Grande SP quase triplica novas vagas
Veículo: Jornal da Tarde - Data: 20 de novembro de 2010Marcos Burghi
O número de novos postos de trabalho com carteira assinada na região metropolitana de São Paulo (RMSP) cresceu 170% no acumulado de janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado — passou de 140,6 mil para 380,2 mil. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Em todo o País, de janeiro a outubro foram criadas 2,4 milhões de novas vagas formais, um recorde para o período desde 1992, quando teve início a apuração do índice. Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, diz que o índice de crescimento na região metropolitana de São Paulo “impressiona”. Segundo ele, o aumento se deu, entre outras razões, pelo bom desempenho da indústria e do setor de serviços.
De acordo com os dados do Caged divulgados ontem, as indústrias da RMSP abriram 75,7 mil novos postos de trabalho entre janeiro e outubro de 2010. O cenário é melhor que o que havia em outubro de 2009, quando o saldo acumulado do setor no ano marcava o fechamento de mais de 24 mil vagas. No setor de serviços, o número de novas contratações subiu de 91,6 mil no acumulado de janeiro a outubro de 2009 para 194,2 mil postos em igual período deste ano.
Segundo Grisi, o crescimento da indústria foi puxado principalmente pelo consumo interno. De acordo com o economista, “A baixa do dólar ante o real, com a moeda americana cotada a R$ 1,71, pode ter afetado as exportações, mas também ajudou as indústrias que importam matérias-primas a baixar seus custos. Isso reflete nos preços finais dos produtos comercializados no mercado interno.”
Irandy Marcos da Cruz, professor de administração da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), afirma que o crescimento do volume de postos de trabalho faz pressão sobre as empresas, que enfrentam dificuldades para a contratação de mão de obra qualificada. “Faltam técnicos em geral, mas também há problemas nos setores de informática e engenharia.”
Cruz cita a construção civil como exemplo de setor onde falta pessoal qualificado.
Talvez por isso, o Caged divulgado ontem tenha mostrado uma diminuição de ritmo de abertura de novas vagas no setor. Enquanto até outubro de 2009, a construção civil havia gerado no ano 35,7 mil empregos na RMSP, de janeiro a outubro deste ano foram 31,2 mil novos postos.
“Se uma construtora lança mão de profissionais que não apresentem resultado necessário, haverá aumento nos custos finais das obras, o que significa perdas”, analisa Cruz.
Na opinião do professor está surgindo um novo tipo de custo Brasil, expressão criada para designar o peso dos tributos no preço dos produtos. “Estamos enfrentando o custo Brasil da falta de educação (profissional).”
José Eduardo Balian, professor de economia e finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), acredita que o ritmo da geração de empregos vai arrefecer no início de 2011. Segundo ele, a pressão inflacionária deverá levar o novo governo a medidas para frear o aumento de preços. A inflação de 2010 acumula alta de 4,4% até outubro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No mesmo período de 2009, o IPCA era 3,5%.
Apesar dos problemas apontados pelos especialistas, o ministro Carlos Lupi prevê que o desempenho do mês de novembro deve ser positivo. Lupi avalia que as demissões em dezembro devem ser menores que em 2009”, quando o saldo negativo (fechamento de vagas) superou os 400 mil.
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