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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dólar na gangorra, outra vez

CENÁRIO-2: DÓLAR CAI APÓS 9 ALTAS E BOLSA SOBE COM APETITE AO RISCO
Veículo: Agência Estado     Data: 02/02/10
Jornalista: Taís Fuoco
Após marcar nove sessões seguidas de alta, o dólar inverteu o rumo neste primeiro pregão de fevereiro, para encerrar em queda firme no balcão, a R$ 1,859. O movimento esteve alinhado ao comportamento da moeda no exterior, diante da volta do apetite pelo risco a partir de indicadores favoráveis da indústria nos EUA, Zona do Euro, Reino Unido e China, que deram força ao euro, às ações e às commodities. Também contribuiu para a apreciação do real um relatório do Goldman Sachs recomendando a venda de dólares para a compra da divisa brasileira, que o banco considera estar em um patamar abaixo do que o potencial da economia aponta. A Bovespa, ressentida nos últimos dias da ausência dos investidores estrangeiros, hoje viu a volta destes players na ponta de compra, denunciada especialmente pela valorização de mais de 3% nos papéis da Vale. Assim, a bolsa brasileira conseguiu avançar para além dos 66 mil pontos, acompanhando também o bom humor em Nova York.
CÂMBIO
O dólar iniciou fevereiro devolvendo parte dos ganhos acumulados no mercado doméstico em janeiro, quando subiu em 17 dos 20 pregões, amparado pelo acirramento da aversão ao risco. Neste primeiro dia do mês, entretanto, a moeda caiu ante o real diante de um cenário mais animador nos mercados internacionais.
Além das notícias internacionais, outro ponto a favor do real nesta segunda-feira foi um relatório do Goldman Sachs recomendando a moeda brasileira. Segundo a agência Dow Jones, o Goldman recomendou hoje aos investidores substituírem seus dólares por reais afirmando que a divisa nacional está sendo negociada hoje a um valor 10% menor do que estava no início do ano, apesar do crescimento do País permanecer forte e acelerado.
Nos EUA, o índice dos gerentes de compra (PMI) sobre a atividade industrial em dezembro acima do previsto impulsionou a alta das bolsas em Nova York, assim como a renda pessoal dos consumidores no último mês do ano.
Perto das 18h10, o índice Dow Jones tinha alta de 0,96%, enquanto o S&P 500 avançava 1,12% e a bolsa eletrônica Nasdaq tinha ganhos de 0,86%.
Como avaliou Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, não se vê fluxo importante no mercado doméstico de câmbio dos últimos dias e basicamente duas variáveis estão dando o tom à moeda: a recuperação global, especialmente de nações como China e Estados Unidos, e, localmente, a postura do Banco Central em relação à moeda. "Há uma sinalização de que o BC agirá de forma diferente este ano", afirmou a economista.
Sinais dados por autoridades brasileiras no encontro em Davos, na semana passada, passaram a impressão aos operadores de que o governo não tomará medidas para o câmbio e pode até deixar a moeda americana se valorizar mais. Além disso, o Banco Central determinou a obrigatoriedade de registro das operações de proteção (hedge) realizadas no mercado interno e no mercado externo, respectivamente, com instituições financeiras e bolsas, em uma tentativa de coibir especulações e exposições inadequadas ao risco.
Ainda não se sabe, entretanto, se haverá mudança efetiva nas práticas de compra de moeda no mercado à vista para reforçar as reservas internacionais brasileiras. Hoje, a autoridade monetária adquiriu moeda no mercado à vista em leilão encerrado às 15h02, fixando a taxa de corte em R$ 1,8652.
Na opinião de Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal e professor da Universidade de São Paulo, "a tendência do dólar ainda é de alta", na medida em que a economia americana se recupere. Para ele, as preocupações fiscais com países da Europa como Grécia, Espanha e até a França "trazem razões de sobra para derrubar o euro e o dólar continua a ser o porto seguro". Além disso, pondera o professor, "o ritmo de crescimento das economias brasileira e chinesa está mais modesto do que esperávamos".

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