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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Inflação: uma questão recorrente

Todo país em desenvolvimento corre risco inflacionário, aponta especialista
Veículo: Portal Executivos Financeiros
Data: 12/04/10   -   Por Christiane Aguiar
Com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) estimado em 6% para 2010, economistas do País têm apontado para um cenário de pressão inflacionária, influenciado por fatores como possíveis gargalos entre a demanda e a oferta. Nessas condições, o Governo poderia ter mais dificuldades para manter a inflação no centro da meta prevista para este ano, que ficaria em 4,5%.
No entanto, para Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto Fractal e professor titular da FEA-USP, esses riscos estão presentes “em qualquer país que esteja em desenvolvimento”.
Grisi explica que a expansão do mercado interno gera o risco porque a demanda passa a crescer mais que a oferta. “Quando a demanda é maior que a oferta, a alternativa é ajustar isso por meio do preço. Nessa hora, o governo passa a agir buscando alternativas que mudem essa tendência”, afirma.
Na última semana, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central (BC), sinalizou que a inflação surge principalmente no momento em que os “agentes econômicos consideram positiva essa diferença entre demanda e oferta”. O dirigente do BC afirma que a pressão inflacionária nesse momento é arriscada uma vez que as empresas estão planejando seus investimentos.
Entre as alternativas apontadas por Grisi para reverter o cenário, estão a alta da taxa básica de juros (Selic), a contenção do crédito ao consumidor e uma reforma na política fiscal.
Aguardando uma elevação da Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, o mercado prevê que a taxa deve sofrer uma alteração entre 0,50 ponto percentual e 0,75 p.p. Com a elevação, além de estimular o investimento, o governo controlaria o consumo da população. No caso da contenção do crédito ao consumidor, Grisi explica que, apesar de ajudar a reduzir o risco inflacionário, a medida também “inibe o crescimento da oferta de emprego”.
Acreditando que não existe motivo para “antecipar” uma crise fiscal, o diretor-presidente do Instituto Fractal diz que uma reforma na política fiscal com o objetivo de reduzir os gastos públicos, também poderia reduzir os riscos inflacionários. “Com isso o governo injetaria menos dinheiro na economia e diminuiria a liquidez. Mas isso não deve acontecer em ano eleitoral”, afirma.
Grisi acredita que o governo está se antecipando para evitar um cenário de crise, analisando possíveis cortes nos gastos e tentando manter seus padrões de endividamento perto dos “níveis aceitáveis”. “Não vejo razão pra antecipar esse cenário. Nossa divida ainda é uma das menores do mundo, nosso déficit também. Os gastos ainda são excessivos, mas a arrecadação tem crescido, por isso não há razão para imaginar uma crise próxima”, conclui.

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