O
Bacen começa a perder o pé
O FMI
avisou sobre os riscos que as economias emergentes correm depois de seus esforços
contracíclicos. Os analistas já perceberam a redução do superávit primário e as
últimas providências contábeis para mascará-lo. A inflação já voltou e de forma
generalizada. Não foram só os preços dos alimentos que subiram, mas um percentual enorme
dos itens e sub itens do IPCA mostrou altas expressivas.
Isso
quer dizer que a demanda voltou a crescer. A inadimplência das pessoas físicas
recuou em setembro 1,9%, em relação a agosto, abrindo espaço adicional para o
crescimento do consumo. A oferta de crédito é abundante e barata.
Estava
tudo certo e seria prudente não mexer na taxa básica de juros da economia para
não alimentar a alta de preços recém iniciada. Mas, a necessidade de mostrar a
determinação política do governo moveu a decisão. Para segurar a Selic nos 7,5%
,seria necessário entender que medidas contracíclicas apresentam seus efeitos
sempre de maneira defasada e cumulativa no tempo. O Índice de Preços ao
Consumidor da Fipe, anunciado ontem, mostra a aceleração dos preços em 0,68% na
primeira quadrissemana de outubro, contra 0,55% em setembro.O IGP-M da FGV, em
sua primeira prévia de outubro ficou em surpreendentes 0,31%, mas acumulando no
ano aumento de 7,42% e de 7,83% nos últimos 12 meses.
Nessa
toada, em mais três ou quatro meses, a inflação pode estar apontando para o
limite superior do centro da meta. O que fará, então, a autoridade monetária?
Subirá a Selic? Isso teria o gosto de derrota. Então, poderia deixar o real se
valorizar frente ao dólar, favorecendo as importações para combater a alta dos
preços? O gosto seria também de derrota. Poderá evitar gamhos reais da renda das
famílias e das pessoas, aliviando o sistema de preços e, por consequência o
consumo? Seria politicamente incorreto. Sobra apenas a política fiscal. Será
que existe condição política para avançar nesse campo? Pode ser.
Foi
imprudente, sem dúvida. Mas, temos que reconhecer a beleza fugaz do gesto.
Ele desafia a teoria econômica, o pensamento do FMI e as análises dos
investidores que se mostram retraídos e desconfiados em relação às funções duplas
do Banco Central brasileiro.
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