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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Insultando o empresáriado nacional

Brasil precisa dar um salto tecnólogico,
diz especialista


Veículo: site da Revista Executivo Financeiro  -  Data: 29/02/2012
http://www.executivosfinanceiros.com.br/noticias_mostra.asp?id=87981
Jornalista: Carolina Spillari
Em relação ao câmbio e a indústria, a solução para o Brasil seria abrir um amplo programa de importação para máquinas equipamentos e possibilitar um salto tecnólogico aos moldes de Schumpeter, opinou o economista Celso Grisi.
Nesse sentido, mão de obra especializada e atualizada seria fundamental.
"Mandaríamos tantos dólares para fora, que equilibraríamos a taxa cambial em um patamar bem superior a esse de hoje", indicou o também diretor presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, empresa especializada em pesquisas financeiras.
Para Joseph Schumpeter, o desenvolvimento depende do grau de utilização e da taxa de aumento de vários tipos de fatores produtivos: nível tecnológico; a quantidade e qualidade da força de trabalho; a quantidade e composição do estoque de capitais; e a natureza e condições dos recursos naturais.
As intervenções do Banco Central, com a compra de dólares "têm um custo", opinou Grisi. De outro modo, a política cambial seria sustentada a partir das reservas.
Para o especialista faltam estudos para um programa de importação agressivo. "Abandonamos os hábitos de fazer planejamento econômico", afirmou sobre o Brasil. "Não temos a clareza que queremos dar a nossa política industrial". Na opinião de Celso Grisi, a indústria nacional está sucateada. Para Bresser, o mercado interno e a indústria nacional estão desaparecendo.
Commodities
Em entrevista ao jornal Brasil Econômico na segunda-feira, 27, o ex-ministro Bresser Pereira sugeriu a criação de um imposto sobre a exportação de produtos agrícolas para conter a alta do dólar. Segundo Bresser, o ônus que poderia ser atribuído aos exportadores se diluiria por meio da depreciação da moeda.
Na avaliação do economista Celso Grisi, esse imposto já é mal visto na saída. Esse imposto já existiu no Brasil e se chamava confisco cambial, indicou Grisi.
O confisco cambial foi um instrumento de política monetária usado para taxar as exportações de café a partir da Instrução nº 70 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), e assim financiar o desenvolvimento estatal em 1953 durante o governo Juscelino Kubitscheck.
Essa política fixava um valor mais baixo para o dólar recebido pelos exportadores de café e permitia ao governo ficar com uma parte dos dólares obtidos pela exportação do café, para financiar projetos de outros setores econômicos (leia mais no link abaixo).
De acordo com Celso Grisi, o confisco cambial surpreendeu muito na ocasião em uma tentativa de evitar a desvalorização e preservar a moeda. No entato, a devolução do imposto era só uma promessa. Hoje em dia, "não tem sentido empresarial de criar mais um imposto", disse Grisi.
O instrumento também foi usado pela presidente argentina Cristina Kirchner em 2008 sob o nome de Retención para taxar o setor agropecuário.
Links relacionados:
www.itau.com.br/bem_vindo/conheca_emp_anos50.htm

Insensatez ou delírio?

Cogita-se a criação de mais um imposto
Nesse instante, já se pensa da criação de um imposto de exportação sobre as exportações de produtos agrícolas para evitar novas desvalorizações do dólar. Na história econômica recente da Argentina chamou-se esse imposto de Retención. Diós, Buenos Aires foi incendiada.
Anos atrás, muitos anos atrás, o Brasil teve essa mesma idéia brilhante e instituiu sobre as exportações de café um imposto conhecido, de uma forma tributária explícita, por Confisco Cambial. Em tese, esse dinheiro seria devolvido ao exportador em algum momento do futuro. Espera-se por isso até hoje.
A idéia de não deixar entrar dólares no país é a mesma de mandar o excedente da entrada para fora do país.
Por que, então, não construir um amplo programa de importações que pudesse modernizar os setores considerados estratégicos de nossa economia? Ganharíamos competitividade nos preços nacionais, produziríamos uma avanço tecnológico sem precedentes no país, induziríamos o crescimento das exportações de produtos de com intensidade tecnológica superior, e aumentaríamos, naturalmente os salários pagos aos funcionários dessas industrias.

Inadimplência em alta

A culpa é dos veículos, ou de seus compradores?
Aumento da inadimplência está determinado, no mês de janeiro, pela compra de veículos, conforme informa o Banco Central. A informação confirma os dados da pesquisa feita pela Fractal sobre as inadimplências entre pessoas físicas. Essas pessoas não atrasariam contas de luz ou de telefones, pois os cortes desses serviços são quase imediatos. O automóvel certamente não. O consumidor aprendeu que em épocas de crise, melhor optar por atrasar itens de suas despesas que não sejam essenciais. Melhor ainda, esses créditos costumamser negociáveis junto aos credores. As negociações reduzem o valor das dívidas, abrem novas parcelas de menor valor, etc., etc., etc. São as lições que o sistema financeiro deixou para seus clientes em tempos de crise: não pague, negocie!
De forma contrária ao que tem se divulgado na imprensa, penso que essa inadimplência ainda deverá subir. E isso pelo fato de os gastos das famílias ter aumentado significativamente em 2011. Em relação a 2010, o aumento foi de 50%. Os ganhos reais não aumentaram nessa velocidade e, claramente, o problema da inadimplência deriva dessa proporção que a cada dia torna-se menos adequada. Em verdade, essa relação não é tão direta quanto esse raciocínio simplificado deixa entrever. Mas ele é ilustrativo do desequilíbrio apontado.
Não há como sustentar no Brasil um modelo econômico expansionista, com suas famílias tendo atingido um grau tão alto de endividamento. Isso, em meio a uma crise internacional como essa que vivemos, é um limite claro à expansão baseada exclusivamente no mercado interno.
Por outro lado, os bancos grandes perceberam a armadilha que estava armada na economia para as pessoas físicas e rapidamente afastaram-se dos financiamentos a veículos, deixando-os no colo dos bancos pertencentes às montadoras. É provável que as posições financeiras desses bancos tenham se deteriorado um pouco nesse período.
Nesse país tudo passou a ser explicado pelas autoridades monetárias por meio do mágico nome de “medidas macroprudenciais”. É muito nome para um fenômeno mais simples e conhecido. A população gastou mais do que podia. Agora, endividada, não consegue pagar. O sistema financeiro vai negociar de novo.
Importante seria observar que o estoque de crédito às pessoas físicas reduziu-se. E não por outra razão que o super endividamento.
Entre as pessoas jurídicas isso também é verdadeiro. As grandes corporações não são as responsáveis por isso. Antes de nada, estão capitalizadas e são, portanto, aplicadoras. Só aparecem na ponta dos tomadores nas ocasiões em que precisa de recursos para os grandes projetos que, nesse instante, dada a instabilidade monetária, estão postergados.
Entre as pessoas jurídicas pequenas e médias, a necessidade de capital de giro cresceu muito rapidamente de dezembro para cá. As vendas de final de ano foram menores do que se imaginava. Em seguida, o mês de janeiro mostrou-se bastante fraco em termos de vendas. Ora, os estoques cresceram e as condições de comercialização pioraram. Com as duplicatas vencendo, os estoques altos e maiores prazos de financiamentos de suas vendas, a necessidade de recursos de terceiros aumentou. Mas o sistema financeiro, assustado com a inadimplência desse segmento e vendo crescer o risco, reduziu sua oferta de crédito. Com isso o estoque de crédito em janeiro para as pessoas jurídicas diminuiu.
As famílias e as empresas de pequeno e médio portes precisam aprender a viver dentro de orçamentos e de perspectivas mais realista. Do contrário, a imprevidência financeira vai ser explicada e atribuída ao que se imagina ser macroprudente.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falta liquidez às empresas

