Apesar do endividamento,
famílias continuam otimistas
Veículo: DCI - Data: 28/09/10 - Fernanda BompanSÃO PAULO - Este é o melhor momento para investimentos privados. Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que as famílias brasileiras estão mais otimistas com a situação econômica do País (62,73 pontos, que em uma escala de 0 a 100, quanto maior o nmero, maior o grau de otimismo). Somado a isso, o mercado toda semana aumenta sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) do País (relatório Focus), de modo que a perspectiva é de crescer mais de 7% este ano e até mais de 4,5% em 2011. Segundo o presidente do instituto, Márcio Pochmann, essas percepções, sustentadas pelo consumo, favorecem os investimentos de empresários.
Segundo a pesquisa que avalia o índice de expectativas das famílias brasileiras (IEF), apurado neste mês, 59,95% dos entrevistados esperam melhora na situação econômica nos próximos 12 meses. A pesquisa foi realizada em 3.810 domicílios distribuídos por 214 municípios em todos os estados do Brasil. Para os próximos cinco anos, 56,88% também responderam esperar que o País passe por melhores momentos.
Com relação à renda das famílias, a pesquisa mostra que os mais otimistas estão na faixa de mais de dez salários mínimos (65,89%), seguidos pela faixa de quatro a cinco salários mínimos (65,67%). Na faixa de até um salário mínimo o percentual daqueles que projetam melhores momentos econômicos para o País nos próximos 12 meses também é alto (60,94%).
Por outro lado, Pochmann entende que existe maior otimismo entre as pessoas sem emprego, comparada àquelas que estão empregadas. A relação estabelecida para esta diferença está ligada aos benefícios concedidos pelo governo. Nisto, aqueles que recebem benefícios estão mais otimistas (60,53%) do que os que não recebem (59,18%).
A pesquisa também avaliou as perspectivas das famílias por região. Das cinco regiões, as famílias consultadas do norte são as mais otimistas sobre a economia em 2011, com 72,67% respondentes. A segunda região mais otimista é a do nordeste, com 70,8% de respostas positivas. Centro-oeste foi a que apresentou os resultados mais pessimistas (51,58%).
Endividamento
Outro ponto observado no levantamento do Ipea, é que para 74% das famílias entrevistas suas situações financeiras estão melhor do que há um ano para 74%. Apenas 18% das famílias se dizem em pior situação atualmente do que um ano atrás. Dentro deste percentual, novamente as Regiões Norte e Nordeste apresentarem o melhor grau de otimismo (81,33% e 78,97%, respectivamente). Da mesma forma, para 77,32% a situação tende a melhorar daqui a um ano, enquanto 7,56% anteveem piora. Ao mesmo tempo, para 53,81%, este é um bom momento para comprar bens duráveis.
No entanto, de 17% das famílias entrevistas que possuem alguma conta atrasada, 36,19% afirmam que não terão condições de pagar duas dívidas. E 37,13% disseram que vão conseguir quitar parte do endividamento. Mesmo com este cenário, 47,73% das famílias declararam não ter dívidas, ao passo que pouco mais de 10% das famílias responderam estar muito endividadas em comparação ao rendimento familiar mensal. Entre os que estão endividados, 22,62% creem que conseguirão quitar suas contas totalmente no próximo mês (outubro).
O diretor presidente da Fractal, Celso Grisi, analisa que é possível estar otimista mesmo endividado. "Não há contradição. Uma das explicações é de que ao esperar uma situação econômica melhor, o indivíduo percebe que no futuro irá conseguir pagar suas contas com negociação, por exemplo, e que ainda terá emprego e renda", diz. Porém, ele afirma que entre os desempregados o otimismo não é tão forte.
Para o presidente do Ipea, o otimismo das famílias é normal, mesmo em cenários de endividamento. Para ele, nos próximos meses, quando começa o pagamento do 13º salário que deve ser usado para o pagamento de dívidas e reabilitação dos endividados, a tendência é de aumento do otimismo. Ele também afirmou que, a partir de dados de outros institutos, projeta um crescimento real da renda de 5% neste ano em comparação a 2009, que, se confirmada deve ser o maior percentual da década.
Pesquisa realizada pelo Ipea mostra que famílias brasileiras, mesmo mais endividadas, acreditam que as condições econômicas vão melhorar nos próximos 12 meses e nos próximos cinco anos.
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