Risco do Brasil se aproxima de economias
mais avançadas
Veículo:
Brasil Econômico On line - Data: 29/09/11 17:08
Felipe Peroni
(fperoni@brasileconomico.com.br)
"O
fato do real estar se desvalorizando em relação ao dólar não pode nos
iludir",
alerta Celso Grisi.
Nível do seguro contra calote da dívida
soberana do Brasil encontra-se em situação mais confortável do que países como
a Bélgica.
Com a
piora dos indicadores fiscais dos países desenvolvidos, o mercado financeiro
internacional atribui um risco menor ao Brasil na comparação com países que
recebem uma classificação superior das agências de avaliação de risco.
Essa
é a conclusão do Banco Central disponível no Relatório Trimestral de Inflação
divulgado nesta quinta-feira (29/9).
A
evolução do superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida
pública) e o aumento das reservas internacionais são os fatores apontados para
essa melhora.
"O
Brasil tem hoje uma reserva fantástica, e isso nos dá um colchão para pagamento
de dívida externa", diz Celso Grisi, presidente do instituto de pesquisas
Fractal.
Segundo
o BC, as reservas internacionais ultrapassam US$ 350 bilhões. "Devemos
lembrar que isso tem um custo, pagamos em reais para manter essas
reservas", adverte Grisi.
Na
análise do BC, as reservas garantiriam ainda uma melhora da dívida pública no
caso de uma crise. O motivo é a depreciação cambial.
O
fortalecimento do dólar, comum em crises, aumentaria o valor das reservas
internacionais do BC, o que reduz o endividamento líquido.
O
documento diz que "a depreciação cambial, ao contrário do ocorrido em
crises anteriores, determinou redução da dívida líquida do setor público sobre
o PIB".
"Não
podemos fazer comparação com flutuações de curto prazo", ressalta Grisi.
"O dólar está em desvalorização em relação a outras moedas, e isso prejudica
as nossas reservas", ressalta.
"O
fato do real estar se desvalorizando em relação ao dólar não pode nos
iludir", afirma.
CDS
Ainda
assim, a avaliação do mercado mundial de crédito é favorável. O BC aponta que
entre o final de 2008, auge da crise financeira, e agosto de 2011, os CDS
recuaram 53%, para 142 pontos-base.
Em
agosto, no auge da desconfiança dos mercados com as economias mais avançadas,
os CDS da Bélgica ultrapassavam os 200 pontos-base.
Os
CDS são contratos utilizados por investidores como uma espécie de seguros
contra calotes nas dívidas de governos e empresas. Um aumento de 100 pontos
base equivale a uma elevação de 1 ponto percentual no valor cobrado como seguro
de uma dívida de cinco anos do país. Na prática, o CDS indica o nível de acesso
que um país tem ao crédito no exterior.
"Os
capitais internacionais assustados pelas instabilidades colocam os emergentes
num saco só", diz Grisi. "No Brasil, com a condição da economia, não
há razão para pânico."
Segundo
dados da consultoria CMA, os CDS brasileiros estão atualmente em 185,79
pontos-base, o que representa uma probabilidade de calote de 12,75%.
O
número é similar a outros emergentes, como a China, cujo CDS está em 182,82
pontos, e não fica muito distante de economias como a Alemanha, com um CDS de
106,51 pontos, ou a Holanda (105,67 pontos).
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