Por que os agentes financeiros enxugaram
a oferta de crédito?
A mudança foi rápida e chegou pelas mãos da recessão mundial. Todo ambiente creditício nacional transformou-se e impôs revisões das políticas expansionistas dos bancos e de suas estratégias de ganhos de share.
A cautela em relação ao crédito tornou-se aguda e generalizou-se entre os players. O crescimento da inadimplência de forma preocupante.
 No mês de julho a Serasa apontou alta de 3,0%, repetindo a alta de 2,9% de junho para julho.
 O crescimento da inadimplência nos últimos 12 meses (agosto 2010-agosto 2011) foi de impressionantes 29,2%.
 Sua expansão no ano (janeiro 2011-agosto de 2011) alcançou os 23,4%.
Os dados, longe de semear pânico, estimularam, entretanto, os grandes bancos a ampliar o rigor e a cautela nas aprovações de crédito.
Entenderam haver nos ambiente algumas ameaças que poderiam atingi-los:
1. Redução da criação de empregos com carteiras assinadas.
2. Manutenção das pressões inflacionárias (serviços e alimentos).
3. Elevado endividamento familiar.
4. Valor crescente das dívidas, em praticamente todas as modalidades de crédito, segundo a Serasa, em agosto.
5. Renda real da família começa a encurtar.
6. Redução do ritmo do nível de atividade econômica.
Recuaram, então, para preservar a qualidade de seus créditos e evitar a formação de provisões ainda maiores que exigissem a renúncia a sua rentabilidade. Na verdade, nada a preocupar o sistema financeiro, dado o nível de cobertura desses ativos e a razoável capitalização dos bancos para fazer face a ampliação da inadimplência.

Um balde de água fria

Resultados da reunião do G-20
Além de adiar a decisão sobre um aumento nos recursos para o FMI, o G-20 quer que os países europeus aumentem a participação nos fundos de resgate do bloco, definindo para isso o dia 31 de março como prazo máximo para essa decisão.
Como já era de se esperar, a  Alemanha mantém sua posição fortemente contrária a qualquer ampliação nos fundos de resgate europeus, e insiste no acordo para um novo aporte ao FMI. Mas sobre o aporte do FMI, a discussão só começa em abril.
Não há uma posição consensual. As discordâncisa nos levam de volta ao começo de tudo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

As causas estruturais da indimplência permanecem ativas

Inadimplência das empresas cresce
4,4% em janeiro
A inadimplência das pessoas jurídicas cresceu de forma alarmante no mês de janeiro. Venho alertando para os riscos que o sistema financeiro vem assumindo.
Em janeiro, o aumento entre as pessoa jurídicas foi de 4,4% em relação a dezembro último, segundo informações da empresa de consultoria Serasa Experian. De janeiro de 2010 a janeiro de 2011 a alta foi de 26,7%.
Claro que a maior incidência de empresas nessa inadimplência está relacionada às empresas pequenas e médias e, sobretudo aquelas com atuação no varejo.
As vendas de Natal estiveram abaixo do esperado e as do mês de janeiro tiveram um desempenho tímido. Isso fez subir os estoques e a necessidade por capital de giro. A maior seletividade dos agentes financeiro em relação à concessão de crédito levou as organizações a se encontrarem com problemas de liquidez que as obrigarão a atrasar seus compromis financeiros. O próprio 13º salário acaba por pressionar os caixa das organizações e suas margens já estavam comprimidas.
A política expansionista de crédito deve ser revista rapidamente tanto para a pessoa física como para a pessoa jurídica.

HSBC aumenta lucro no Brasil

Estratégias precisas promovem
resultados positivos
O HSBC apresentou, em 2001, lucro líquido de U$S US$ 16,8 bilhões. Esse resultado é 27,2% maior que o de 2010, quando o lucro líquido foi de US$ 13,2 bilhões.
O desempenho positivo das operações do banco comercial contrabalanceou os resultados inferiores de seu banco de investimentos.
A estratégia de segmentação adotada pela gestão de seu presidente brasileiro continua a mostrar- se muito apropriada. O crescimento orgânico obedeceu aos critérios mais claros fixados pela administração. Essas estratégias não devem mudar no curto prazo, conforme se pode depreender da ultima entrevista de Conrado Engel à Revista Exame.
Os esforços de redução dos custos operacionais devem manter- se fortes, mas dentro de critérios estritos de racionalidade, para a otimização dos recursos existentes e da ampliação da lucratividade em território brasileiro.

