Bem estar versus sobrevivência
A
necessidade urgente de ajustar os orçamentos e
fomentar o
crescimento promoveu a revisão radical das legislações
trabalhistas européias, sobretudo nos países ao sul do continente.
Direitos
e privilégios dos trabalhadores desaparecem em velocidade surpreendente,
desacompanhados de debates e à revelia dos antes influentes sindicatos. A idéia
do bem estar social deu lugar à luta pela sobrevivência. Tudo muito
rápido, acontecendo por meios de reformas,
que na verdade, exigirão dos cidadãos uma transformação de sua forma de viver, possibilitando o convívio com uma concepção do trabalho.
O
emprego único por toda a vida em uma mesma empresa não será possível a partir
desses momentos difíceis. As alterações na legislação de trabalho mostraram- se
mais profundas na Espanha, Portugal e Itália, aproximando esses países de
outros, cujas legislações são tremendamente flexíveis, como Reino Unido ou EUA.
Na
União Europeia, tradicionalmente as questões referentes a trabalho e tributação
são as mais polêmicas e invariavelmente as menos consensuais. A França oferece a
máxima proteção ao empregado, enquanto o Reino Unido faculta aos empregadores a
possibilidade de modificar os regimes de trabalhos, as formas de contratação e a
própria jornada a ser trabalhada.
As
recentes reformas realizadas nas legislações trabalhistas dos países da Europa são bastante
distintas, mas todas têm pelo menos dois pressupostos comuns: tornar mais fácil
e mais barato demitir o trabalhador e facilitar a contratação, tudo com vistas a estimular
recuperação da atividade econômica.
O
Brasil terá que, em algum momento, proceder à revisão de sua legislação do
trabalho, tão eivada de vícios, privilégios e anacronismos. Os objetivos não
serão diferentes daqueles do resto do mundo e estarão sendo norteados pela
idéia de promover o aumento da competitividade nacional. Entretanto, as
condições sociais brasileiras ainda exigirão a ampliação do nível de bem estar
da população. A pobreza e o despreparo de nosso trabalhador não permitem
desabrigá-lo de certo nível de proteção.
Precisamos
modernizar essas relações trabalhistas, flexibilizar as formas de contratação,
rever o problema da terceirização e, enfim, avançar nesse campo. Nossos
sindicatos precisam redefinir seus papéis e preocupar-se em entender o novo
momento para, de fato, voltarem a ser representativos e aglutinadores dos interesses de seus
filiados.
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