Nas mudanças, às favas com as análises
e com as estratégias
Bolsa recua à espera das decisões sobre políticas monetárias no Brasil e nos Estados Unidos. Parece que todo o otimismo alardeado no final do ano passado foi destruído nas últimas semanas com algumas notícias do exterior. As previsões econômicas e as melhores análises, apontando para o crescimento do mercado de capitais brasileiro, não se sustentam sobre as convicções em seus resultados. As decisões continuam, de fato, ao sabor de acontecimentos não previstos e do exercício do oportunismo meramente intuitivo. Que fatos abalaram o mercado?1) Riscos ao redor do mundo, como os vindos da Espanha e da Grécia, e os temores sobre o futuro da China. Se a China endurecer demais sua política monetária e creditícia, comprometerá seu crescimento e suas importações em 2010. Uma especulação sobre o que é pouco provável.
2) Definição da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. O temor refere-se a um novo ciclo de aperto monetário nos dois países. Temor descabido. Nada sinaliza para mudanças, nem cá, nem lá.
3) Mudança da conjuntura econômica decorrente da aceleração do IPC, alcançando 1,16%, na 3ª prévia de janeiro, e a redução da atividade econômica para 0,2%, em novembro de 2009. Pelo jeito, o mercado vai começar a dirigir seu veículo olhando pelo retrovisor. Não aconselho.
4) Notícias sobre a queda de 10,9% nos empréstimos hipotecários nos EUA, na última semana. E alguém esperaria ao contrário? Claro que não.
Enfim, bastaram algumas notícias para o castelo de cartas ruir. No longo prazo, o investidor não mostra acreditar. Essa volatilidade indica para um excesso de especulação e para um baixo nível de compreensão das variáveis econômicas
Então, quero observar que esse ano será de grandes volatilidades nas bolsas. Há muitas notícias ruins a nos chegar, do leste europeu, da Rússia e, outras, que virão da Espanha e de Portugal. A Grécia não resolverá seu problema no curto prazo. Desequilíbrios políticos são esperados entre os emergentes mais expressivos. Só para completar, insisto em algumas coisas que me parecem muito prováveis. Uma relativa recuperação do dólar, o aumento dos preços do petróleo, a desvalorização mais acentuada do yuan, as ampliações dos superávits da balança comercial japonesa, reduções no superávits chineses, revigoramento do multilateralismo, redução relativa das taxas para importação de produtos agrícolas, evolução do mercado de carbono, guerras no oriente médio, instabilidades econômicas e políticas na Argentina, Bolívia e na Venezuela, entrada do Chile na OCDE. O norte da África trará novas surpresas, os tigres asiáticos poderão recuperar parte dos mercados perdidos, favorecidos pelas mudanças cambiais.
Embora tudo isso, o sol continuará nascendo todos os dias, as estações do ano se sucederão, os carros estarão nas ruas. Bastaria tentar entender o mundo para além da economia. Talvez fosse mais proveitoso olhar um pouco para o G-20 e o novo modelo de governança internacional que está nascendo.
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