A necessidade é a mãe da invenção

Bem estar versus sobrevivência
A necessidade urgente de ajustar os orçamentos e  fomentar o
crescimento promoveu a revisão radical das legislações trabalhistas européias, sobretudo nos países ao sul do continente.
Direitos e privilégios dos trabalhadores desaparecem em velocidade surpreendente, desacompanhados de debates e à revelia dos antes influentes sindicatos. A idéia do bem estar social deu lugar à luta pela sobrevivência. Tudo muito rápido,  acontecendo por meios de reformas, que na verdade, exigirão dos cidadãos uma transformação de sua forma de viver, possibilitando o convívio com uma concepção do trabalho.
O emprego único por toda a vida em uma mesma empresa não será possível a partir desses momentos difíceis. As alterações na legislação de trabalho mostraram- se mais profundas na Espanha, Portugal e Itália, aproximando esses países de outros, cujas legislações são tremendamente flexíveis, como Reino Unido ou EUA.
Na União Europeia, tradicionalmente as questões referentes a trabalho e tributação são as mais polêmicas e invariavelmente as menos consensuais. A França oferece a máxima proteção ao empregado, enquanto o Reino Unido faculta aos empregadores a possibilidade de modificar os regimes de trabalhos, as formas de contratação e a própria jornada a ser trabalhada.
As recentes reformas realizadas nas legislações trabalhistas dos países da Europa são bastante distintas, mas todas têm pelo menos dois pressupostos comuns: tornar mais fácil e mais barato demitir o trabalhador e facilitar a contratação, tudo com vistas a estimular recuperação da atividade econômica.
O Brasil terá que, em algum momento, proceder à revisão de sua legislação do trabalho, tão eivada de vícios, privilégios e anacronismos. Os objetivos não serão diferentes daqueles do resto do mundo e estarão sendo norteados pela idéia de promover o aumento da competitividade nacional. Entretanto, as condições sociais brasileiras ainda exigirão a ampliação do nível de bem estar da população. A pobreza e o despreparo de nosso trabalhador não permitem desabrigá-lo de certo nível de proteção.
Precisamos modernizar essas relações trabalhistas, flexibilizar as formas de contratação, rever o problema da terceirização e, enfim, avançar nesse campo. Nossos sindicatos precisam redefinir seus papéis e preocupar-se em entender o novo momento para, de fato, voltarem a ser representativos e aglutinadores dos interesses de seus filiados.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Especialistas parecem- se com aves agourentas

Maus presságios confundem
tendências com temores
É verdade que para 2012 a expectativa é de captação mais cara de recursos. Também é verdade que a regulação bancária deva exigir uma maior capitalização dos bancos médios. E também é verdade que os bancos grandes precisam ampliar seus ativos, estabelecendo uma concorrência mais acentuada em linhas de créditos que fazem o “core business” dos bancos menores.
Em ambiente tão restritivo, especialistas começam a ver urubus sobrevoando as carniças e isso faz crer que as fusões devam se intensificar em 2012.
Não acredito. Os ganhos dos grandes bancos são nessas aquisições muito pequenos. Por isso, imaginá-los como urubus à busca de alimentos é um erro estratégico razoável. Compras de carteiras de créditos são possíveis, mas a aquisição de banco médio, como elemento indutor de crescimento de banco grande, dificilmente aconteceria nesse cenário. Quero ressalvar apenas o caso de algum incentivo, de última ora, fornecido pelo Banco Central para evitar desequilíbrios nos sistema financeiro nacional.
O negócio banking tem se revelado um negócio de custos operacionais muito altos, de riscos elevados e, no Brasil, de rentabilidade decrescente nos próximos anos. Os riscos e os custos crescerão muito rapidamente nos próximos períodos e, mesmo que a liquidez excessiva em todo o mundo reduza os custos de captação, os spreads deverão sofrer reduções expressivas pela dificuldade de colocação dos recursos captados em clientes que representem qualidade de crédito aceitável.
O momento brasileiro, com crescimento econômico, ampliação da renda real e com uma política expansionista do crédito, esconde esses fatos.
No fim de 2011, o Banco Central entrou em socorro dos bancos menores, reduzindo a remuneração de parte dos depósitos compulsórios, obrigando aos bancos de maior porte a comprar ativos de bancos menores para obter a remuneração integral de seus compulsórios. De certa maneira, a medida alcançou seus objetivos, por meio de aquisições de letras financeiras e carteiras de crédito. Com o tempo, foi perdendo sua eficácia e o que se ouve no mercado é que os bancos maiores preferem deixar seus recursos sem remuneração, parados no Bacen, a aplicá-los na compra de ativos, cujos créditos parecem de qualidade duvidosa.
É momento de repensar o negócio dos bancos médios. Deveriam, de fato, ser bancos? Bancos encontram-se muito regulados e, como dissemos, com custos operacionais tão altos que só grandes economias de escalas podem viabilizá-los.
Parece haver espaços, no mercado brasileiro, para novos tipos de intermediários financeiros, submetidos a uma circunstância legal diferenciada. Não devem ser equiparadas às financeiras, pois são capazes de muito mais. Não podem ser hodings a comandar um portfólio de fundos, pois essas empresas têm escopos muito limitados. Factorings são risíveis.
A solução não está desenhada, mas a desintermediação continua sendo um fato crescente na economia nacional, sinalizando para espaços que podem ser preenchidos por novas formas jurídicas de se fazer negócios nesse setor.
Em ocasiões como essa, lembro-me do nordestino de alma grande, Luís Câmara Cascudo: "O pescador é o profissional do silêncio. O jangadeiro deve ser silencioso no meio da musicalidade selvagem do mar."

Vacilações europeias

PIB's apontam para as dificuldades
da Europa em 2012
A economia alemã recuou de 0,2% no último trimestre de 2011. Mesmo com esse resultado negativo do quarto trimestre, o crescimento da Alemanha foi de 3% em 2011. As informações são do Escritório Federal de Estatística do país. O déficit público foi reduzido, em 2011, a 1%  PIB, número bem inferior aos 3,0% estabelecidos no pacto de estabilidade da União Europeia.
Enquanto isso no Reino Unido, o PIB recuou 0,2%, no 4ª tri, na primeira prévia para essa economia realizada pelo Escritório Nacional de Estatística. No acumulado do ano, a economia britânica registrou alta modesta de 0,8%. O número de empregados cresceu em 60 mil. A taxa de emprego evoluiu pouco. De 70,2% no terceiro trimestre, para 70,3%, nos últimos três meses do ano.
Tudo à custa de uma política monetária profundamente agressiva, deixando ainda sérias dúvidas sobre a sustentabilidade de uma eventual recuperação na região.
Entre os emergentes merece registro:
1) O indicador antecedente da China avançou 1,6%, em janeiro, chegando aos 225,7 pontos no mês. A informação é do Conference Board do país.
2) No Brasil, a atividade econômica, segundo cálculos da Serasa Experian, a economia cresceu 2,6%, em 2011. Um crescimento medíocre, sustentado pela agropecuária, cujo crescimento foi de 3,5% e pelo setor de serviços, com crescimento de 2,7%.
3) O destruído setor industrial cresceu apenas 1,6% no ano passado.
As altas cargas tributárias que castigam a competitividade do Brasil, o câmbio sobrevalorizado, as taxas de juros praticadas junto aos agentes produtivos nacionais e as importações excessivas são os maiores vilões dessa história.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Construindo expectativas de longo prazo

