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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Juros e contas públicas são os desatinos nacionais


GOVERNO AUMENTA IOF PARA CONTER
CAPITAL ESPECULATIVO
Veículo: Nicomex Notícias - Data: 11/10/10 - Matheus Franco
matheus.f@nicomexnoticias.com.br
Na última semana o governo continuou sua tentativa de defender o real contra a valorização frente ao dólar. Em mais um capítulo da chamada “guerra cambial” definida pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, o governo lançou mão de mais uma arma para se proteger da enxurrada de capital estrangeiro no país. Após medidas como compra de dólares em leilões e utilização do Fundo Soberano do Brasil, agora é a vez do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ter sua taxa aumentada, de 2% para 4%.
O objetivo da medida é diminuir a entrada de capital especulativo no país. “O investidor vem aqui só para ganhar a taxa de juros e cair fora. Então, o governo tributa na renda fixa, mas não na Bolsa, porque esta está realizando IPOs, lançamentos, como os casos da Petrobras e do Banco do Brasil, recentemente, trazendo dinheiro muito bom para a economia nacional”, explica o economista Celso Grisi, do Instituto de Pesquisas Fractal, em entrevista ao Nicomex Notícias.
Grisi se refere ao fato de que a taxação de 4% no IOF diz respeito às aplicações de investidores estrangeiros em renda fixa, como títulos públicos, por exemplo. Para a renda variável, a alíquota permaneceu em 2%. Segundo o economista, ao chegar a esse patamar, ficou muito menos atrativo aplicar no Brasil. “Por isso, embora a taxa Selic esteja em 10,75%, pagar 4% para depois ganhar na saída ficou meio complicado e o investidor já para de entrar com tanto dinheiro”, diz ele.
No primeiro dia em que o aumento do IOF esteve em vigor, não houve muito resultado. “Ninguém tinha ainda visto a medida e existiam interesses já correndo por todos os lados”, diz Grisi, para, em seguida, afimar que já houve reação, no dia seguinte, com uma entrada menor de capital, favorecendo a desvalorização do real. Aliado a isso, o governo abriu mais uma frente de atuação cambial, ampliando o volume de moeda que o Tesouro Nacional pode comprar para pagar a dívida externa. A regra, agora, permite a compra em até 2014, estendendo o prazo em dois anos.
Problema está nos juros
De acordo com Celso Grisi, a grande causa para o real estar caro é a taxa de juros excessivamente elevada, o que torna atraente a especulação. Para ele, as medidas tomadas pelo governo são razoáveis, mas devem preceder um novo movimento: a queda da taxa de juros. “Isso só será possível se forem melhoradas as contas públicas e implantada uma política fiscal mais ajuizada, além de conter o crescimento excessivo em que o Brasil se meteu nesses ltimos tempos”, diz ele. Para conter esse crescimento, deve se contingenciar seletivamente o crédito, diminuindo os prazos de pagamento, por exemplo. “Esse contingenciamento reduziria as pressões inflacionárias, que permitiria ir baixando a taxa de juros”, conclui o economista.

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