A realidade está colorida pela interpretação.
Documento do Ministério da Fazenda divulgou ontem, em números, a realidade econômica nacional. É auspicioso ler o documento. Entretanto, será necessário expurgar de sua interpretação, o tom excessivamente otimista.
Remanesceu esquecida a deterioração da conta corrente brasileira. Sobre isso, as próprias declarações do ministro Mantega acerca da política cambial brasileira têm dado conta de uma preocupação bem maior do que aquela manifestada no documento, com o problema de nossas contas em relação ao resto do mundo. Grave seria se a comunidade econômica mundial não entendesse a verdadeira preocupação de nossas autoridades com os riscos reais que essa situação impõe ao equilíbrio macroeconômico do país
Em relação à inflação, foi pior. As variáveis analisadas não respondem pela intensidade observada no processo inflacionário do primeiro semestre. Elementos sazonais podem ser considerados, em boa linguagem da metodologia científica, apenas como variáveis contribuintes. No consenso dos economistas, o recrudescimento inflacionário decorreu das pressões da demanda, provocadas pela oferta abundante do crédito e pela política de rendas do próprio governo.A renda cresceu, foi distribuída, provocou a emergência social, elevando o aumento do consumo das famílias. Esse fato não precisaria ser omitido. Até porque ele é profundamente elogioso ao governo atual. Enquanto não aparecer por aqui um choque de oferta a ameaça de alta dos preços não nos deixará.
Nosso temor é que a taxa de câmbio permaneça utilizada para favorecer as importações, garantindo o abastecimento nacional e a destruição de nossa competitividade industrial.
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