União
é a palavra de ordem
Em
meio às discussões sobre o endividamento norte-americano, os ministros das
finanças dos dois principais países da Zona do Euro publicam, no Financial
Times, artigo afirmando que “o nosso plano vai salvar a Grécia e proteger a
Europa". Assumem diante dos leitores o compromisso de defender o euro e
de superar qualquer problema que venha a ocorrer.O recado é claro. A Zona do Euro não está em liquidação. Vai recuperar-se e crescer. Nenhum país será deixado à margem do pensamento unificador.
François
Baroin, à esquerda) e Wolfgang Schauble, abaixo, defendem no artigo o plano da União Europeia para estancar
a crise do euro. Descrevem suas ações capazes de impedir a quebra da economia da
Grécia e para resguardar a saúde das finanças da Europa.
Entendem que as medidas tomadas na última reunião europeia permitem à Grécia encontrar caminho para atingir níveis sustentáveis de crescimento e endividamento. “A Grécia pode tornar sua dívida sustentável no longo prazo se conseguir produzir algum crescimento econômico e reduzir o custo de sua dívida soberana”.
O
compromisso e o apoio dos ministros da Rança e da Alemanha contrasta com as
atitudes políticas dos Estados Unidos diante de problema similar. Ao destacar a
participação do sistema privado na ajuda à Grécia, o artigo aponta que, os
bancos privados vão “assumir perdas de 21% no plano e que comprometeram-se a estender os vencimentos
das obrigações por 30 anos”, fornecendo tempo à Grécia para implantar as
reformas e retomar um sólido crescimento econômico.
Apesar
destas medidas, os ministros reconhecem que sozinhas “não serão suficientes
para dissipar os riscos de contágio” e que serão necessárias outras decisões,
como permitir que aos fundos da União Europeia -FEEF e MEEF- o direito de comprar
dívidas soberanas. Tudo é discutido no grande colegiado europeu e decidido para a preservação institucional da unificação.
Também
prometem analisar o papel das agências de “rating”, começando pelas questões de
transparência, fiscalização e acabar com o número limitado de players no
mercado. É de se lembrar que essas poucas agências atribuíram o "triple A" às
dívidas empacotadas e distribuídas globalmente, e que acabaram revelando-se os
maiores “micos” da história das finanças contemporâneas. Ganharam, e muito
bem, para isso. Voltaram à
cena depois da catástrofe de 2008 com a justificativa de que suas notas são apenas opiniões sobre os fatos
que analisam. Nenhuma agência foi fechada e ninguém foi preso até agora.
Baroin
e Schauble prometem “não colocar em perigo a integração econômica e política da
Europa, que é a base na nossa prosperidade”. Isto porque o “euro vale todos os
esforços, na medida em que um euro estável melhora a economia bem como as
perspectivas políticas como um todo”. Pode-se depreender que os ministros afastaram a hipótese de qualquer eventual Guerra da Secessão na região.
O
artigo deixa um alerta final: “restaurar a confiança na zona euro vai requerer paciência,
perseverança e visão. Nosso caminho é difícil, mas os riscos associados às
alternativas seriam muito piores”.
Francamente,
a reação norte-americana a sua própria dívida evidencia as razões de sua
decadência.
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