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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Terra em transe 2

Parece coisa do equilíbrio sistêmico
A Europa afunda em suas dívidas e a China desacelera seu crescimento. Comportamentos típicos da imprudência financeira do “savoir vivre” europeu e da prudência milenar da sabedoria oriental.
A crise tenderia a contagiar o mundo, levando tudo “água abaixo”. Mas, diz a Teoria Geral dos Sistemas que os sistemas tendem a se preservar, criando alternativas as suas próprias sobrevivências.
Os Estados Unidos iniciaram movimentos de recuperação da renda, do consumo, do crédito e de sua produção. Irônico para quem se encontrava em situação de absoluto descrédito e com a auto-estima de sua população tão destruída.
Não é que, agora, o PIB japonês desperta de sua longa hibernação, apoiado em inesperada recuperação da produção industrial e da ampliação do consumo interno. Chega a estarrecer! A população japonesa cresceu o seu consumo depois de tantos anos de poupança e entesouramento da moeda nacional e isso, após o terremoto que assolou o país. Mas são as coisas da Teoria Geral dos sistemas. Desgraças viram causas da reversão econômica do país.
No terceiro trimestre, o PIB japonês cresceu ao ritmo anualizado de 6,5%. Em relação ao segundo trimestre do ano, o crescimento foi de 1,5%. Suas exportações também cresceram forte, graças à rápida recuperação de suas cadeias produtivas e ao restabelecimento do supply chain de sua indústria, em velocidade assustadora.
O consumo “surfou”, na onda da recuperação. Cresceu 1,0%, sobretudo puxado pelas atividades de lazer, viagens e compras de veículos.
Como no caso de outros países, a moeda japonesa está excessivamente valorizada em relação a outras moedas fortes, prejudicando seriamente as exportações para outras áreas do mundo. Os investidores entenderam que o Yen é uma moeda-refúgio. Sistemas desenvolvem mecanismos adicionais de sobrevivência.
Especificamente, para o Brasil, será necessário repensar o que andamos fazendo nos últimos anos. Sucateamos nosso parque industrial em uma política de contenção da inflação, via a defasagem cambial. Tudo ficava mais barato com as importações incentivadas pelo real forte. Não há político que resista deitar nesse “berço esplêndido”. O problema é que a queda na taxa de crescimento chinês e a crise européia sinalizam para a redução dos preços e das quantidades compradas de nossas commodities agrícolas e industriais.
Aos Estados Unidos e ao Japão nossas commodities também agradam, mas esses dois países são consumidores naturais de nossos manufaturados e semimanufaturados. Procuram partes, peças, componentes produtos acabados, serviços, etc. Fica a necessidade de uma rápida reestruturação de nosso parque industrial que, sem oferta de mão de obra especializada, contará, por outro lado, com um influxo de capitais estrangeiros para lhe dar suporte.
O governo não pode apenas reagir. Ele terá que agir proativamente e rápido. O novo plano econômico precisa contemplar o longo prazo e estar assentado em setores estratégicos para os próximos decênios. Só isso dará consequência a um sistema cujo produto bruto interno tenha uma participação expressiva de bens de maior valor agregado, pagando maiores salários e garantido novas altas do consumo interno.

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