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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Juros: a nova ameaça?

E se os juros subirem?
Já existe consenso sobre a elevação da taxa básica de juros da economia brasileira. Discute-se, ainda, o valor dessa alta. Ela deverá ter a dose certa para conter a inflação. Isso só é possível saber meses depois. Há sempre um espaço, relativamente extenso, de tempo entre a decisão e o efeito que se busca sobre os preços.
Entretanto, outras conseqüências negativas tendem a ocorrer de imediato. As decisões econômicas, por mais acertadas que sejam, costumam fazer-se acompanhar de aspectos negativos e indesejados. O aumento das taxas de juros provoca o aumento do custo dos empréstimos às pessoas físicas e jurídicas, inibe investimentos, aumenta o custo de oportunidade na vida empresarial, faz subir o custo da dívida pública, atrai investimentos especulativos externos, reacende a cultura do rentismo, prejudica o desenvolvimento do mercado de capitais, etc., etc., etc.
Poderíamos, então, pensar no retorno dos valores liberados de depósitos compulsórios para o Banco Central. Enxugaria a liquidez e traria de volta os mesmos níveis de segurança alcançados sistema financeiro nacional, em períodos anteriores à crise mundial. A nova proposta de política monetária americana, de redução da liquidez antes de promover uma elevação da taxa de juros, tem natureza semelhante. Parece uma idéia plausível e livre tantos estragos à economia.
Vamos imaginar que, mesmo de forma gradual, os R$ 120 bilhões liberados pelo Banco Central para dar liquidez ao sistema financeiro nacional, durante a crise de 2008, fossem trazidos novamente aos cofres do governo, sob forma de compulsório. Certamente isso traria algum impacto no custo dos empréstimos, mas, ainda assim, esse impacto seria muito menos prejudicial que a alta dos juros. Os bancos estão excessivamente líquidos e com boas margens de lucro. A captação, por meio de títulos privados, teve uma razoável queda nesses últimos meses. O mercado externo permanece aberto e ativo para os bancos nacionais e as variações cambiais já não levantam tantos temores, após o teste promovido pelas dívidas européias.
Por outro lado, estamos nos aproximando do final de todos os incentivos concedidos a propósito das políticas anticíclicas. A liquidez tenderia uma redução quase natural. Embora seja realmente grande e, de fato, exija um aumento da taxa Selic, os efeitos negativos podem ser suavizados pelas políticas prévias de enxugamento, que, pelo menos, reduziriam o tamanho da elevação do custo do dinheiro.
Só fico imaginando se nosso governo tivesse mesmo a disposição de reduzir seus gastos. Talvez não fosse necessário sequer mexer com os juros nacionais.

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