ESPECIAL:BANCOS ESTRANGEIROS ELEVAM EM 18% PRESENÇA NO PAÍS EM 4 ANOS
Veículo: Agência Estado - Data: 31/05/11
Jornalista: Alessandra Saraiva
Rio, 31 - O interesse dos bancos estrangeiros no mercado brasileiro continua em alta.
Levantamento feito pelo Instituto Fractal, usando dados do Banco Central (BC), indica que, de 2007 a 2011, houve um aumento de 18% no número de bancos no País com participação de estrangeiros em seu capital votante. Atualmente, existem 214 bancos sob controle total ou parcial de instituições financeiras estrangeiras. Deste total, mais da metade (128) tem controle estrangeiro, com participação de 90% a 100% do capital.
Responsável pelo levantamento, o diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, Celso Grisi, comenta que o interesse estrangeiro não é um fenômeno novo. No entanto, ressalta que o apetite no mercado bancário brasileiro não diminuiu nem mesmo na época mais aguda da crise global, a partir de setembro de 2008.
Nos últimos quatro anos, 33 bancos nacionais ganharam participação estrangeira em seu capital votante. Deste total, mais da metade era formada por sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, ou SCTVM, e sociedades distribuidoras de títulos, ou SDTVM.
De olho nesse movimento, o escritório de Advocacia Tozzini Freire assessora cinco instituições estrangeiras que desejam entrar no mercado bancário brasileiro. A advogada Luciana Burr, sócia do escritório na área de Direito Bancário, surpreendeu-se com a atratividade do segmento. "Não dá para dizer o quanto de aumento isso representa, porque nunca tivemos um número assim de interessados", comenta.
Ela salienta que o apetite dos estrangeiros no sistema financeiro brasileiro não está voltado à área de varejo, de bancos comerciais, mas sim para bancos de investimento e private banking (administração de fortunas). Neste último nicho, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) também apurou um salto na movimentação de negócios. De acordo com a entidade, os recursos movimentados em private banking subiram de R$ 301,9 bilhões, em dezembro de 2009 (dado mais antigo disponibilizado pela associação), para R$ 399,6 bilhões, em março deste ano, um aumento de 32,3%.
Para o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), Armando Castelar, esses movimentos têm caráter cíclico. Ou seja: não indicam necessariamente um afluxo contínuo de estrangeiros no setor bancário brasileiro para os próximos anos. Mas, o crescente interesse por negócios no Brasil foi atestado pelo próprio Castelar, quando atuou como analista na Gávea Investimentos, que teve 55% do capital vendido ao banco norte-americano JPMorgan.
Na avaliação de Castelar, ocorrem dois movimentos no mercado. O primeiro é o de bancos
estrangeiros acompanhando o interesse pelo Brasil das empresas com as quais essas instituições fazem negócio em suas matrizes. Na prática, uma empresa estrangeira se instala no País e o banco com o qual ela faz negócio em sua sede a "segue". "O outro movimento seria o interesse maior das instituições financeiras internacionais em investir em economias emergentes no cenário pós-crise global, após a recuperação dos efeitos negativos do cenário de turbulência internacional em suas matrizes", completou Castelar.
Para o sócio de transações da Ernst & Young Terco, Carlos Asciutti, de uma maneira geral o Brasil é a "bola da vez" para grandes fundos de investimentos. Segundo ele, fundos internacionais como KKR, Permira Advisers e Apollo já deram sinais de que querem intensificar ações no País. "Com o Brasil em alta no mercado internacional, é difícil para esses fundos justificarem a seus clientes porque ainda não têm presença forte no País", avaliou.
Asciutti comentou que outro nicho que cresce forte no País é o mercado de private equity
(investimentos em empresas de capital fechado). Segundo ele, este setor ainda é nascente no País."Em outras economias emergentes, o private equity responde por 1% do Produto Interno Bruto (PIB); aqui no Brasil, é menos de um terço disso", comentou o especialista.
Mas, os brasileiros também estão atentos a esse potencial de crescimento. Recém-saído da Vale, o ex-presidente da mineradora Roger Agnelli, seguindo uma tendência cada vez mais comum, teria mencionado a colaboradores que pensa em montar uma gestora de recursos ou um fundo de private equity, após o término de sua quarentena de 12 meses.
PARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO PAÍS
Fontes: Banco Central do Brasil - Bacen /Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro - Dinor e Instituto Fractal de Pesquisa de Mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário