Preços de alimentos vão ajudar a balança brasileira em 2011
A globalização tem o mérito de reduzir custos e preços. Crises têm como característica derrubar a demanda. Também, como regra, os preços que mais deveriam cair são os de maior elasticidade. As commodities, portanto, são os bens que mais deveriam sofrer. Menores custos, decorrentes das economias de escala globais, menor demanda, pelo agravamento da crise e menores preços, em função dos elementos anteriores e de suas maiores elasticidades.
Não é isso que está acontecendo. Há mais de dois meses vários alertas, sobretudo em relação aos produtos alimentícios, estão sendo feitos por várias instituições ligadas à produção, comercialização e às dedicadas aos estudos da oferta e da demanda desses produtos. Só em agosto os preços, segundo a FAO, encareceram, em termos mundiais, em 5%.
O estudo da FAO dá ênfase a casos específicos: o preço do trigo subiu 22% em 2010, e as projeções indicam que, nesse ano, a produção mundial será 5% menor. A causa para isso seria a seca prolongada em áreas adjacentes ao Mar Negro, responsáveis pela produção de algo em torno de 30% de todo o trigo ofertado no mercado mundial. A Rússia, para complicar, suspendeu suas exportações até, pelo menos, a metade de 2011. A Argentina, o Canadá, a Alemanha e o Paquistão, todos castigados pelos atos de Deus, apresentam reduções de produção e de produtividade.
A China, sempre se antecipando a esses fatos, aumentou seus estoques estratégicos de grãos. A verdade é que não foi só ela. Os governos europeus também estão se previnindo contra a escassez e a alta dos preços.
No Brasil, como isso já aconteceu antes (e não foram poucas vezes) a solução encontrada foi a de recorrer ao milho e à farinha de mandioca. Para quem não conheceu esses fatos anteriores, aviso que á solução até que agrada o paladar nacional.
No milho e na soja, os preços estão sendo afetados pelo aumento da demanda. Ninguém come mais milho, mas o desvio desses produtos para os biocombustíveis levam a fortes pressões sobre esses preços.
Globalização, crises e commodities combinaram-se, dessa vez, para andar em novas direções.
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