A semana promete novas emoções - II
A postagem de domingo passado avisava que “A semana promete novas emoções”. Chegaram, são novas e são fortes. Veja.Nos EUA, o ISM Index, índice da atividade industrial do país, superou as expectativas para o mês de agosto, segundo os dados divulgados pelo Institute for Supply Management. O índice alcançou os 56,3 pontos, superando as previsões dos analistas de 52,9 pontos. Veio, portanto, bem acima do que o mercado esperava e acima dos 55,5 pontos do mês de julho. A animação foi geral, disseminando-se mundo a fora.
Na China, quem pôs fogo na canjica foi o índice composto PMI –Purchasing Managers Index-, que o governo central constrói para medir a atividade industrial do país. Apresentou-se em alta, atingindo 51,7 em agosto, contra 51,2 pontos em julho. A alta é insignificante, entretanto as estimativas eram bem inferiores e isso somou-se ao entusiasmo do mercado.
Com essas notícias não podia dar outra. As cotações de petróleo tiveram um dia de alta acentuada. Em Londres, a cotação do barril do tipo Brent fechou a US$ 75,85. Alta de 2,16% em relação ao dia anterior. Em Nova York, o contrato com vencimento em outubro, subiu de forma ainda mais forte, alcançando no final da sessão os US$ 73,98, o que representa um crescimento nos preços de 3,17% de um dia para outro. Por outro lado, a queda das reservas de gasolina anunciadas pelo Departamento de Energia norte-americano confirma o crescimento da demanda. Portanto, a continuar esse otimismo, o barril de petróleo pode encerrar essa semana próximo dos US$ 80,00.
As commodities industriais apresentaram também fortes valorizações. As metálicas foram o destaque: o zinco subiu mais de 4%; cobre, alumínio, níquel, estanho e chumbo registraram altas superiores a 2%. As bolsas de todo mundo ganharam mais fôlego.
No Brasil, alguns fatos contribuiram para uma reação ainda mais exuberante dos investidores.
O Copom deixou estável a Selic 10,75%. E justificou de forma elegante: são "decrescentes os riscos para a consolidação de um cenário inflacionário benigno". Explicando: esse patamar de juros já provoca estragos no crescimento. Por outro lado, o temor de pressões inflacionárias, sobretudo com as importações, cujos preços começam a crescer acentuadamente, não permite sua redução. Continuaremos com os juros reais mais altos do mundo: 5,6% ao ano. Acompanham, de longe, África do Sul e Rússia.
Para ajudar, o preço da cessão onerosa para Barril de petróleo, referente à capitalização da Petrobras, foi fixado em US$ 8,51. Trata-se de valor médio, que varia em função das condições de exploração de cada campo. Tudo foi baseado em laudos elaborados por entidades certificadoras independentes contratadas ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e pela Petrobrás.
Com isso e com as altas das commodities, os destaques da Ibovespa ficaram por conta das ações da Petro e da Vale. Sem novidades. O Ibovespa subiu para os 67.072 pontos, com forte alta de 2,96%.
Não temos quase nada do que nos queixar. Nem mesmo dos riscos de inflação embutidos nas altas dos produtos importados, uma vez que, por outro lado, é a alta dessas commodities que está garantido a forte expansão dos valores de nossas exportações e, de quebra, sustentando toda nossa balança comercial.
Da mesma maneira, o quadro geral de nossa economia e o entusiasmo com a economia norte-americana melhorou rapidamente o indicador de risco-País. O risco-país encerrou essa quarta-feira em forte queda de 11 pontos-base, atingindo 222 pontos. O Global 40, principal título da dívida externa brasileira, bateu no final do dia cotado a US$ 137,10, com alta de 0,14%.
A lamentar apenas, a queda do dólar que prejudica muito nosso comércio internacional e a competitividade do parque produtor brasileiro. Desvalorizou-se, diante do real, 0,57%, fechando cotado em R$ 1,747.
Isso configura um desastre estrutural para economia nacional e, de fato, esse tem sido o problema com o qual as autoridades econômicas revelaram não saber como lidar. Vacilam, hesitam, mostram-se apenas atônitos. O Ministro Mantega parece voto vencido. Vencido pelo clima eleitoreiro que toma conta da máquina do governo e pela insensibilidade do Banco Central às questões da competitividade nacional.
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