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terça-feira, 24 de novembro de 2009

TI: o campo da discórdia e das inovações concentradoras

Fusões, aquisições  e outras confusões
É hora de rever as regras. Vejam os acontecimentos de uma única semana:
1) A Comissão Europeia aumento o prazo, em mais sete dias, para que a Oracle apresente recurso para obtenção de autorização para a da Sun Microsystems, por US$ 7,4 bilhões. O recurso deve conter argumentos que demonstrem, de forma muito cabal, que essa aquisção não comprometeria as condições de competição no mercado de banco de dados. Trabalho para profissionais.
2) Agora a News Corp. recua. Anuncia que não vai mais retirar suas notícias das páginas de busca do Google. Ao contrário, afirma que planeja colocar o conteúdo de seus jornais nos sites da Microsoft. O que não se sabe é se o conteúdo não jornalístico, como o do canal de televisão Fox ou da rede social MySpace, serão disponibilizados para o Google. Indecisões à parte, se não anunciar, não é preciso recuar depois.
3) O site de leilões eBay vendeu 70% das ações do Skype, por US$ 2,02 bilhões. O eBay afirmou que receberá US$ 1,9 bilhão à vista e um tradicional "papagaio" no valor de US$ 125 milhões, cujo prazo de vencimento não foi esclarecido. Mercadinho animado, não?
4) A Ciena leva, com lance de US$ 769 milhões, os ativos de redes ópticas e carrier Ethernet da Nortel. A proposta da Ciena foi de US$ 530 milhões em dinheiro e US$ 239 em títulos conversíveis. O negócio carece de aprovação dos órgãos reguladores dos Estados Unidos e Canadá. Durante esse período, comprador e vendedor terão que correr atrás das concordâncias do judiciário francês e israelenses e das instâncias administrativas envolvidas na regulação sobre direito da concorrência. Outra vêz, serviço só para profissionais.
5) E não acabou. A Ericsson, para concorrer com os chineses, recorre à agência sueca de crédito à exportação, braço financeiro do governo, que financiou as compras da operadora russa MTS, em US$ 1 bilhão. As vendas da concorrência sempre foram apoiadas por bancos chineses. Para concorrer a Ericsson teve que operar com um banco atrás.Trata-se de uma venda de equipamentos de rede móvel financiado.
6) A Motorola  compra a divisão de tecnologia iDEN, desenvolvida por ela própria e que no Brasil é utilizada pela Nextel, da RadioFrame. Os valores da transação não são conhecidos.
7) Continuando, Motorola, de novo, anuncia que os ativos adquiridos junto à RadioFrame serão integrados à sua unidade de negócios Home & Networks Mobility. Ou seja, mais uma aquisição, essa com o objetivo de fortalecer sua capacidade operacional.
A questão é saber como ficará o consumidor final, em um eventual cenário de concentração da infra-estrutura e da oligopolização extremada da tecnologia. A história econômica tem nos mostrado que isso não acaba bem. Cuidado porque, no andar dessa carruagem, na proteção dos interesses sociais, tecnologia vai ter que virar "patrimônio da humanidade". Ou o mundo será apenas de alguns. Olha aí que alguém decide tombar esse patrimônio. São 7 negócios, nada desprezíveis, em cinco dias. Que assusta, assusta.

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