Regras tornam o ambiente mais previsível
Muito interessante ler o discurso do governador do Banco Central do Canadá, Mark Carney, num sábado à tarde, ou à noite. Coisa de quem não tem mais o que fazer, senão estudar economia.
Ele explicou em Nova York que a forma como o banco central canadense define as taxas de juros permite tratar uma ampla gama de situações. As taxas de juros baixas, durante um período prolongado, pode nublar os julgamentos financeiros de empresas e de pessoas, induzindo umas e outras a manter um alto endividamento por muito longo tempo.
Ele explica que a primeira linha de defesa da política econômica é a regulação e a supervisão, mas que a política monetária adicionalmente pode ser usada para corrigir os desequilíbrios econômicos que levem a contágios globais.
"A virtude de metas de inflação flexíveis é que, se o regime é credível, a meta de inflação pode ancorar as expectativas de inflação, deixando espaço para os decisores políticos, ocasionalmente, usar a política monetária para fins de estabilidade financeira", disse.
Carney notou que os bancos canadenses estão reforçando seus balanços para atender às exigências de Basileia III antes do tempo previsto e que o governo federal daquele país tem as mais rigorosas as regras para o financiamento hipotecário,de maneira a impedir os consumidores de contrair empréstimos que não possam pagar.
O banco central canadense completou recentemente uma revisão do seu quadro de política monetária e reafirmou a sua posição sobre metas de inflação:taxa em 1% para mais de um ano.
Sob seu comando, o banco pretende reduzir a inflação no médio prazo, limitando a volatilidade em outras áreas da economia.
No entanto, Carney notou que a flexibilidade das metas no tempo não pode  ser arbitrária e necessita de uma abordagem clara e transparente para não danificar o sistema de metas.
A inflação canadense subiu, em janeiro, para 2,5%, impulsionada por um aumento nos preços da gasolina, no entanto a taxa de inflação subjacente ao núcleo da inflação - que exclui itens voláteis, como alguns alimentos frescos e gás -, subiu para 2,1 por cento, um resultado maior do que o definido pelo Banco Central do  Canadá.
Sinceramente, parecia o ministro Guido Mantega falando. Gostei!

A semana no mundo acabou “bem”

Os mercados acalmaram graças à
sabedoria popular
Nos EUA os mercados se acalmaram. Sabe-se lá por quanto tempo. Os índices encerraram em altas graças ao anúncio do indicador de confiança do consumidor norte-americano, publicado pela Universidade de Michigan, que aumentou mais uma vez, em fevereiro, para 75,3 pontos. Os analistas esperavam queda. Aliás, como esses especialistas têm errado no último mês. Há ainda a ser lembrada a negociação da dívida grega que parou de pressionar os preços dos ativos para baixo. Isso ajudou os mercados nos Estados Unidos, no dia de ontem.
Ficou também esquecido o mau resultado das vendas de casas novas. Caíram 0,9% em janeiro, na comparação com dezembro. Janeiro não é tradicionalmente um bom mês para vendas de casas novas ou velhas. Mas, importante notar que os preços médios dos imóveis comercializados tiveram outra redução. Isso é bom para omercado imobiliário, no médio prazo.
Na Europa, os mercados também tiveram uma semana positiva. Internamente, em função da solução dado ao episódio grego. Logo se perceberá que o plano de resgate negociado dias atrás não será uma solução definitiva, mas o euro e a própria União Europeia se reafirmaram. Pelo menos, por mais algum tempo.
Por outro lado, o desempenho da economia norte-americana adicionou uma pitada de otimismo nos principais mercados da Europa, embora o Reino Unido e Alemanha tenham apontado quedas em seus PIB’s.
Na Ásia, que abre seus mercados mais cedo, houve alta generalizada. Por quê? Porque já esperavam pela melhora do humor econômico nos Estados Unidos e na Europa.
Em outras palavras, na sabedoria popular um mercado melhora porque imagina que o outro melhorou.
Por quanto tempo os mercados permanecerão assim. Até o momento em que um fato velho for percebido como uma eventual ameaça às cotações de algum ativo. Mesmo que a ameaça não se concretize, essas perspectivas derrubarão os preços desses ativos.

A semana no Brasil acabou “bem”

Os mercados parecem se acalmar a partir da sabedoria popular.
No Brasil, criou-se uma espécie indicadores populares sobre a economia nacional. Querem saber se a bolsa vai bem e se o real vai mal. Se a resposta for sim, o país vai bem. Dólar em queda e real em alta significam que está entrando muito dólar e que a aversão a risco diminuiu. Se a bolsa sobe, é porque o investidor internacional voltou e que a economia vai caminhar mais depressa, garantindo emprego e renda.
Não há como negar que a sabedoria popular tem sua razão, embora despreze algumas outras consequências dos fatos que  analisa e simplifica em excesso a realidade que observa.
Mas, essa semana foi exatamente assim no Brasil e há uma calmaria ingênua nos nossos mercados.
O índice Bovespa encerrou a sexta-feira com valorização de 0,19%, mesmo com um volume das operações inferior à média. Na semana, período de nossa análise, o índice acumulou perda de 0,39%.
Quanto ao dólar, a apreciação como uma tendência incontrolável. Caiu ontem 0,29%, cotado em miseráveis R$ 1,7060. O Banco Central continua intervindo no mercado para evitar a apreciação de nossa moeda. Fez, nessa sexta-feira, dois leilões e nem assim impediu a queda. Com isso, a competitividade nacional mantém  baleada, embora na visão popular, o país vá bem.
As autoridades econômicas, sob argumentação de que o câmbio é flutuante, não conseguiram até hoje imaginar alguma política econômica capaz de transformar essa terrível ameaça em uma grande oportunidade para nossa economia, revertendo e corrigindo o valor da moeda nacional.
O que importa para os consumidores é o curto prazo. E outra vez é o que os indicadores estão apontando. Sondagem da FGV publicada ontem revela que, em fevereiro, o índice de confiança do consumidor avançou de 2,9%, alcançando os 119,4 pontos. Fica um pouco esquecido e muito minimizado, o indicador de desempenho industrial do CNI. Essa sondagem mostrou que a produção industrial está em retração. Atingiu os 45 pontos, ante  42,6, no mês anterior. Houve realmente um pequeno avanço em relação a janeiro, mas o nível de utilização da capacidade instalada caiu para 69%, contra os 72% apurado para janeiro.
Com esses dados sobre o desempenho industrial e com o dólar tão fraco, boa parte da indústria nacional exauriu-se, fechando o lamentável quadro de sucateamento produtivo. Fomos um país com uma economia muito diversificada. Hoje produzimos commodities. E a sabedoria popular ainda não se deu conta de que, na defesa do emprego e da renda, a indústria não pode perder expressão em nossa economia. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Commodities

O comportamento das commodities
Entrevista com o professor Guilherme Dias mostra o mercado das commodities agrícolas para 2012.
Vale a pena vê-lo no último Cifras & Safras

