E o governo federal avisa a todos:
não quero dólares por aqui.
Está claro
que entrando tanto dólar no país, o real se valoriza. Não é a primeira vez que
isso acontece no mundo. As formas de trabalhar com esse problema são muitas. Ficam,
de modo geral, associadas ao estabelecimento de controles quantitativos para
entrada ou saídas de divisas por meio de impostos, limites de flutuações (ora
superiores, ora inferiores) e confiscos. Todas a medidas ficam restritas no âmbito da política monetária.O caso atual
parece sui generis. O mundo em crise
pratica juros zero, ou próximo disto, enquanto aqui a Selic ainda é muito alta.
E continuará assim, pois mesmo que o juro real caia, ainda continuará entre os
mais altos do mundo.não quero dólares por aqui.
Que fazem as grandes empresas e intermediários financeiros? Buscam caminhões de dólares no exterior, com custos atraentes, e os internalizam no Brasil, onde receberão elevadas remunerações pelos dólares trazidos ao país.
Um
comerciante que me ouvia, dono de pequena padaria perguntou: “E se tiverem que
ficar 3 anos com esses capitais por aqui, que diferença isso faz? Isso só
vai fazer os homens ganhar durante mais um ano”. E
continuou: ”Será que a minha padaria não poderia captar esse
dinheiro lá no exterior”. Pensei comigo: agora complicou! E respondi de forma
lacônica: é muito difícil para você. E ele retrucou: “Por quê? E o esse povo
que pega o dinheiro lá, passe pra gente mais barato”?
Respondi, não
dá. Quem paga esse juros tão alto aqui dentro é o governo brasileiro e como ele
não pode baixar mais os juros do que vem baixando, esses recursos captados lá fora
encontram uma remuneração alta em aplicações de risco baixo, junto ao governo
federal. O que o ministro Mantega está tentando fazer é aumentar o custo do
dinheiro internacional para quem for captar lá fora. Assim, o dólar não entra e
o real não se aprecia, favorecendo nossas exportações e impedindo um volume tão
grande de importações.
O empresário,
então me questionou: “Jeito ruim, esse. Se nós exportarmos vai vir mais dólares para o Brasil e
vai valorizar a moeda nacional do mesmo jeito. Quer dizer, o governo não quer que entre
dinheiro no país? Coisa de louco, sô! E na China, que entra tanto dinheiro e que eles exportam muito, por que o dólar não se desvaloriza?”.
Antes de me permitir responder, concluiu: “sua lógica não tá boa não, professor. Vai ver
que foi por isso que o Bresser Pereira tá propondo um imposto sobre as
exportações de commodities.”
Isso mesmo,
respondi. O ex-ministro estava pensando em capturar parte desse dinheiro para o
governo e assim, bem guardado no cofre do Tesouro nacional, o dólar não entraria
em circulação e, portanto, não pressionaria o real. O empresário riu, deu de
ombros e arrematou: “ele vai guardar esse dinheiro lá, em Brasília?. Professor,
desculpe perguntar, mas onde é que o senhor estudou?”.
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