Pascal Lamy, diretor da OM defende a mundialização e o livre comércio.
Veículo: Le Monde.fr - Data: 30.06.11Pascal Lamy, diretor da Organização Mundial do Comércio, em recente entrevista ao Le Monde, defende a mundialização e o livre comércio.
Le Monde: Des-globalização e do protecionismo estão aumentando na classe política francesa.O senhor está surpreso com o retorno deste debate?
Pascal Lamy: Entendo esses apelos como passageiros. Não resistirão por mais dois anos. A globalização é uma grande transformação das economias e das sociedades. Sua dimensão foi subestima pelas lideranças das principais economias mundiais. Mas a des-globalização é um conceito reacionário.
Le Monde: Por quê?
Pascal Lamy: Porque o fenômeno está aqui para ficar. Os drivers da globalização são a internet e o avanço tecnológico e isso não sofrerá retrocesso! As fronteiras entre o comércio internacional e o comércio interno tendem a desaparecer. Reduzir suas importações compromete as exportações. Muitos na França entendem que as economias avançadas serviram aos países emergentes, especialmente China, por causa de seu dumping ambiental e social. Dumping ambiental? Produtos industriais exportados pela Europa são mais ricos em carbono do que os produtos importados dos países em desenvolvimento. Salários baixos pagos a trabalhadores? Isso não é tão óbvio, mesmo por que a China paga oito funcionários com o mesmo valor que a Europa paga um. Ademais, os salários chineses aumentam 15% a 20% ao ano, o que altera significativamente o quadro anterior.
O protecionismo não protege. Precisamos de regulamentações que estimulem o comércio mundial e que coíba as práticas discricionárias. Não é a globalização que é o problema, mas a falta de regramento para seu desenvolvimento.
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