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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Para que lado?

A Ata do Copom precisa ser
um guia para as decisões.
A Ata do Copom pode dar sinais mais claros daquilo que as autoridades econômicas estão preparando para a política monetária nos próximos períodos. Chegamos aos 7,5% na taxa de juros básica. Basta, ou não?

Para decidir sobre isso, seria necessário conhecer o comportamento futuro dos preços da economia nacional.
A inflação já começa a refletir as altas do milho, soja, trigo, etc. Com franqueza, a redução da produção da carne de suínos e de aves, como consequência da alta das rações, dará ensejo a elevações da carne dos bovinos e de outras fontes proteicas. O leite deve acompanhar essa alta e, por consequência, os lácteos todos devem subir também. A chamada inflação de custo chegará breve á mesa do consumidor brasileiro.
Animado pelos preços, o produtor agrícola resolveu plantar mais e com maior produtividade. Significa dizer que está aumentando o consumo de fertilizantes e defensivos agrícolas. Máquinas e implementos também estarão sendo mais consumidos a partir de agora. Os preços de todos esses insumos agrícolas, bem como os itens de investimentos, estão em movimento.
Do lado da demanda, a inflação não pretende dar folga. Os aumentos de renda real e o nível de emprego darão folego à recuperação. Seja ela maior ou menor, o fato é que nessa altura dos acontecimentos, qualquer que seja o ritmo da expansão esperada, a pressão sobre os preços deverá aumentar.
Essas circunstâncias são os grandes limitadores de novas reduções na Selic e seria necessária a permanência do estado hibernatório do PIB brasileiro para que o Banco Central achasse espaço para mais uma queda de, no máximo, 0,25%.
Entretanto, a recuperação pode não se dar e, mesmo com a renda real mais forte e mercado de trabalho garantindo novas vagas, o crédito pode atrapalhar o crescimento, somando-se à inadimplência e ao endividamento, para barrar os avanços do PIB. Nesse caso, o governo pode ensaiar um novo movimento.
As autoridades não entenderam, ou ainda melhor, não aceitaram esses limites impostos pelos preços, o comunicado da última reunião foi dúbio. Deu a entender que o ciclo de flexibilização monetária foi encerrado, mas acrescentou, no sentido contrário, que se a economia não der sinais mais robustos de recuperação, haveria condições de seguir reduzindo a Selic, em ritmo mais lento.
Definitivamente, a previsibilidade para os agentes econômicos não parece ser o forte desse governo. Outro período de imobilismo decisório pode ser inaugurado se a Ata que deve sair essa semana não for mais clara e não manifestar opiniões mais incisivas sobre a política monetária nacional.

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