Ontem a notícia era boa. Hoje, é ruim.
O problema dos investidores está na necessidade de antecipação dos fatos. Tomam qualquer movimento das variáveis econômicas como um sinal de mudança ao qual é preciso reagir muito rapidamente.Se a reação demorar, os preços subirão e eles perderão o ponto de compra. Ou, ao contrário, os preços poderão cair e os investidores, segurando os novos “micos”, irão exibi-los a todo o mercado.
Daí porque passam a reagir a qualquer notícia. Saem e entram em todos os mercados quase que simultaneamente, movidos pelo desespero de que a espera possa parecer imobilidade diante dos fatos. E, pior, transformar-se em perdas.
Não há saída. Movem-se sempre. Mesmo que isso possa ser uma precipitação. A figura que me vem à lembrança é a de um nadador que mergulha antes de todos os outros e, até mesmo, antes do tiro do revolver. Ou do corredor, que sai em disparada, sozinho pela pista, impelido pelos seus instintos, sem que sequer a corrida tenha começado.
Vejam o caso dessa semana. Ontem durante o dia, o governo norte-americano apontou 451 mil pedidos de seguro-desemprego, no país, na semana anterior. Os analistas esperavam 470 mil pedidos. Em seguida, foram anunciados os números sobre a balança comercial dos EUA. O déficit de US$ 42,8 bilhões também surpreendeu aos analistas que estimavam o saldo negativo em US$ 47,3 bilhões. Festa geral. Investidores reagiram e rápido. Os mercados subiram e a conclusão geral foi a de que essa “foi bem no cravo”.
Hoje, assim que o jogo começou, foram divulgados os dados sobre os níveis norte-americanos de estoques no atacado. Subiu mais do que o esperado no mês de julho. Isso significaria que o varejo comprou menos e que o fez porque estaria vendendo menos. Foi assim que o Wholesale Inventories foi interpretado. Os estoques subiram 1,3%, quando se esperava apenas o,4%, nesse período. Crise total. Vem tudo para baixo. Agora foi bem "na ferradura".
As decisões são tomadas sem uma perspectiva histórica capaz de consolidar uma visão madura sobre os movimentos e as tendências futuras. Daí porque as estratégias de investimentos são frágeis e obrigam a esforços de revisões permanentes. A cada movimento, um susto. A cada susto, uma nova expectativa. E o mercado vai se movendo, sem direção determinada, e apenas à base de expectativa, de curto prazo. É preciso ter cuidado nesses momentos e não decidir de forma tão afoita. Se essas tensões atormentam a você, saia da renda variável. Ou, dia desses, vou vê-lo dentro da pscina, sozinho, a nadar, antes da abertura do pregão. Não conheço "mico" maior.
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