Captação ameaça o lucro
dos bancos médios
José Guerrados bancos médios
Os resultados dos bancos médios no terceiro trimestre do ano devem, de forma geral, ficar abaixo dos lucros do mesmo período de 2008 e bem parecidos com os do segundo trimestre. Segundo especialistas ouvidos pelo DCI, esses bancos ainda estão sofrendo com custos de captação altos e devem mostrar degradação em rentabilidade e lucratividade.
Para o diretor-executivo do Fractal Instituto de Pesquisa, Celso Grisi, essas instituições de menor porte devem mostrar uma carteira com maior nível de degradação. "Os bancos médios perderam volumes e competitividade em preços", diz. Para ele, essas instituições não têm como captar de forma competitiva e nem capilaridade para ofertar crédito de forma competitiva, o que acaba levando a um empréstimo caro. "Um certificado de depósito bancário dessas instituições tem de remunerar bem para vender, ou então o investidor procura uma instituição maior, mais confiável". Ele acredita em perda de competitividade e rentabilidade nessas instituições. "Elas possuem uma capacidade de funding inferior à dos grandes, o que provoca um custo maior no crédito", analisa .
Além disso, para Grisi, os médios estão "emparedados". "Com a atual taxa Selic, de 8,75%, esses bancos ainda conseguem se manter. Em um longo prazo, no entanto, à medida que essas taxas forem apertando, a rentabilidade irá diminuir."
Para o executivo, esses bancos devem se tornar cada vez mais especializados em seus respectivos nichos. "Um médio precisará eleger um segmento e mergulhar nele, se especializar. Um mais elaborado, com maior competência de estruturação de operações deverá correr para o corporate. Outros vão para a pessoa física. Com uma segmentação forte, terão uma estrutura muito adaptada para isso e poderão concorrer melhor". Ainda assim, continua ele, vão sofrer muita concorrência dos grandes, que já montaram estruturas especializadas para atendimentos desses segmentos e têm custos melhores. "Vai ser muito difícil se manter como banco médio", completa.
Grisi acredita que por isso ainda haja espaço para consolidação bancária no País. "Essas instituições terão que correr para uma situação de fusão, parceria ou serem vendidos", acredita.
Nesse cenário, o executivo imagina que, à medida que bancos dos Estados Unidos e da União Européia se recuperem, possam se expandir no País, através dessas instituições de menor porte. "Imagino um processo de consolidação que deixe o Brasil com cerca de 8 grandes bancos, pensando em expansão além do território nacional", prevê.
Grisi acredita que haverá uma defasagem na estabilização dos índices de calote. "Os médios trabalham com um perfil de cliente mais degradado. Foram os primeiros a sofrer com inadimplência e serão os últimos a sair", acredita o diretor do instituto de pesquisas.Para ele, esse período deverá ser de aproximadamente dois meses de atraso, em relação às grandes instituições, para conseguir uma estabilidade nos índices de inadimplência.
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