Para a China, “se
passar flanela risca”
Dados
do MDCI mostram que o quilo dos bens de consumo não duráveis aumentou de US$
6,33 para US$ 7,44 nos primeiros sete meses de 2009. Os bens de consumo duráveis aumentaram, nessa mesma
base de comparação, de US$ 4,46 para 4,60.
Essa
tendência dos preços parece consolidar-se por duas razões. a) pela evolução do
processo de industrialização chinesa que, realmente, tem sido capaz de produzir
produtos de maior valor agregado e de maior nível de sofisticação; b) porque a
produção dos produtos chineses está submetida a custos mais altos pelas
mudanças que a China vem promovendo em sua legislação trabalhista e tributária,
e ainda, pelas pressões impostas as suas políticas monetária e cambial.
Essas
relações caminham em direção a um terreno pantanoso. O impacto da demanda
chinesa tornou esse país o maior mercado para as empresas brasileiras.
Para
o Brasil, a influência mais direta se deu por
meio das exportações de commodities.
O
preço desses produtos foi o principal fator para a transformação das contas
externas brasileiras, vertente inicial do crescimento econômico brasileiro.
Portanto,
a essa altura, uma eventual deterioração no quadro econômico chinês seria muito danoso à economia nacional e esse
é o problema central que precisa ser tratado com urgência.
Sobretudo
porque há dúvidas sobre a sustentabilidade da atual política de incentivos
fiscais e financeiros adotada pela China em seu pacote de recuperação
econômica.
O
principal risco vem da área de créditos que, concedidos de forma tão agressiva
pelos bancos oficiais chineses, podem embutir uma deterioração de sua
qualidade.
Nessa
hipótese, dado o volume elevado dos empréstimos, a inadimplência pode pedir
medidas corretivas que levariam o país a uma redução do nível de seu
crescimento.
A
dimensão da economia chinesa é de tal sorte, que reduções, mesmo que moderadas,
de seu ritmo de crescimento, podem levar impactos relevantes nos mercados
globais e, principalmente, nos preços das commodities. Para o Brasil, isso
traria impactos muito negativos.
O
Brasil já apresenta uma tendência preocupante em relação à expansão de seus
déficits externos para os próximos períodos. Déficits dessa magnitude obrigarão
à redução de nossas taxas de crescimento.
Em
função dessas tendências mais recentes, caberá ao governo brasileiro uma rápida
ação no sentido de mitigar os riscos embutidos no comércio com a China: estabelecer
políticas que reduzam as pressões de valorização do real; estabelecer políticas
de estímulos às exportações; e, por fim, estabelecer política industrial e
tecnológica que aumentem, de forma expressiva, o fator agregado de nossas
exportações.
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