Não há renda que suporte
tanto crédito
Vinhamos avisando que o crédito estava crescendo mais mais depressa que a renda. Com a Selic mais alta, cresceram os juros e os spreads, agravando a capacidade de pagamento do consumidor endividado. Como se vê a administração da renda futura ainda é um aprendizado para os consumidores brasileiros. A capacidade para poupar exauriu-se. Definitivamente, a ampliação da poupança nacional não se converteu em política pública que lhe desse consequência. Estamos construindo uma sociedade afluente. A oferta de crédito é abundante e está voltada para a sustentação do consumo.tanto crédito
A Fractal mostrou, em suas pesquisas, desde o final do ano passado, que o endividamento era crescente e que o comprometimento da renda com as prestações, até esse próximo Natal, já assustava os mais prudentes.
Vem o IPEA e confirma:
1) 54% dos brasileiros estão endividados.
2) O valor médio do endividamento é de impressionantes R$ 5.426,59.
3)12% das famílias apresenta dívidas cinco vezes maiores que suas rendas.
4) 37,8% das famílias diz não ter como pagar suas dívidas
Com suas dívidas crescentes, o consumidor não pensa em poupar. Ao contrário, compra bens de consumo, bens semiduráveis e duráveis de baixo valor de revenda. Empobrece. Não se patrimonializa, portanto. O processo de acumulação de capitais familiares não se inicia.
A pesquisa, foi realizada em uma amostra de 3.810 domicílios, contemplando 214 municípios em todas as unidades da federação.
O achado que mais impressiona nesses estudo é o que mostra 63,08 das famílias de maior renda, aquelas que ganham mais de dez salários mínimos, com dívidas. Entre os entrevistados que ganham até um salário mínimo, 41,46% afirmam ter dívidas.
Contudo, o estudo mostra que o percentual daqueles que se dizem muito endividados é maior entre os segmentos de menor renda, 11,68%, ao passo que entre os de renda maior, apenas 6,92% afirmaram que estão muito endividados.
O estudo ainda mostra que 20% das famílias possuem alguma conta atrasada. Mas 59,55% afirmaram ter condições de pagar as dívidas ao menos em parte.
E há quem ache possível crescer ainda mais o volume de crédito e que o endividamento das famílias é baixo, quando comparado a outros países. Essa crença nos direciona a sustentar o consumo, por meio de importações.
Sem poupança, apenas o capital externo pode impulsionar nosso crescimento. Com o consumo elevado, as importações devem atender as ofertas. Com os juros altos os investimentos estarão desestimulados. Para garantir o abastecimento e redução da inflação futura, as taxas de câmbio devem garantir a sobrevalorização do real e nosso parque produtor deverá minguar. Começa a desenhar-se a insustentabilidade da economia nacional.
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