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terça-feira, 6 de abril de 2010

Terra à vista

Brasil e Estados Unidos estão
perto de acordo
Veículo: DCI   -   Data: 05/04   -   Karina Nappi
http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=7&id_noticia=322944&editoria=
SÃO PAULO - Delegação norte-americana comandada pela vice-representante de Comércio da Casa Branca, Miriam Sapiro, tenta entrar em acordo com o Brasil para que na quarta-feira, dia 7, o País não inicie a retaliação a produtos norte-americanos autorizada pela Organização Mundial de Comércio (OMC).

Na quinta-feira foi realizada a primeira rodada de negociações, na busca de uma alternativa às retaliações comerciais impostas pelo Brasil, em resposta aos subsídios concedidos a produtores e exportadores norte-americanos de algodão. Os representantes do governo brasileiro são o secretário das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e membros dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Agricultura e da Casa Civil.
Para o diretor da Fractal, Celso Grisi, os Estados Unidos vieram preparados para negociar com os representantes do governo brasileiro, uma vez que a retaliação irá prejudicar não somente o setor agrícola do país, mas outros setores de extrema importância, como biotecnologia e medicina.
"A negociação vai harmonizar as relações. Os norte-americanos não podem perder o direito a suas patentes e suas tecnologias: para eles, é perder o posto de pioneiros, não vai acontecer. Fato é que a proposta será dentro do setor agrícola, uma vez que outros setores não têm ligação com a reclamação ou autorização de retaliar. Além disso, se o Brasil endurecer, poderá iniciar uma batalha mundial de retaliações: outros países desenvolvidos terão receio de sofrer a mesma resolução dada ao Brasil contra os Estados Unidos pela OMC e podem voltar este medo contra o País", disse.
De acordo com Grisi, a melhor forma de chegar a um acordo seria com uma proposta criativa e que não deixasse nenhum dos dois países como perdedores.
"Os representantes terão uma forma criativa de rever esse impasse. Vão oferecer estrutura e mão de obra qualificada para iniciar pesquisa conjunta no setor de cotonicultura [cultivo de algodão], ou fazer um aporte de conhecimentos na área de genética para aperfeiçoar sementes e variedades agrícolas. Além disso, irão retaliar produtos insignificantes para o comércio bilateral, demonstrando que o Brasil também conseguiu fazer o que foi determinado", pontuou Grisi.
O diretor da Fractal completa que, mesmo com as negociações, o valor do acordo será menor do que o determinado pela OMC para a retaliação.
Representantes de ambos os lados recusaram-se a confirmar se os Estados Unidos haviam apresentado uma oferta ao governo brasileiro, limitando-se a dizer que estão "em um diálogo construtivo."
Caso não haja consenso entre os representantes, no próximo dia 7, o Brasil inicia as retaliações sobre 102 produtos americanos, que sofrerão acrescimento de 100% na alíquota do imposto de importação, escolhidos pela Câmara de Comércio (Camex), após opinião de empresários brasileiros. Uma segunda etapa da retaliação virá na forma de suspensão de direitos de propriedade intelectual, cujo período de consulta pública se encerra hoje.
A indústria de defensivos entregará à Camex documento no qual se posiciona contra a retaliação cruzada, nos itens que preveem a quebra de patente de produtos químicos agrícolas, propriedade intelectual e royalties, segundo fonte ligada ao setor.
A avaliação da indústria é de que este tipo de retaliação provocará prejuízos ao setor, uma vez que a retaliação pode atingir empresas com sede ou com unidades instaladas nos Estados Unidos, o que afetaria as multinacionais do segmento.
Dos 21 itens passíveis de retaliação cruzada, o documento aponta cinco itens que poderão ter impacto negativo sobre a agropecuária brasileira. Dentre eles estão os itens 2, 7 e 12, que tratam da quebra de patentes de produtos ou processos relativos aos produtos químicos agrícolas.
Balança comercial
No mês de março a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 668 milhões, proveniente das exportações de US$ 15,727 bilhões (média diária de US$ 683,8 milhões) e importações de US$ 15,059 bilhões (média diária de 654,7 milhões). A corrente de comércio totalizou US$ 30,786 bilhões.
As exportações apresentaram crescimento de 27,4% sobre os embarques médios diários registrados no mesmo mês de 2009 (US$ 536,8 milhões). Em relação a fevereiro deste ano (US$ 677,6 milhões), as vendas brasileiras tiveram crescimento de 0,9%.
As importações, na mesma comparação, evoluíram 43,3% em relação a março do ano passado (US$ 457 milhões), mas sobre fevereiro último (US$ 655,7 milhões) houve queda de 0,1%.
A média diária do superávit comercial registrado em março (US$ 29 milhões) foi 63,6% menor que o verificado em março do ano passado, quando a média diária chegou a US$ 79,8 milhões. Em relação a fevereiro deste ano (US$ 21,9 milhões), foi observado crescimento de 32,7%.
A corrente de comércio cresceu 34,7% em relação a março do ano passado.
Nos primeiros três meses de 2010, os embarques brasileiros para mercados estrangeiros acumularam US$ 39,229 bilhões, com média diária de US$ 643,1 milhões. Esse desempenho foi 25,8% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
As importações totalizaram, no mesmo período, US$ 38,334 bilhões, a uma média diária de US$ 628,4 milhões, valor 36% superior ao verificado no mesmo período do ano passado.
O saldo comercial, no acumulado do ano, chegou a US$ 895 milhões. Houve queda de 70% na comparação com o mesmo período de 2009 (US$ 49 milhões).

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