Banner

Translate

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A eficácia do multilarismo na vida real

OMC e suas verdadeiras dificuldades
Imagine todo o esforço e todos os recursos alocados em torno da rodada de Doha. O objetivo fixado refere-se à redução das tarifas de importação de todos os países-membros. De maneira simplificada, esse objetivo traduz a própria essência da OMC: a liberalização do comércio mundial. Imagine, agora, se ao final dessa rodada, obtivéssemos como resultado, uma redução de 10% da tarifa média das importações mundiais. Políticos, economistas, diplomatas comemorariam, com inusitado alarde, a realização de uma obra da engenharia multilateral em suas negociações comerciais. Por que, então, o desalento e a desesperança atuais em torno de Doha?
Bem, nessa última visita àquele organismo internacional, nessa última sexta feira, alguns dos negociadores das principais delegações, sentados à mesa de um requintado almoço, ironizavam o fato de a subvalorização cambial chinesa ter ultrapassado os 30%, segundo estudos econômicos recém concluídos.
Independentemente da propriedade dos cálculos discutidos, a sensação que se tinha ao final da refeição, é que nenhum esforço pode ser eficaz quando, no mundo multilateral, um dos estados-membros recusa-se ao cumprimento das regras convencionadas. Doha não evolui pelo comportamento americano de furtar-se à negociação. Liberalização não funcionará enquanto for mantida a artificialidade cambial e unilateral chinesa.
Fica-me a certeza de que a multilateridade é mais uma forma de pressionar os poucos dissidentes a abandonarem seus mundos de benefícios assimétricos e voltarem-se para regras de convívio comercial e econômico, não excludentes. Porque, ao fim e ao cabo de tudo, nem eles sobreviveriam ao isolamento. O multilateralismo é apenas o meio mais eficaz para negociar e não um fim a ser perseguido nas negociações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário