Instituições com a nota abaixo da média recebem metade das bolsas do Prouni
Universidades têm nível insatisfatório pelo próprio Ministério da Educação
Veículo: Jornal Bom Dia -
21/06/2011
Jornalista: Derla Cardoso
- Agência BOM DIA
As inscrições para o Prouni (Programa Universidade para Todos) vão até sexta-feira (24). É possível concorrer a bolsas para começar a estudar no segundo semestre de 2011.
O benefício é dirigido aos estudantes que cursaram o ensino médio na rede pública ou da rede particular, mas como bolsistas integrais. A renda familiar dos candidatos não pode ultrapassar a cota máxima de três salários mínimos per capita.
Na região, serão oferecidas 2,399 vagas em 21 universidades da região. No entanto, cerca de 50% das bolsas são em instituições de ensino cuja avaliação ficou abaixo do considerado satisfatório pelo Ministério da Educação.
De acordo com o último IGC (Índice Geral de Cursos da Instituição) divulgado pelo MEC, cerca de seis faculdades da região apresentaram classificação 2, numa escala de zero a 5. O número é um indicador de qualidade de instituições de ensino superior e, neste caso, significa insatisfatório. 13 delas possuem classificação 3, o que quer dizer satisfatório e apenas duas possuem índice acima da média.
Na região, cerca de 1,208 bolsas, praticamente metade, são em instituições com a nota abaixo da média. São elas, o Centro Universitário Anhanguera, Faculdade de Tecnologia Internacional, Faculdade de Tecnologia Pentágono, Uniabc (Universidade do Grande ABC), FIA (Faculdade Interação Americana) e Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo).
Para a professora Bete Saraiva, mestre em Administração de Empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o problema não é a concessão de bolsas em universidades com avaliação “insatisfatória”, mas a existência dessas faculdades. “Primeiro que não poderia nem existir. Como é que o ministério permite que cursos ruins funcionem e dê certificação aos alunos? O começo do problema está em cima”, afirmou a educadora que também é leciona em programas de graduação e extensão universitária.
De acordo com Fabíola Marques, professora de graduação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), o ideal era que não existissem faculdades desqualificadas. “O MEC não deveria nem permitir que uma universidade que não atinge índices satisfatórios permaneça funcionando. Hoje temos muitas empresas que pagam mal para professores e só têm interesse na mensalidade dos alunos”, criticou.
Em entrevista ao BOM DIA, o professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, concordou com as professoras. No entanto, disse que é importante não esquecer de analisar o aspecto social do local das universidades.
“Às vezes em determinados lugares só existem essas, então o jovem não tem opção. O MEC tem um padrão e se ele admite o funcionamento dessas faculdades ele não pode negar bolsa.”
As inscrições para o Prouni (Programa Universidade para Todos) vão até sexta-feira (24). É possível concorrer a bolsas para começar a estudar no segundo semestre de 2011.
O benefício é dirigido aos estudantes que cursaram o ensino médio na rede pública ou da rede particular, mas como bolsistas integrais. A renda familiar dos candidatos não pode ultrapassar a cota máxima de três salários mínimos per capita.
Na região, serão oferecidas 2,399 vagas em 21 universidades da região. No entanto, cerca de 50% das bolsas são em instituições de ensino cuja avaliação ficou abaixo do considerado satisfatório pelo Ministério da Educação.
De acordo com o último IGC (Índice Geral de Cursos da Instituição) divulgado pelo MEC, cerca de seis faculdades da região apresentaram classificação 2, numa escala de zero a 5. O número é um indicador de qualidade de instituições de ensino superior e, neste caso, significa insatisfatório. 13 delas possuem classificação 3, o que quer dizer satisfatório e apenas duas possuem índice acima da média.
Na região, cerca de 1,208 bolsas, praticamente metade, são em instituições com a nota abaixo da média. São elas, o Centro Universitário Anhanguera, Faculdade de Tecnologia Internacional, Faculdade de Tecnologia Pentágono, Uniabc (Universidade do Grande ABC), FIA (Faculdade Interação Americana) e Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo).
Para a professora Bete Saraiva, mestre em Administração de Empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o problema não é a concessão de bolsas em universidades com avaliação “insatisfatória”, mas a existência dessas faculdades. “Primeiro que não poderia nem existir. Como é que o ministério permite que cursos ruins funcionem e dê certificação aos alunos? O começo do problema está em cima”, afirmou a educadora que também é leciona em programas de graduação e extensão universitária.
De acordo com Fabíola Marques, professora de graduação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), o ideal era que não existissem faculdades desqualificadas. “O MEC não deveria nem permitir que uma universidade que não atinge índices satisfatórios permaneça funcionando. Hoje temos muitas empresas que pagam mal para professores e só têm interesse na mensalidade dos alunos”, criticou.
Em entrevista ao BOM DIA, o professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, concordou com as professoras. No entanto, disse que é importante não esquecer de analisar o aspecto social do local das universidades.
