Juro do cheque especial é o maior
em cinco meses
Veículo: Jornal da Tarde Data: 27/05/10
ECONOMIA
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Taxa atingiu, em abril, 161,3% ao ano.A alta está ligada à perspectiva de subida da inadimplência
Os juros do cheque especial voltaram a subir. A taxa anualizada da modalidade marcou 161,3% em abril, maior valor em cinco meses, segundo dados mais recentes do Banco Central.
O economista Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, afirma que o movimento detectado pela autoridade monetária é fruto de uma preocupação com a inadimplência, que deve voltar a subir.
Segundo Grisi, o nível de endividamento das famílias com renda até R$ 1,2 mil, ultrapassou a 30% do orçamento mensal. “A inadimplência deve subir nos próximos meses, por isso os bancos já estão se protegendo de perdas futuras”, afirma.
Ele acredita que até o final de 2010, a inadimplência para a pessoa física aumente até um ponto e meio porcentual que, na comparação com abril, elevaria a taxa a 8,3%. O economista desaconselha que famílias com rendimento até R$ 1,2 mil comprometam mais de 20% dos ganhos com prestações. Apesar da projeção de Grisi, os números do Banco Central seguem apontando queda na inadimplência das pessoas físicas. Em abril, o calote fechou em 6,8%, mantendo trajetória de queda iniciada junho de 2009.
De acordo com o levantamento do Banco Central, divulgado ontem, os juros do empréstimo pessoal também apresentaram ligeira alta em abril, enquanto a taxa para financiamento de automóveis manteve-se no mesmo patamar de março (veja quadro).
José Roberto Kassai, professor de economia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), atribui o aumento da taxa média do cheque especial à alta da Selic, a taxa básica de juros da economia, elevada de 8,75% ao ano para 9,5% ao ano no final de abril pelo Banco Central. “É uma linha de maior risco, e os efeitos de aumentos da Selic são quase que imediatos”, afirmou.
Na opinião de Kassai, as taxas de juros do cheque especial devem permanecer em ascensão por conta das expectativas de novos aumentos da Selic. Mesmo com as elevações, o spread para pessoa física – diferença entre o s juros pagos pelo banco para captar dinheiro e o cobrado dos clientes nos empréstimos – recuou para 29,5 pontos porcentuais no mês passado, o nível mais baixo da série desde julho de 1994, quando o levantamento teve início. |
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