É hora de cortar para crescer
Jornal da Tarde - 6 de novembro de 2010Marcos Burghi
A ascensão da economia brasileira nos próximos quatro anos depende da forma como o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, escolher lidar com pontos que afetam diretamente o dia a dia de cada brasileiro, como emprego, câmbio, juros e carga tributária, entre outros temas.
Especialistas consultados pelo JT são unânimes em ao menos um ponto: é fundamental que haja cortes nos gastos públicos.Segundo os mais recentes números do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todas as riquezas produzidas no País, retrato do desempenho da economia – referentes ao segundo trimestre do ano, os gastos do governo cresceram cerca de 15% em relação a igual período de 2009.
O total passou dos R$ 150,7 bilhões para R$ 173,1 bilhões. No mesmo intervalo de tempo, as despesas das famílias evoluíram 11,7%, de R$ 488 bilhões para R$ 545,3 bilhões.
Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, diz que o fato de os gastos do governo apresentarem crescimento maior que o desembolso das famílias é mau sinal. Ele explica que enquanto os gastos dos brasileiros são sinônimo de economia aquecida, as despesas do governo indicam maior necessidade de recursos para fechar as contas.
As principais fontes são o mercado, onde o governo busca dinheiro em troca de juros baseados na taxa Selic – hoje em 10,25% ao ano – ou por meio da receita de tributos, cuja fatia em 2009 correspondia a 36,1% do PIB, maior que a de países desenvolvidos como Austrália (33,3%) e Estados Unidos (30,4%).
José Eduardo Balian, professor de economia e finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirma que só reduzindo despesas haverá espaço para novas quedas da Selic e para os investimentos em infraestrutura de que o País necessita para continuar crescendo.
Ricardo Torres, professor de finanças do Instituto Insper, lembra que as perspectivas de crescimento médio para PIB nos próximos cinco anos está entre 4% e 5%, o que abriria espaço para a redução de tributos, caso o governo aplicasse uma política de redução de gastos. “Se as empresas exportadoras pagassem menos tributos poderiam ganhar em competitividade. Teriam condições de reduzir preços e dependeriam menos da desvalorização do real para conseguir maior espaço no mercado externo”, afirma.
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