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O sentido da vida está na poesia

Compreender a vida é desafiador e dá
sentido e significado a ela
Estou próximo ao Polo Norte.Escolhi esse lugar para me encontrar. Ou para me refugiar. Escolhi esse lugar, pois há algo muito precioso para mim por aqui. E pensei.
Pensei sobre a vida econômica da China, da Índia, do Brasil, da Rússia, do Japão e da Europa. Pensei em suas populações sofridas e na inutilidade de tantas teorias econômicas e gerenciais para transformar essas realidades.
Quer saber? É carnaval. E como diria o poeta: Mas é carnaval e amanhã tudo volta ao normal.
Deixo todo o resto, então, para amanhã. Hoje fico com o Chico.
Hoje também quero viver uma Noite dos Mascarados:
- Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.
- Eu sou seresteiro,
Poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro
Só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão.
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão.
Fui porta-estandarte,
Não sei mais dançar.
- Eu, modéstia à parte,
Nasci pra sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!
Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.
Deixa o dia raiar, que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!

Desenha-se uma nova área de conflitos

From China. With love.
A China liderano mundo os investimentos em armamentos. A Rússia manda um recado definitivo e com endereço certo.
Os investimentos chineses em armamentos causam espanto. A China ultrapassou os Estados Unidos. De longe. O verdadeiro número ainda é uma incógnita. Por que a China estaria se armando?
Ontem imprensa especializada, deu ênfase à declaração de Putin, anunciando um forte investimento para proteção dos recursos naturais e das riquezas russas.
Ainda nesse campo, a Índia avança, sem fazer alarde. O pequeno Japão está silente.
Há, em curso, sem dúvida, uma nova geoestratégia na Ásia. Uma recomposição de forças que alarma aos experts em assunto de segurança mundial.
As alianças construídas no Oriente Médio desafiam a hegemonia europeia e afronta a liderança anterior dos Estados Unidos nessas questões.
A diplomacia brasileira terá que escolher. A ideologia certamente não deve presidir essas decisões. Melhor será voltar ao pragmatismo comercial, lembrando os ensinamentos cínicos de um ex-presidente brasileiro: "Em mar de transatlântico, jangada não navega".

Lição da diplomacia contemporânea

Seria uma catástrofe, se o acordo
não fosse alcançado
Foram 13 horas de reunião. Ao final, em plena madrugada, anunciou-se a aprovação, pelos ministros da Zona do Euro, do novo pacote de ajuda à Grécia, no valor de € 130 bilhões.
Não aprová-lo teria conseqüências imprevisíveis, mas a aprovação foi apenas um grande teste para toda a região. Não significa que tudo tenha se resolvido. Mas, que alcançou-se um encaminhamento, sem volta.
O objetivo do novo plano de ajuda à Grécia é fazer com que a relação dívida/PIB do país alcance 120%, até 2020. É de estarrecer, pois em 2020, a Grécia ainda exibirá uma relação economicamente absurda entre sua dívida e sua geração de riqueza.
Para a Islândia foram necessários apenas 4 anos de um trabalho árduo para o país voltar a ser confiável.
No caso grego, as coisas são bem mais graves. Para tornar factível o objetivo de 2020, foi necessário que os credores concordassem com deságio, sobre o valor de face de seu títulos, de quase 55% da dívida. Ou seja, pagando os quase 45 restantes, a relação de endividamento continuará insustentável. E isso, em 2020.
Sensato é pensar que o dique econômico resistiu. Não estourou, evitando um alagamento que afogaria a todos.
A União Europeia, resiliente como é, volta a se reunir. Agora para definir a adoção de um documento que determine aos 27 integrantes do bloco a intensificação dos cuidados sobre seus sistemas financeiros.
O mundo pode comemorar o início de mais um “Renascimento” na história européia.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Com a Índia, a preocupação é
o déficit fiscal.
Preliminarmente, há que se lembrar que o ano fiscal da Índia se encerrará em março de 2012. E a preocupação é que 92,3% do orçamento alvo já foram gastos nos primeiros nove meses de governo.
A ampliação do déficit encontra sua origem no aumento alarmante de gastos e da queda nas receitas do estado decorrente da crise global. Os gastos aumentaram em função dos subsídios crescentes de petróleo e de outros programas sociais.
O déficit fiscal bruto deverá ultrapassar em muito a estimativa orçamentária de 4,6% do PIB.
Sem nenhuma originalidade, o governo indiano tem sido obrigado a financiar sua dívida interna a juros crescentes, pressionando a liquidez do país e, portanto, a inflação interna.
No próximo orçamento, relativo ao ano de 2012-2013, o Ministério das Finanças pretende se concentrar na consolidação fiscal, visando minimizar o déficit, enquanto coloca um limite para dívidas adicionais. De acordo com o Reserve Bank of India (RBI), estas medidas são fundamentais para que o banco central possa cortar as taxas de inflação e impor melhores fundamentos econômicos ao país.
Da parte do investidor, já acendeu um sinal vermelho e os investimentos externos diretos podem sofrer reduções nos próximos períodos.

