A gangorra: bolsa x dólar
A bolsa senta e o dólar levanta. São as bipolaridades do mercado financeiro, movido a pânicos e oportunismos. Do risco alto à segurança máxima. O comportamento ciclotímico do investidor provoca as volatilidades nos preços.
O Ibovespa encerrou o pregão com queda de 0,28%, aos 65.401 pontos (quem diria? Uma queda próxima a de dez mil pontos). O volume negociado da sexta feira foi de R$ 6,27 bilhões. Um belo volume, compatível com o que se negociou durante todo o mês de janeiro. A moeda norte-americana subiu quase 1,0%. Alcançou, no fechamento, R$ 1,8850. Exportadores começam a comemorar. Já não sabem se devem vender suas divisas internacionais. Parece que sim (pelo menos parte delas), pois o mercado tende a mudar com as novidades da próxima semana.De saída, os indicadores divulgados em Nova York surpreenderam positivamente e começaram a impulsionar os mercados. O senado norte-americano confirmou Ben Bernanke na presidência do Federal Reserve, para um segundo mandato. A primeira prévia do PIB dos Estados Unidos, do quarto trimestre, agradou aos investidores, com expansão de 5,7%, enquanto o mercado projetava 4,8%. O índice de atividade dos gerentes de compras de Chicago, subiu para 61,5 em janeiro e, finalmente, o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, com alta para 74,4, também em janeiro.
Da Europa chegaram notícias bastante confortáveis. Seus principais mercados tiveram valorizações. A taxa de desemprego saiu abaixo do que se esperava. Com isso tivemos Londres com alta de 0,83%, Paris com 1,37% e Frankfurt 1,24%. Na Ásia, que ainda não sabia de nada, pois seus mercados abrem muito mais cedo, o dia ainda era de estratégias defensivas. O índice Hang Seng, de Hong Kong, teve queda de 1,15%, enquanto o índice Nikkei, de Tóquio, encerrou o pregão, com forte baixa de 2,08%.
No Brasil, os investidores, vendo esse quadro otimista nas economias norte-americana e européia e a queda de preços dos ativos, terão dificuldade em conter seus impulsos oportunistas. Tenderão a voltarão às compras. Para isso, entretanto, estarão de olhos nos indicadores inflacionários como IPC-S referente à 4ª semana de janeiro, IPC-Fipe, também da 4ª semana de janeiro, IGP-DI, de janeiro e IPCA, de janeiro, além dos dados de Vendas Domésticas de Veículos, de janeiro, da Pesquisa Industrial Mensal de dezembro, dos dados da Indústria Automobilística, de janeiro, e a Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, também de janeiro.
E ainda, antes de deixarem-se levar às compras por seus “instintos selvagens”, observarão, nos Estados Unidos, os índices de Gastos e Rendimentos Pessoais de dezembro, o índice ISM Industrial e de Serviços de janeiro, as Vendas de Imóveis Pendentes de dezembro, os Dados de Emprego de janeiro, o índice de Produtividade do 4T09, os Pedidos semanais de Auxílio-Desemprego, as Encomendas da Indústria de dezembro, a Taxa de Desemprego de janeiro e o Crédito ao Consumidor de dezembro.
Finalmente, estarão observando os apertos monetários na China e na Índia, os preços do petróleo - que devem iniciar sua recuperação-, e o comportamento das dívidas da Grécia (União Européia prometeu ajuda substancial) e Espanha.
Há ainda muita notícia ruim para chegar do Leste Europeu.
Portanto, o sobe e desce da gangorra bolsa x dólar continuará. Afinal, no Brasil, os preços voltaram a um nível quase irresistível e movimentos oportunistas podem ser esperados.