Inflação oficial deve voltar a subir
e ficar em 5% neste ano
Veículo: DCI14.01.10 - Karina Nappi
SÃO PAULO - Analistas do mercado financeiro consultados pelo DCI apontam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá encerrar próximo dos 5%, ou 0,5 ponto percentual a mais do que a projeção do Banco Central. Segundo Pedro Raffy Vartanian, professor da Trevisan Escola de Negócios, para evitar o repique inflacionário, o governo deverá tomar como principal medida a elevação da Selic. "A Selic será ao redor de 11%, assim como informou o Boletim Focus desta semana. O aumento será uma das medidas para evitar o repique inflacionário. Quando a economia cresce, a reação natural dos preços é de alta. Outros meios de frear a inflação, por parte do governo, é estimular a oferta, incentivando investimento das empresas e também apostando em infraestrutura", afirmou.
A crise econômica "ajudou muito a conter a inflação em 2009", segundo avalia a coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. Ela explica que, com a crise, houve redução da demanda internacional por alimentos, o que evitou maiores reajustes nesses produtos no mercado interno e, além disso, houve influência também do dólar mais baixo sobre os preços de vários produtos.
Segundo divulgou o IBGE, o IPCA em 2009 ficou em 4,31%, variação bem inferior à apurada em 2008 (5,90%). Entre as principais quedas de preços no ano passado, figuram itens diretamente influenciados pela redução do IPI, como automóvel usado com queda de 11,90%, eletrodomésticos que recuaram 4,85% e automóvel novo negativo em 3,62%. Os combustíveis fecharam o ano com alta de 2,61%, acima do resultado de 0,55% em 2008. Em 2009, o álcool variou 14,98%.
Para o economista Mauro Calil, o corte de impostos, como o governo pretende fazer com os combustíveis, deve elevar ainda mais a pressão inflacionária em 2010. "A redução de impostos é boa para estimular o consumo, mas o objetivo é conter a inflação, e para isso temos que conter a demanda. Uma redução de impostos como o benefício do IPI não reduziria a inflação."ou: "o álcool variou muito, foi o vilão de 2009. Por isso o governo anunciou este ano a redução da proporção do mesmo na gasolina, para não influenciar os índices inflacionários.
Para o especialista e diretor da Fractal, Celso Grisi, o ano será bom, teremos crescimento econômico por parte do mercado interno, se ajudado pelo mercado externo superará os 5%. "Todo período de crescimento produz uma pressão inflacionária. As pressões do câmbio, a demanda interna muito forte, os saldos das políticas anticíclicas agora adicionadas do reajuste do salário mínimo vão pressionar a inflação e com isso o BC terá que elevar a Selic. A taxa de juros deverá chegar 10,5% no fim de 2010, e sua trajetória de crescimento deve ocorrer logo no fim do primeiro trimestre", explicou Grisi.
A maioria dos economistas ouvidos pelo DCI afirma que, após registrar inflação de 4,31% em 2009, o IPCA deve ficar próximo dos 5% este ano, mesmo com alta nos juros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário