A
Ata do Copom precisa ser
um guia para as decisões.
A
Ata do Copom pode dar sinais mais claros daquilo que as autoridades econômicas
estão preparando para a política monetária nos próximos períodos. Chegamos aos
7,5% na taxa de juros básica. Basta, ou não?
Para decidir sobre isso, seria
necessário conhecer o comportamento futuro dos preços da economia nacional.
A
inflação já começa a refletir as altas do milho, soja, trigo, etc. Com
franqueza, a redução da produção da carne de suínos e de aves, como
consequência da alta das rações, dará ensejo a elevações da carne dos bovinos e
de outras fontes proteicas. O leite deve acompanhar essa alta e, por
consequência, os lácteos todos devem subir também. A chamada inflação de custo
chegará breve á mesa do consumidor brasileiro.
Animado
pelos preços, o produtor agrícola resolveu plantar mais e com maior
produtividade. Significa dizer que está aumentando o consumo de fertilizantes e
defensivos agrícolas. Máquinas e implementos também estarão sendo mais
consumidos a partir de agora. Os preços de todos esses insumos agrícolas, bem
como os itens de investimentos, estão em movimento.
Do
lado da demanda, a inflação não pretende dar folga. Os aumentos de renda real e
o nível de emprego darão folego à recuperação. Seja ela maior ou menor, o fato
é que nessa altura dos acontecimentos, qualquer que seja o ritmo da expansão
esperada, a pressão sobre os preços deverá aumentar.
Essas
circunstâncias são os grandes limitadores de novas reduções na Selic e seria necessária
a permanência do estado hibernatório do PIB brasileiro para que o Banco Central
achasse espaço para mais uma queda de, no máximo, 0,25%.
Entretanto,
a recuperação pode não se dar e, mesmo com a renda real mais forte e mercado de
trabalho garantindo novas vagas, o crédito pode atrapalhar o crescimento, somando-se
à inadimplência e ao endividamento, para barrar os avanços do PIB. Nesse caso,
o governo pode ensaiar um novo movimento.
As
autoridades não entenderam, ou ainda melhor, não aceitaram esses limites
impostos pelos preços, o comunicado da última reunião foi dúbio. Deu a entender
que o ciclo de flexibilização monetária foi encerrado, mas acrescentou, no
sentido contrário, que se a economia não der sinais mais robustos de
recuperação, haveria condições de seguir reduzindo a Selic, em ritmo mais
lento.
Definitivamente,
a previsibilidade para os agentes econômicos não parece ser o forte desse
governo. Outro período de imobilismo decisório pode ser inaugurado se a Ata que
deve sair essa semana não for mais clara e não manifestar opiniões mais
incisivas sobre a política monetária nacional.
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