer em hipóteses que não se confirmam.
O emprego industrial de outubro, anunciado pelo IBGE subiu modestos 0,4%, ante o mês anterior. Os salários tiveram alta real, na pesquisa de outubro, de 0,1%, em relação a setembro e de 3,0% quando comparado a igualo período do ano anterior.
São números muito fracos para sugerir recuperação da indústria.
O Serasa quer fazer crer que o mercado de crédito está em recuperação, afirmando que foi registrada evolução de 5,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Não faz sentido concluir por essa recuperação se o número de pessoas que procuraram crédito recuou 7,6% no mês de novembro em relação ao mês de outubro.
Um percentual altíssimo das famílias apresenta dívidas. E dos endividados, a taxa de inadimplência é no mínimo duas vezes maior que nos Estados Unidos. O mercado de crédito perdeu velocidade no seu crescimento e só não retrocedeu graças aos bancos oficiais.
Mas, convém lembrar que essas instituições têm recebido recursos fartos do Tesouro Nacional para suportar esse pseudo crescimento.
Isso produzirá, no futuro, a necessidade de novos aportes para sanear a inadimplência decorrente da sustentação da demanda de nosso mercado de consumo. Em outras palavras, o mico ficará nas mãos do contribuinte.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A um passo do abismo

Não se pode dar um passo à frente,
se o país esta à beira dele.
A figura de linguagem é velha, mas os democratas equilibram-se diante do imenso buraco fiscal. Os republicanos ameaçam dar um piparote capaz de impulsionar todos, de maneira autofágica, às profundezas econômicas ainda desconhecidas pela teoria econômica. O evento produziria um contágio e teria proporções únicas, que dificilmente se repetiria na história econômica global.
O temor, precedendo o fato, alastrou-se pela população do país e, pior, alcançou generalizadamente os eleitores norte-americanos. Não há mais clima para piparotes. Melhor será os republicanos emprestarem apoio e solidariedade, antes que sejam responsabilizados pelo desastre.
Por outro lado, a superação da crise coincidirá com uma provável aceleração da economia e a criação mais acentuada de novos postos de trabalho, dando continuidade à queda do nível de desemprego recém-inaugurada. Isso fortaleceria os democratas.
Não estranhem, o “jogo é sujo” mesmo. Obama ainda terá um futuro difícil e incerto. Mas, a recuperação continuará.

Sobra otimismo

O esforço preditivo é meritório.
Às vezes, inútil.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou sua previsão para o valor da produção da agrícola de 2.012: R$ 235,7 bilhões, valor 3,5 % superior ao do ano de 2011, depois de descontada a inflação, quando o valor atingiu R$ 227,7 bilhões.
O desempenho do setor  foi explicado por cinco produtos, principalmente: algodão, com aumento real de 23,7%; cebola, 19,8%; feijão, 13,4%; milho, 29,8%; soja, 19,1% e maçã, 4,3%.
O Ministério espera por resultados ainda melhores em 2.013, originados por novas combinações quantidades-preços que devem, apenas no caso da soja, atingir nessa nova safra uma produção no valor total de R$ 104,3 bilhões.
Essas previsões para a produções agrícolas correm sempre o risco de não se concretizarem em função dos "atos de deus". Regimes de chuvas e comportamentos de clima ainda são mistérios não totalmente decifrados.
A soja e o milho, por exemplo, precisam de chuva quando estão florindo ou granando. Depois, durante o período de colheita, não podem estar expostos a regime de chuvas intenso. E quem controla tudo isso é São Pedro. Não o Ministério. Seja como for, essas previsões renovam o ânimo dos agentes econômicos e reafirmam a vocação agrícola do país.