No Brasil, o crédito entrou na farra do boi
Um dos
rituais mais selvagens envolvendo crueldade contra animais é a Farra do Boi. Com rara criatividade, o Banco Central transforma a farra do boi em Farra do Crédito, sem se penalizar com o consumidor e os maus tratos a ele impostos. E vamos que vamos. A receita heterodoxa manda ampliar o crédito, mesmo com alta inadimplência. Tudo pelo crscimento.Vejamos as notícias do Bacen:
1)- A taxa média de juros no crédito livre do mês de agosto era de 30,1% ao ano. Recuou, em setembro, para 29,9% ao ano. Isso lá é recuo?
Comemora-se
agora o sétimo mês consecutivo de queda na taxa média de juros, atingindo o menor nível da série histórica iniciada em 2000.
2)-
Entretanto, para a pessoa física, o Banco Central informou que a taxa média de juros subiu de 35,6% ao ano em
agosto, para 35,8% ao ano, no mês de setembro. Francamente, a variação é muito
pequena e pode ser incluída entre os erros de medidas. Portanto, dizer que
subiu é uma temeridade. Melhor seria dizer que apenas estabilizou-se.
3)- Para
as pessoas jurídicas, o juros médios cederam, passando de 23,1% para 22,6%
anuais, no mesmo período. Isso sim, foi muito bom e não impulsiona a inflação.
4)- Para
as pessoas físicas, o recuo se deu apenas no cheque especial, (148,6% ao ano
em agosto, para 147,6% ao ano, em setembro). Que significado tem essa queda, quando a Selic está em 7,25% ao ano. Já no crédito para veículos, o aumento foi de
20,5% para 20,9% anuais, na mesma base de comparação. Portanto, é melhor
admitir que as altas representem a ampliação da demanda dos bens financiados que, por sua vez,
pressiona as taxas para cima.
5)- A inadimplência
média do crédito livre se manteve em 5,9% em setembro. É o terceiro mês seguido
de estabilidade, mostrando que causa de tanta inadimplência é maior que os estímulos concedidos pelo governo.
6)- A
inadimplência para pessoa física também ficou estável, em 7,9% pelo terceiro
mês. Mesmo depois de tantas reduções nas taxas Selic, de tantas renegociações, de tanto crescimento da renda reeal. Tudo em vão?
7)- Para
pessoa jurídica, o indicador apresentou–se em queda também irrelevante de, de 4,1% para 4,0%. Aqui sim, a notícia é boa.
8)- Altas
na inadimplência se deram nas linhas para aquisição de veículos, de forma
irrelevante, de 5,9% para 6,0%, e na de crédito pessoal, de maneira expressiva,
de 4,6% para 4,9%.
9)- No
crédito para aquisição de outros bens o indicador ficou estável em horrorosos 7,4%.
10)- No
cheque especial, a inadimplência continuou arrepiando em espantosos 12,2%.
Não há como permitir expansão no crédito com tanta inadimplência e não há como admitir que as taxas de juros se mantenham elevadas ao cosunumidor, sem entender que a demanda está maior que a oferta. A farra do crédito detona o consumidor e é uma ameaça concreta à inflação.
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