Um evento que surgiu pequeno na Espanha há 13 anos e chegou ao Brasil em 2007, mostra como o comportamento de uso das mídias vem mudando.
O público nerd, geek e plugado aderiu em massa ao CAMPUS PARTY. Este ano atingiu 7000 participantes, 600 palestras e (evidentemente) 48.000 participantes on line.
Toda essa “Mob Scene”é óbvia para quem está convivendo com as mudanças no mundo on line. O que é inusitado foi a presença de todos os presidenciáveis no evento. Serra, Dilma e Marina compareceram ao evento e esta aparição vai muito além de uma campanha de marketing político. Sabemos que nenhum dos três nunca foi vanguardista em mídias on line e muito menos geek ...(ok,ok, o Serra pode ser uma exceção...)
Entretanto uma análise mais profunda mostra a crescente importância que os atores de todas as mídias dão a busca de palcos na mídia on line. De olho nisso é que os políticos foram ao evento.Para estar no centro das discussões e influenciar os formadores de opinião (termo desgastado, mas como definir um blogueiro e um twitteiro que têm milhares de seguidores??)
Onde poderíamos encontrar maior número de geeks que no CAMPUS PARTY?
Vejam parte do artigo da presidenciável Marina Silva publicado na FSP -1 fev 2010-: “Entendi melhor isso na Campus Party, na última semana, em São Paulo. Quem poderia prever, poucas décadas atrás, a formidável expansão do universo das redes de relacionamento e troca de informação via internet?” E segue: “O que mais me comoveu foi ter reconhecido naqueles jovens o mesmo inconformismo, generosidade e disposição para mudar o mundo que em outras gerações se manifestavam de outras formas.”
Ela também descreve um “batismo digital”, uma espécie de iniciação digital. Trata-se de um evento bastante heterodoxo, a desconferência, onde convidado e plateia estão quase no mesmo nível de protagonismo e a conversa toma o rumo que essa interação permite. Essa descrição da desconferência é fantástica. É este o ponto que faz diferenciar a mídia on line da off line: a destruição da hierarquia entre os usuários da mídia. Ao perceber isso a Marina tomou o Santo Daime virtual. Pode ter sido a conversão de um presidenciável...
Evidente que para muitos dos plugados a presença ( e o "batismo") dos presenciáveis não siginifica nada. Principalmente se estes candidatos não interagirem no mundo virtual (não adianta estar presente fisicamente se não for relevante no mundo virtual). E isso dá trabalho.
Quem criou e mantém um blog ou um microblog sabe que dá mais trabalho que um filho ( e a analogia não é gratuita: Tem que alimenta-lo no mínimo 2 vezes ao dia, compartilhar dúvidas, responder questionamentos ,ser relevante e dentro do possível manter a coerência....)
É sintomático que os presidenciáveis também tenham percebido a importância a WEB.
Colaborou Prof Ramiro Gonçalez
Inteligência de Mercado – FIA USP
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