Furar bolhas não é tão fácil, quando elas não são de sabão
O People’s Bank of China elevou em 0,5% a taxa de depósito compulsório para instituições financeiras com operação em território chinês. A intenção é combater a demanda por crédito, sobretudo no setor imobiliário onde se diagnosticou, já há algum tempo, a formação de uma perigosa bolha de preços. É o terceiro aumento no compulsório, só nesse ano.Em matéria de economia parece mesmo não haver mágica. Ou se inicia um ciclo de aperto monetário ou os preços saem de controle. Trata-se de um contingenciamento seletivo do crédito, tal qual estamos, nesse blog, sugerindo para o Brasil. Subir juros é cruel e necessário. Poderíamos, entretanto, acompanhar essa medida com a redução seletiva do crédito. Isso evitaria que, no futuro, tivéssemos que continuar a subir muito a taxa de juros. O que nos parece recomendável seria associar a política creditícia à política industrial. A engenharia econômica nesse caso pressupõe a restrição de certos tipos de créditos destinados a determinados setores que dão causa às bolhas de preços, sem, contudo, provocar perdas mais acentuadas na demanda por mão de obra ou no crescimento econômico.
Juros altos, como estão, promoverão uma tendência especulativa em nosso mercado financeiro, levando ao descolamento do mercado de capitais norte-americano. Simultaneamente, provocam alterações fortes no mercado de juros futuros.
O crédito ao consumidor, entre nós, já desacelerou. A queda mais abrupta dos créditos livres é um claro sinal do estado de exaustão da sustentabilidade de um modelo fundado apenas no crédito. O brasileiro já não tem mais o mesmo apetite por consumir a partir do crescimento de seu endividamento. Como ficará, então, a produção industrial e a expansão de empregos? É sabido que ninguém faz política monetária sem pagar seu preço. Entretanto, ele poderia ser mais baixo se as medidas contemplassem um leque mais amplo de instrumentos que não só a alta da dos juros básicos.
Que tal experimentar essa nova receita? Ela poderia furar as bolhas sem ter que usar a agressividade do dedo indicador, como fazem as crianças.
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