Não é banda. Não é flutuante. É limitante.
O Banco Nacional Suíço resolveu rápido a questão, com uma
intervenção incisiva. Introduziu um limite mínimo para a taxa de câmbio do
franco suíço tomando por base o euro. Agora o limite será 1 euro = 1,20 francos.
A Suíça não quer sua moeda ainda mais a apreciada para manter sua
competitividade e evitando corridas cambiais em sua direção. Trata-se de
intervenção com o objetivo de evitar a paridade com o euro. Em agosto a moeda local
havia alcançado € 1,045, muito aquém de sua média de €1,5 20, desde a criação do euro.
Moeda-refúgio sofre desses males. Sofre valorizações
excessivas em tempos de incertezas elevadas e leva o país a riscos elevados de
recessão e deflação. Aí entra o Banco Central entra em campo. Mas ele tem que
estar pronto para comprar moeda estrangeira em quantidades ilimitadas. Isso
pode levar o BNS a perdas consideráveis no seu papel de “banca” dessa mesa de
jogo.
O dilema suíço está colocado entre dois riscos. De um lado,
se a moeda continua se apreciar, as exportações suíças estão inviabilizadas e,
como se sabe, as exportações são a grande vertente do crescimento do país. De
outro, as perdas incorridas para manter a cotação de sua moeda próxima da média
históricas desagrada os investidores privados e os cantões, cujos recursos estão
na posse do BNS. Reservas cambiais têm custos elevados e impõem renúncias aos seus
investidores.
Finalmente, um exercício acadêmico de natureza preditiva
pode ajudar a entender algumas conseqüências possíveis. Para onde drenarão os
recursos que buscam refúgios? Para a China, apreciando o Yuan? Provável que
sim. Para onde mais? Para o iene? Para o real? Para o ouro? Também muito
provável que sim.
Então, todos esses países e moedas que servem de refúgios
tenderão a utilizar instrumentos cambiais semelhantes. A guerra cambial se
intensificaria, anulando o esforço pelo livre comércio.
É um novo momento, com tendências divergentes àquelas
praticadas anteriormente a 2008. Doha não evoluiria e a OMC teria seu papel
mais uma vez reduzido na busca para as reduções das tarifas do comércio mundial.
Instala-se um neo protecionismo, antigo e conhecido na história econômica.
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