A decadência do império

O império vê a si mesmo
Entre 1999 e 2009, a participação das exportações norte-americanas para o mundo caiu em quase todos os setores. A participação em 2009 dos Estados Unidos no segmento aeroespacial era de apenas 36%, em tecnologia da informação de 9%, de 8% em equipamentos de comunicações e de 3% veículos leves.
Os dados são de matéria publicada pela The Economist.
Nesse período, o crescimento do emprego no setor privado diminuiu drasticamente em função das sucessivas perdas de competitividade da indústria em relação a sua concorrência mundial. O rendimento médio anual cresceu apenas 2% entre 1990 e 2010.
A matéria do The Economist registra ainda que a edição de março da revista Harvard Business Review está dedicada à "competitividade americana". Isto é, à capacidade do país em melhorar a produtividade e o padrão de vida de seu povo.
A crítica naturalmente está dirigida aos sucessivos governos dos Estados Unidos, nesse período, sem indicar políticos ou partidos.  Michael Porter e Jan Rivkin da Harvard Business School afirmam que "O governo dos EUA não está combatendo as fragilidades existentes no ambiente de negócios do país e que estas deficiências tornam o do país um lugar menos atrativo para investir”. Afirmam ainda que “as maiores vantagens competitivas da América estão sendo anuladas pelo descuido dos governantes.”
Pesquisa feita entre ex-alunos da Harvard revela que 71% dos entrevistados acreditam que a competitividade americana diminuirá nos próximos anos.
América já não consegue, como antes, atrair para si os melhores empregos. As empresas multinacionais (que pagam salários mais altos que qualquer outra empresa) aumentaram a oferta de emprego, nos Estados Unidos, em 24% na década de 90. Mas, desde então, elas foram cortando esses empregos em território americano. A proporção dos empregados de multinacionais americanas que trabalham para subsidiárias no exterior subiu de 21,4% em 1989, para 32,3% em 2009. Os gastos em pesquisa e desenvolvimento também estão migrando para suas subsidiárias no exterior, tendo subido de 9% em 1989, para 15,6%, em 2009. Os investimentos em capital humano no exterior também cresceram de 21,8% em 1999, para 29,6% em 2009.
Na pesquisa da HBS, os ex-alunos relataram que, quando suas empresas tiveram que decidir sobre investimentos na América ou em outro lugar, a América perdeu em dois terço das vezes.
Esta deterioração relativa no clima empresarial coincidiu com um aumento espetacular da renda dos administradores de empresas. Nesse aspecto, as maiores críticas se concentram nos sistemas de benefícios que privilegiaram os administradores. Gerentes ganharam prêmios enormes simplesmente porque o mercado subiu, independentemente de, pessoalmente, ter adicionado algum valor à operação sob sua responsabilidade.
A HBR ensaia um final feliz, recorrendo, com alguma melancolia, às palavras de Bill Clinton, em seu primeiro discurso aos Estados Unidos, como seu presidente: “não há nada errado com a América que não possa ser corrigido por ela mesma”. O país tem enormes vantagens competitivas, a partir de suas universidades e de sua tolerância de correr riscos. Tem um mercado altamente diversificado: empresas que buscam mão de obra barata podem se transferir para o Mississipi, onde os salários são um terço mais baixos do que aqueles em Massachusetts.
Mas, o fato é que a The Economist põe sérias dúvidas em relação à possibilidade política do país encaminhar essas decisões. E a matéria conclui que, se estiver certa, claramente a economia norte-americana perderá seu dinamismo e competitividade.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Crescendo sem os Estados Unidos

Em 2011, a economia mexicana
cresceu 3,9%
A economia mexicana cresceu 3,9% em 2011, contra os 5,5% de 2010, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Geografia desse país. Para 2012, a meta estabelecida pelo governo central do México é de 3,5%.
A dinâmica de baixa geração de empregos e a o baixo crescimento da renda real impedirão, segundo os analistas, que o crescimento ultrapasse a casa dos 3,0%. A inda segundo esses especialistas, pobreza deve crescer mais depressa nas áreas urbanas que na zona rural, em 2012.
No início da década passada, o México havia sido muito agressivo em suas reformas institucionais. A crise mundial  de 2008, entretanto, impôs a necessidade de políticas econômicas mais austeras, reduzindo o crescimento econômico em um país cuja população tradicionalmente cresce a velocidades elevadas. A retomada mexicana, como a brasileira, requer necessariamente reformas em matéria fiscal, previdenciária, administrativa e trabalhista.
De fato, desde 2008, o poder aquisitivo não se recuperou, mesmo com o crescimento econômico em 2010 e 2011, uma vez que o comportamento inflacionário corroeu os ganhos reais.
Em novembro de 2011, o desemprego no México subiu 0,38 pontos percentuais frente a outubro, atingindo uma taxa do 5,16%, segundo os dados dessazonalizados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México.
A métrica mexicana para o desemprego considera a população com trabalhos informais como população empregada. Ajustes metodológicos que equalizassem essa medida às medidas brasileiras, elevariam consideravelmente essa taxa. Algo como 15% de desemprego.
Em outras palavras, o mercado brasileiro tem vital importância para a economia mexicana. Isso faz antecipar as dificuldades que as duas diplomacias terão em alcançar uma solução para as atuais questões envolvendo as indústrias automotivas de ambos os países.
A essa altura, o mercado brasileiro ganhou muita importância no contexto latinoamericano e o discurso das autoridades brasileiras vai ter que mudar.

Uma entrevista com Alberto Pfeifer

Alberto Pfeifer traz considerações objetivas sobre a crise na Europa
Um cenário rápido da economia atual e as perspectivas para 2012. Na Europa, uma situação preocupante e inédita, que compromete toda a zona do euro e que acaba atingindo todo o mundo. O que está sendo feito para tentar conter os problemas advindos desta crise, que coloca a Europa em xeque, e levanta diversos questionamentos acerca da capacidade de recuperação dos países europeus.
E para acompanhar os fatos, as decisões tomadas e as repercussões destas medidas acompanhe a entrevista com Alberto Pfeifer, professor da Fundação Instituto de Administração, engenheiro agrônomo e diretor da CEAL – Conselho Empresarial da América Latina, Alberto Pfeifer.
http://vimeo.com/36472950

Fitch revê a nota da Islândia para cima

Pondo a casa em ordem,
sem fazer barulho
A agência de classificaçãode crédito Fitch elevou, na sexta-feira passada, em um grau, a nota da dívida soberana de longo prazo da Islândia. Agora a Islândia é "BBB-".
Sem depredações ou convulsões sociais, as coisas foram postas no lugar. Um bom exemplo para o resto da Europa.
Lembrando os fatos: em 2008, a economia do país havia atingido um nível de descontrole que assustou o mundo e chamou a atenção sobre todas as dívidas soberanas européias.
Quase quatro anos depois o país volta a ser considerado confiável.
"O retorno da nota de longo prazo da Islândia na categoria "investimentos" traduz os progressos alcançados para restaurar a estabilidade macroeconômica do país, administrando as reformas estruturais e reconstruindo sua credibilidade financeira", afirmou o comunicado oficial da Fitch.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A contraditória resposta norte-americana

Subsídio será a nova arma para competir com o dumping social chinês
O presidente dos Estados Unidos defendeu a concessão de benefícios fiscais para empresas que gerem emprego no país. Claro que a OMC não gosta dessas assimetrias, conhecidas pela alcunha de subsídios.
Os produtos fabricados nos Estados Unidos deverão ter ajudas ficais, uma vez que geram empregos no país e ajudam na recuperação econômica. Essa é a lógica do presidente do país. "Nenhuma empresa deve obter um benefício fiscal por subcontratar trabalhadores no exterior. Em vez disso, os benefícios fiscais devem ser concedidos às empresas manufatureiras que estabeleçam as suas operações aqui em casa”, diz o presidente, com desprezo a qualquer lógica da globalização que as multinacionais iniciaram no passado.
Vale dizer, a teoria da convergência dos salários mundiais fica aposentada, na nova lógica de Obama.
O presidente americano falava na fábrica da Boeing, em Everett, no estado de Washington: "Companhias como a Boeing mostram que, mesmo quando não podemos fabricar a um custo mais baixo que a China, podemos fazer produtos de maior qualidade. É assim que vamos competir a nível global", sublinhou.
Obama já reiterou em várias ocasiões o objetivo de fortalecer o setor exportador para conseguir duplicar as exportações dos Estados Unidos nos próximos cinco anos.
Na concepção norte-americana, essa seria uma das melhores vertentes para acelerar a recuperação do país.
Em poucas palavras, os Estados Unidos vão compensar o dumping social e a depreciação da moeda chinesa com subsídios comerciais. Tá falado!