“Às vezes em determinados lugares só existem essas, então o jovem não tem opção. O MEC tem um padrão e se ele admite o funcionamento dessas faculdades ele não pode negar bolsa.”
Qualidade / Segundo os
especialistas quem optar, mesmo assim, por cursar a graduação nas faculdades em
questão pode ter problemas no futuro. “A formação é extremamente importante e
sempre deve-se prezar pelos bons cursos. Se o estudante se forma em um curso
ruim não conseguirá um bom emprego para pagar uma MBA ou uma pós-graduação de
renome para equilibrar a formação. Se não é possível cursar um de alto nível
pelo menos é preciso buscar uma mediana”, indicou o professor Grisi.
Em todo caso, se não houver diferentes possibilidades, de acordo com Bete, há situações em que será possível se sair bem. “Hoje, há muitas empresas que levam em consideração o desempenho da pessoa e não somente a formação. Se o candidato conseguir se sair bem em provas, dinâmicas e entrevistas não deixará de ser contratado por conta de onde é diploma. Mas, é preciso que saber que se acontecer de ficarem dois selecionados os contratantes ainda vão chamar quem possui curso renomado”.
Melhorias/ O Instituto Estácio de Ensino Superior, proprietário da Faculdade de Tecnologia Radial Santo André, informou por meio de nota que apenas três dos nove cursos participaram do Enade, e que somente dois obtiveram conceito dois e outro com três, sendo que o terceiro curso ficou sem avaliação pela ausência de alunos.
A universidade afirmou que confia que logo todos os cursos estejam maduros e tenham os índices recalculados e acima do conceito de insatisfatório, isto é, conceito três.
A mesma expectativa tem o diretor pedagógico da Faculdade de Tecnologia Pentágono, Fernando Eduardo Peres. “Estamos fazendo várias melhorias. Temos uma preocupação com as aplicações teóricas e com o uso de laboratórios. Queremos melhorar cada vez mais e aprimorar nossa grade para aumentar os resultados.”
Sem escolha
O morador de Santo André Leandro Caravina, de 27 anos, estuda psicologia na Unip (Universidade Paulista). O estudante já se inscreveu para o Prouni e está na torcida.
“Tentei bolsa na Anhanguera, Metodista e Uniabc”, afirmou o jovem que paga R$ 600 de mensalidade integral. Segundo Leandro, existe o medo de não conseguir emprego por conta da origem do diploma. “Não tenho como pagar em outro lugar. É totalmente fora das minhas condições gastar mais que isso. Pretendo atuar na área hospitalar, pois tem menos profissionais e assim consigo fazer uma pós-graduação boa e me sobressair.”
Para o estudante, as grandes universidades deixam as pessoas de baixa renda sem condições. “As notas de corte são altas e nós ficamos à mercê das faculdades ruins. Vou continuar os estudos numa pós-graduação de renome pra compensa
Em todo caso, se não houver diferentes possibilidades, de acordo com Bete, há situações em que será possível se sair bem. “Hoje, há muitas empresas que levam em consideração o desempenho da pessoa e não somente a formação. Se o candidato conseguir se sair bem em provas, dinâmicas e entrevistas não deixará de ser contratado por conta de onde é diploma. Mas, é preciso que saber que se acontecer de ficarem dois selecionados os contratantes ainda vão chamar quem possui curso renomado”.
Melhorias/ O Instituto Estácio de Ensino Superior, proprietário da Faculdade de Tecnologia Radial Santo André, informou por meio de nota que apenas três dos nove cursos participaram do Enade, e que somente dois obtiveram conceito dois e outro com três, sendo que o terceiro curso ficou sem avaliação pela ausência de alunos.
A universidade afirmou que confia que logo todos os cursos estejam maduros e tenham os índices recalculados e acima do conceito de insatisfatório, isto é, conceito três.
A mesma expectativa tem o diretor pedagógico da Faculdade de Tecnologia Pentágono, Fernando Eduardo Peres. “Estamos fazendo várias melhorias. Temos uma preocupação com as aplicações teóricas e com o uso de laboratórios. Queremos melhorar cada vez mais e aprimorar nossa grade para aumentar os resultados.”
Sem escolha
O morador de Santo André Leandro Caravina, de 27 anos, estuda psicologia na Unip (Universidade Paulista). O estudante já se inscreveu para o Prouni e está na torcida.
“Tentei bolsa na Anhanguera, Metodista e Uniabc”, afirmou o jovem que paga R$ 600 de mensalidade integral. Segundo Leandro, existe o medo de não conseguir emprego por conta da origem do diploma. “Não tenho como pagar em outro lugar. É totalmente fora das minhas condições gastar mais que isso. Pretendo atuar na área hospitalar, pois tem menos profissionais e assim consigo fazer uma pós-graduação boa e me sobressair.”
Para o estudante, as grandes universidades deixam as pessoas de baixa renda sem condições. “As notas de corte são altas e nós ficamos à mercê das faculdades ruins. Vou continuar os estudos numa pós-graduação de renome pra compensa
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