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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Precipitação e imprudência na decisão do Copom

O Bacen começa a perder o pé

O FMI avisou sobre os riscos que as economias emergentes correm depois de seus esforços contracíclicos. Os analistas já perceberam a redução do superávit primário e as últimas providências contábeis para mascará-lo. A inflação já voltou e de forma generalizada. Não foram só os preços dos alimentos que subiram, mas um percentual enorme dos itens e sub itens do IPCA mostrou altas expressivas.
Isso quer dizer que a demanda voltou a crescer. A inadimplência das pessoas físicas recuou em setembro 1,9%, em relação a agosto, abrindo espaço adicional para o crescimento do consumo. A oferta de crédito é abundante e barata.
Estava tudo certo e seria prudente não mexer na taxa básica de juros da economia para não alimentar a alta de preços recém iniciada. Mas, a necessidade de mostrar a determinação política do governo moveu a decisão. Para segurar a Selic nos 7,5% ,seria necessário entender que medidas contracíclicas apresentam seus efeitos sempre de maneira defasada e cumulativa no tempo. O Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, anunciado ontem, mostra a aceleração dos preços em 0,68% na primeira quadrissemana de outubro, contra 0,55% em setembro.O IGP-M da FGV, em sua primeira prévia de outubro ficou em surpreendentes 0,31%, mas acumulando no ano aumento de 7,42% e de 7,83% nos últimos 12 meses.
Nessa toada, em mais três ou quatro meses, a inflação pode estar apontando para o limite superior do centro da meta. O que fará, então, a autoridade monetária? Subirá a Selic? Isso teria o gosto de derrota. Então, poderia deixar o real se valorizar frente ao dólar, favorecendo as importações para combater a alta dos preços? O gosto seria também de derrota. Poderá evitar gamhos reais da renda das famílias e das pessoas, aliviando o sistema de preços e, por consequência o consumo? Seria politicamente incorreto. Sobra apenas a política fiscal. Será que existe condição política para avançar nesse campo? Pode ser.
Foi imprudente, sem dúvida. Mas, temos que reconhecer a beleza fugaz do gesto. Ele desafia a teoria econômica, o pensamento do FMI e as análises dos investidores que se mostram retraídos e desconfiados em relação às funções duplas do Banco Central brasileiro.

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