Deu na CBC News

O maior fornecedor chinês da Apple vai aumentar salários de seus trabalhadores
Veículo: CBC News - Data: 17/02/2012
Pressões na imprensa costumam dar resultados, ainda que muito modestos.
A fabricante Foxconn Technology Group virou o centro das atenções por vários anos, após uma série de suicídios de funcionários e doenças em suas fábricas na China. O Fair Labor Association iniciou suas primeiras inspeções na Foxconn em Shenzhen, China, em 13 de fevereiro de 2012. 

No último dia 17, o grupo de Tecnologia Foxconn anunciou que vai aumentar os salários de 16% até 25%, sob uma enxurrada de severas críticas em relação as suas práticas de trabalho.
 Os trabalhadores da fábrica passarão a ganhar a partir de agora 1.800 yuan, equivalentes a US$ 290 por mês. Há dois anos, ganhavam 900 yuan.
Sem dúvida, tanta generosidade explica, em grande parte, a competitividade dos produtos chineses.
A FoxConn emprega 1 milhão de trabalhadores em toda a China, em 4 unidades industriais, e produz para a maioria das grandes empresas de tecnologia como Microsoft e Nintendo e Apple.
A Apple, tem sido muito criticada por essas práticas de trabalho entre os seus fornecedores chineses e, numa tentativa de resposta ao mundo, lançou uma auditoria nesses fornecedores, no início desta semana. Se a auditoria for para valer, a Apple vai estarrecer o mundo com a pubicação dos resultados. Serão conhecidos as verdadeiras jornadas de trabalho e suas respectivas remunerações. A imagem desses senhores pedirá uma revisão.


A Fair Labor Association, organização sem fins lucrativos dedicada a apurar esses abusos no trabalho, em fábricas de todo o mundo, iniciou suas primeiras inspeções em meados desse mês na fábrica da Foxconn, em Shenzhen, na China. As conclusões e recomendações das primeiras inspeções serão publicadas on-line no início de março.
Podemos aguardar por um verdadeiro escândalo patrocinado por essas empresas de jovens geniais e velhos ambiciosos.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Eterna rotina

A lógica continua a mesma
Em meio a crise, o mercado age de forma previsível, esquecendo que tudo será lento e difícil.
As expectativas sobre a possibilidade de um acordo, na Grécia, que garanta o novo pacote de resgate financeiro aumentaram consideravelmente entre os investidores internacionais.
Já se entende que a Grécia tenha se comprometido com os cortes orçamentários em quantidades suficientes para o alcance do acordo.
Por si só, a melhora das expectativas mexeu com os preços dos ativos mundiais. Em reforço ao otimismo nascente, vieram as notícias sobre a renúncia do presidente da Alemanha. A tentativa de permanecer no cargo trazia certo desconforto à governança do país, de vez que as denúncias de corrupção vinham se agravando expressivamente nessas últimas semanas.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, tudo deu conta de uma recuperação, efetivamente em curso. E a tal ponto se passou a acreditar nela que o FMOC resolveu suspender, pelo menos temporariamente, as injeções de liquidez no sistema financeiro, com o propósito de evitar um refluxo da inflação, em futuro próximo.
No Brasil, os dados sobre inflação mostram que os preços deram uma trégua temporária às autoridades econômicas: IPCA-15, IGP-M e IPC-FIPE vieram em queda.
Não deu outra. Os preços de ativos reagiram. Começam a subir os preços das commodities metálicas e agrícolas. Novas previsões apontam para preços em alta. A cotação do barril do petróleo Brent, negociado no mercado de Londres, fechou a US$ 119,59. Já o contrato com vencimento em março, que apresenta maior liquidez no mercado de Nova York, fechou cotado a US$ 103,24 por barril, com alta de 0,91% em relação ao fechamento do dia anterior.
O indicador de risco-País registrou queda de três pontos-base, atingindo 197 pontos. O Global 40, teve alta de 0,02%, cotado a 132,87 centavos de dólar. Finalmente, os preços dos Treasuries perderam valor.
Conclusão: a aversão a risco reduziu-se, a crença na superação da crise norte-americana aumentou e já se vê luz no fim do Eurotúnel.
Uma eterna rotina na ciclotimia dos investidores. Faz lembrar os agudos de Gal: “Uma noite longa, pra uma vida curta. Eu tô na lanterna dos afogados. Eu tô esperando. Vê se não vai demorar.”

A guerra das patentes

Apple, em período de ouro, ganha outra disputa judicial da Motorola
 A Motorola Mobility foi condenada a retirar a função de desbloqueio de suas telas touch screen em seus celulares.
Um Tribunal alemão, em Munique, atendeu em sua sentença o pedido da Apple em ação onde acusava a Motorola de utilizar o sistema operacional do iPhone.
A sentença abre caminho para outras condenações de fabricantes de smartphones, em pedidos de igual natureza, como é o do Android, do Google.
Mas, como tudo em direito, cabe recurso contra a sentença e, não tenham dúvidas, a Motorola Mobility vai recorrer.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Crescimento e olítica fiscal

IBC-Br cresce e cortes fiscais se ampliam
O Indice de Atividade Econômica produzido pelo do Banco Central do Brasil, conhecido pela abreviatura IBC-Br, foi divulgado ontem. Já dessazonalizado, apontou crescimento de 2,79 em 2011. Se não atendeu às expectativas mais otimistas, também não decepcionou. Seguimos crescendo em ritmo claramente maior que a população do país.
O anuncio veio seguido das declarações do governos sobre cortes fiscais de R$ 55 bilhões. Em paralelo, anunciou-se também a revisão, para baixo, de R$ 29,5 bilhões na receita líquida de 2012. A meta fiscal primária parece mesmo garantida para esse ano. Apenas o governo não poderá ser generoso, como foi em anos anteriores, com seu funcionalismo. As novas direções da política econômica exigem maior austeridade, caso contrário seria necessário estancar a redução da taxa Selic. De qualquer maneira, também parece garantido um crescimento mínimo na casa dos 3,0%.
Para que tudo ocorra dentro dessa previsão, o governo não pode cortar seus investimentos e o capital externo não pode escassear durante todo 2012. Fundamentos econômicos mais sólidos hão de reduzir o risco-País e facultar novas entradas de dólares para investimentos diretos.

