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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Caras e Bocas, com Jean-Claude Trichet

Forte vigilância pode ser apenas desculpa para a decisão anterior
Enquanto o mundo continha suas taxas de juros perto de zero, para assegurar um alto nível de liquidez a seus sistemas econômicos, o Banco Central Europeu subiu sua taxa de juros para 1,25%. Precipitou-se, certamente.
O mundo usou as taxas baixas como instrumento para aceleração da recuperação econômica. Como medo da inflação, o BCE precocemente agiu da forma mais conservadora possível, elevando o juro europeu. Deu no que deu: crescimento muito baixo em toda região.
 Ontem o BCE anunciou que manterá inalterada sua taxa nos mesmos 1,25% e, simultaneamente, anunciou sua nova perspectiva para o crescimento da economia europeia esse ano. As previsões crescimento do PIB, dos 17 países que formam a Zona do Euro, passaram de 1,7% em março, para 1,9% em junho. Não refresca nada, mas também não esquenta.
Com suas costumeiras caras e bocas, Jean-Claude Trichet, o precipitado presidente do BCE, disfarçou, afirmando a necessidade de "forte vigilância" sobre o  comportamento dos preços. Quer nos fazer crer que a decisão anterior de subir as taxas de juros  foi acertada.  E, reafirmando suas inconvenientes antecipações aos fatos, voltou a opor-se às propostas de reestruturação compulsória da dívida da grega.
Tornou-se um desnecessário dissidente da nova onda de austeridade europeia. Sem dúvida, mais um colecionador de conflitos inúteis.

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