Indústria tem recorde de contratações
Veículo: Jornal da Tarde - Data: 9 de dezembro de 2010MARCOS BURGHI
A indústria está contratando como há muito não fazia. De janeiro a outubro deste ano, o setor industrial abriu 75,7 mil novos postos de trabalho com carteira assinada na região metropolitana de São Paulo. Este é o maior volume para o período desde 1999.
Celso Grisi, professor de economia da Fundação Instituto de Administração (FIA), conta que o crescimento é fruto do mercado aquecido: mais consumo leva à maior produção para reposição dos estoques. Mas para o professor da FIA, o ritmo da geração de empregos na indústria deve cair porque a partir do próximo ano o governo Dilma Rousseff terá de combater a inflação e uma das formas de fazê-lo é aumentando a Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 10,75% ao ano. “Selic para cima significa empréstimos mais caros, o que afeta o consumo”, explica Grisi.
Ele também aponta a valorização do real ante o dólar como um problema para as exportações e para a competitividade dos produtos nacionais frente aos importados no mercado doméstico. Grisi avalia que, com a moeda americana ao redor de R$ 1,70, os produtos vindos de fora têm preços mais convidativos do que os nacionais, que vendem menos. Com queda nas vendas, a reposição de estoques por parte do lojista demora mais a ser feita, o que diminui a produção e, por fim, o ritmo das contratações. Segundo o professor, o equilíbrio se daria com o dólar próximo dos R$ 2,20.
Apesar do câmbio, a produção industrial na região metropolitana acumula crescimento de 12,7% no período de janeiro a setembro, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), embora na comparação de setembro com agosto a produção tenha ficado estável, com ligeira queda de 0,1%. “Se o mercado interno se enfraquecer, os desequilíbrios do câmbio ficam mais aparentes”, afirma Grisi.
Adriano Gomes, professor de administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), lembra que o bom momento da indústria brasileira está diretamente relacionado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no País. De acordo com o último número divulgado pelo IBGE, o PIB de 2010 fechou o primeiro semestre com crescimento de 5,1%, em R$ 900,7 bilhões. “Crescimento da produção é igual a crescimento de empregos”, ressalta.
Willians Ferreira, coordenador do Centro de Solidariedade ao Trabalhador, diz que o ritmo do setor esbarra na dificuldade de encontrar mão de obra qualificada para preencher cargos que exijam profissionais especializados. Esta é uma das razões do aumento do salário médio de contratação do setor na região metropolitana, que chegou perto de 11% na comparação de outubro de 2010 com o mesmo mês do ano passado. Segundo o Observatório do Emprego do Estado, o valor passou de R$ 1.146,77 para R$ 1.272,09.
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