Surpreendente e consistente.

Ocupação cresce, taxa de desemprego continua baixa, renda aumenta e inflação cai
Uma combinação rara em economia e que aconteceu nessa semana. A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país atingiu 5,5% em janeiro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego. Em relação à população ocupada, houve crescimento de 2,0% comparativamente a janeiro de 2011. A população economicamente ativa cresceu 1,4% no mesmo período.
Os dados de rendimento do trabalhador continuam crescendo. O rendimento médio real teve alta de 2,7%, comparado a janeiro de 2011. O rendimento nominal apresentou elevação 8,7% de janeiro a janeiro. A massa salarial real também cresceu 3,6% em relação a de 2011.
A demanda deveria estar em crescimento e a inflação em alta.
Mas o IPC-Fipe desacelerou para 0,24% na segunda quadrissemana de fevereiro, frente ao 0,42% no primeiro levantamento do mês. Enquanto isso o IPC-S medido pela FGV foi de 0,30% na segunda quadrissemana de fevereiro, contra 0,46% da quadrissemana anterior.
Os preços estão subindo bem mais devagar que antes, enquanto o salário, a renda e o emprego vão crescendo.
Em economia, há sempre que se considerar as defasagens ocorridas entre as causas e os efeitos para entender resultados tão coincidentes. O que não se pode pensar é que sejam inconsistentes, pois a inflação deve recrudescer na medida em que efeitos retardados das medidas anteriores desaparecerem.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cai a troca de empregos

Menor crescimento e menor toca de emprego
Veículo: Jornal de Tarde

As ironias do câmbio

Agora ,em sentido contrário?
Duas economias podem se beneficiar expressivamente com a recuperação norte-americana. A da Zona do Euro cuja moeda opera em queda frente à maioria das divisas no mundo e se desvaloriza frente o dólar americano, encerrando ontem o dia de ontem a US$ 1,30. Os produtos da região vão se tornando cada vez mais competitivos e as reduções de importações abrem espaço novos para a produção e o emprego locais.
Do outro lado do mundo, o yen,no Japão, também tem apresentado perdas. A cotação de ontem fez subir as ações das empresas exportadoras nipônicas: ¥ 78,78, por dólar. O yuan chinês subiu 0,40% em relação ao yen.
Parece que o jogo cambial começa a se alterar com a derrocada européia e a retomada da economia norte-americana. O câmbio, dessa forma, seria um importante agente indutor do crescimento mundial.

Inflação versus Recuperação

A recuperação norte-americana
pede cuidados
Comitê Federal de Mercado Aberto- FOMC teme que a inflação retorne ao ambiente econômico do país. A recuperação estaria ameaçando os preços do sistema econômico em função do aumento da demanda maior que o esperado.
A questão foi colocada em função dos sucessivos aumentos de liquidez promovidos na economia, com o objetivo de reaquecê-la. Entretanto, os aumentos nos níveis de emprego e a recuperação da renda real das famílias começam a pressionar alguns preços em particular. De modo geral, as compras de bens duráveis e semiduráveis têm se ampliado mais rapidamente do que o previsto pelas autoridades locais.
Pareceu prudente ao FOMC não evoluir com a idéia de proceder a novas injeções de liquidez no sistema monetário e, portanto obstruir as iniciativas de construção de plano adicional de alívio quantitativo, o chamado QE.
Pensando isoladamente, a decisão parece acertada. Resta esperar pelo desempenho da economia chinesa e pelos rumos que a crise das dívidas europeias venha a assumir. Imaginando que tudo corra bem nesses dois continentes, a medida realmente é prudente. Mas, se a China aprofundar os recentes movimentos de redução de seu crescimento econômico e a Europa não evoluir no quadro de suas negociações internas, o Estados Unidos deverão voltar às compras de ativos do sistema financeiro local. Nesse caso, sem riscos inflacionários no curto e médio prazo.

A tendência parece consolidar-se

Fed anuncia melhora nas condições de negócios
O Fed de Nova York realiza regularmente uma pesquisa com o pomposo nome de Empire State de Manufatura. Megalomanias à parte, a pesquis apontou melhores condições gerais de negócios em Nova York no mês de fevereiro.
As condições gerais alcançaram a 19,5 pontos, avançando 6 pontos em relação ao registrado no mês anterior.
As estimativas de mercado previam que o crescimento não ultrapassasse 14,7 pontos. O indicador de novas encomendas subiu para 22,8 pontos.
Todas as medidas caminham no mesmo sentido e começam a convencer os estudiosos de que, embora lenta, a recuperação vai mesmo se consolidar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Já não é sem tempo

Estratégia internacional de alto valor agregado, no agronegócio brasileiro
Brasil Foods conclui joint ventures na China para garantir distribuição de seus produtos, com sua marca posicionada junto ao consumidor chinês.
Trata-se de um caso de pós-integração que torna o produto nacional um “special”, com brand, distribution e design próprios.
Há quanto tempo esperava por isso. Uma empresa nacional assumindo, por meio de uma estratégia de compartilhamento de riscos, posição mercadológica agressiva no maior mercado mundial de alimentos. Muito sábia essa estratégia, porque agrega o conhecimento de mercado do parceiro local.
A Joint Venture da Brasil Foods foi feita com a Dah Chong Hong, uma das líderes na distribuição de alimentos na China, Hong Kong e Macau. A participação na composição social da nova empresa é de 50% e sua gestão supõe o mesmo número de membros no Conselho de Administração e na Diretoria Executiva. Coisa de gente grande!
A operação ficou dividida segundo as competências dos dois sócios: a BRF é gestora da produção, suporte técnico e marketing dos produtos a serem comercializados; a DCH cuidará da gestão da cadeia de suprimentos e distribuição, processamento, embalagem, bem como do fornecimento serviços gerais de suporte operacional durante a fase inicial de transição.
Venho pregando a pós-integração para expandir o valor de nossas exportações. No curto prazo, poderíamos expandir significativamente esse valor, além de podermos remunerar melhor nossos funcionários. Há inclusive nítidas vantagens cambiais para exportadores que participam expressivamente no capital social das importadoras de seus produtos.
Fica a sugestão para quem fez o errado caminho contrário da retro-integração, como é o caso do suco concentrado de laranja.
Mas o exemplo é mais geral, e pode ser aproveitado por todo o setor de commodities. Claro que empresas como a Gerdau, JBS e outras também já se anteciparam, fazendo importantes aquisições no exterior. Ficam devendo os produtos de couro, grãos, fibras, minérios, etc, etc, etc.