Os
mercados parecem se acalmar a partir da sabedoria popular.
No
Brasil, criou-se uma espécie indicadores populares sobre a economia nacional.
Querem saber se a bolsa vai bem e se o real vai mal. Se a resposta for sim, o
país vai bem. Dólar em queda e real em alta significam que está entrando muito dólar
e que a aversão a risco diminuiu. Se a bolsa sobe, é porque o investidor
internacional voltou e que a economia vai caminhar mais depressa, garantindo emprego
e renda.
Não
há como negar que a sabedoria popular tem sua razão, embora despreze algumas outras
consequências dos fatos que analisa e
simplifica em excesso a realidade que observa.
Mas,
essa semana foi exatamente assim no Brasil e há uma calmaria ingênua nos nossos
mercados.
O
índice Bovespa encerrou a sexta-feira com valorização de 0,19%, mesmo com um volume
das operações inferior à média. Na semana, período de nossa análise, o índice acumulou
perda de 0,39%.
Quanto
ao dólar, a apreciação como uma tendência incontrolável. Caiu ontem 0,29%,
cotado em miseráveis R$ 1,7060. O Banco Central continua intervindo no mercado
para evitar a apreciação de nossa moeda. Fez, nessa sexta-feira, dois leilões e
nem assim impediu a queda. Com isso, a competitividade nacional mantém baleada, embora na visão popular, o país vá
bem.
As
autoridades econômicas, sob argumentação de que o câmbio é flutuante, não
conseguiram até hoje imaginar alguma política econômica capaz de transformar
essa terrível ameaça em uma grande oportunidade para nossa economia, revertendo
e corrigindo o valor da moeda nacional.
O
que importa para os consumidores é o curto prazo. E outra vez é o que os
indicadores estão apontando. Sondagem da FGV publicada ontem revela que, em
fevereiro, o índice de confiança do consumidor avançou de 2,9%, alcançando os
119,4 pontos. Fica um pouco esquecido e muito minimizado, o indicador de desempenho
industrial do CNI. Essa sondagem mostrou que a produção industrial está em
retração. Atingiu os 45 pontos, ante 42,6, no mês anterior. Houve realmente um
pequeno avanço em relação a janeiro, mas o nível de utilização da capacidade instalada
caiu para 69%, contra os 72% apurado para janeiro.
Com
esses dados sobre o desempenho industrial e com o dólar tão fraco, boa parte da
indústria nacional exauriu-se, fechando o lamentável quadro de sucateamento
produtivo. Fomos um país com uma economia muito diversificada. Hoje produzimos
commodities. E a sabedoria popular ainda não se deu conta de que, na defesa do emprego e da renda, a indústria não pode perder expressão em nossa economia.
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