Banner

Translate

domingo, 24 de janeiro de 2010

Multilateralidade, um princípio a ser reafirmado

 O fracasso de Doha e a OMC: o multilateralismo
agoniza sob a omissão americana
Na OMC, o clima definitivamente não é de fracasso. Tudo foi claramente compreendido. O maior player mundial do comércio exterior (somadas exportações e importações) ainda não se entendeu. Com um Senado formado pelos representantes de infinitos interesses de grupos privados, de lobbies de grandes corporações, de setores econômicos inteiros, de grupos políticos, associações, sindicatos, entidades associativas diversas, ONGs, e de todos os outros atores da vida política, os Estados Unidos não sabem o que querem de seu comércio. Esse sistema, de infinitos vetores, com direções e sentidos divergentes, mantém acirrada disputa em torno do individual. O público está esquecido. Vez ou outra evoca-se pelo comunitário, como se isso pudesse esconder a renúncia ao indisponível. Indisponível porque do estado, porque tem a essência do todo coletivo, porque, sendo de todos, não pertence a ninguém. Público, já não existe naquele país. Os americanos estão ensimesmados na manutenção de um império despedaçado pela forças liberais, as mesmas que o construiu.
Destravar Doha dependerá de uma forte ação do G-20. Uma atuação tão decisiva quanto aquela exercida sobre o FMI e o Banco Mundial. Quero lembrar a todos que o G-20 é obra brasileira. Do embaixador Seixas, que o criou em meio às confusões de Cancun. Lembram-se disso? Sem nenhuma ironia ou favor, sem o G-20 o mundo não teria se saído tão bem dessa última crise. Portanto, o mundo deve ao nosso embaixador, a sua coragem e determinação, o encontro da forma de avançar nas soluções a problemas mundiais.
Enfim, quero reafirmar minha crença pessoal de que o multilateralismo não se transformará em cadáver insepulto. É pressuposto para a construção da governança, entre homens e nações, e para o encaminhamento dos grandes conflitos da humanidade. Enfim, um novo modelo de convívio entre homens e nações transitará pela implantação da democracia em todos os países e pelo multilateralismo nas negociações de seus conflitos. A OMC conservará sua função de um fórum para as questões de comércio. O G-20 terá que necessariamente se consolidar em uma nova instituição incumbida da governança internacional e, claro, com assento para todas as partes discutirem, necessariamente, de forma multilateral, os problemas da humanidade, indisponíveis em sua natureza e públicos em sua missão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário