Brincando com a inflação
O indicador da FGV sobre os Custos
da Construção – Mercado, conhecido pela sigla INCC-M, apresentou alta de 0,24%,
em outubro. No mês de setembro, havia registrado um avanço menor, de
0,21%. O resultado dos últimos dois meses é muito bom e deixa uma enganosa ideia
sobre sua contribuição à inflação nacional. Visto nesse curto horizonte
temporal, podemos concluir que seu bom desempenho, exclui os custos da
construção como responsáveis pelas atuais pressões inflacionárias. No ano, entretanto,
o indicador apresentou-se mal comportado, com variação positiva de
6,68%. Pior ainda, será olhá-lo nos últimos 12 meses: 7,59%. Esse resultado
horroroso vem dos financiamentos excessivos ao setor e que se prestam à formação de bolhas, mas que serão tolerados prol do esperado aumento do crescimento
nacional. Doce ilusão.
Nesse
sentido, o Banco Central do Brasil anuncia orgulhoso o aumento do estoque de
crédito em setembro, quando comparado ao mês anterior. O estoque das operações creditícias avançou nesse período 1,1%, alcançando aos R$ 2,2 trilhões. Deus, que falta de juízo!
Apenas
para requentar alguns fatos recentes sobre a oferta de moeda na economia nacional.
O Banco Central liberou recentemente R$ 30 bilhões em depósitos compulsórios.
As grandes empresas brasileiras captaram U$ 40 bilhões no exterior. Os fundos
especializados em América Latina trouxeram ao país, na semana passada, mais US$
370 milhões, enquanto o IED já atingiu os US$ 66 bilhões, até agora. Vai sobrar
moeda e isso quer dizer inflação à vista.
A
carteira para pessoas físicas cresceu 0,9%. A de empresas, 1,3%. No terceiro
trimestre, os estoques totais subiram 3,2% e representam agora 51,5% do PIB em
setembro. Em agosto, representavam 51,2%. Considerada a base monetária nacional,
a expansão é de 4,3% em setembro em comparação a agosto, atingindo R$ 205,5 bilhões,
que corresponde a um crescimento de 11,5% nos últimos 12 meses.
Sem
dúvida, a política monetária está para além de agressiva e pede correções imediatas.
Mas, a preocupação com o crescimento tornou-se dominante na construção de
políticas contracíclicas. Começo a ficar assustado, pois o arrojo está tomando
o lugar do bom senso. E lembro que inflação é como maionese: depois que desanda,
não há quem segure!
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