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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Efeito retardado

Medidas macroprudenciais são
eficientes. Mas lentas.
Deixam à margem, entretanto, de fatores limitantes do crescimento, tais como infraestrutura e mão de obra. Esquecem o futuro, já há tanto tempo esquecido no país. Nada de planejamento econômico, como comprova o dólar, no país, há tanto tempo lembrado.
Eis o Brasil, até o mês de junho: agricultura crescendo na esteira dos preços das commodities, indústria em queda, atingida por múltiplos problemas da estrutura e da conjuntura econômica. Impostos excessivos, real apreciado, custos elevado de capital. De outro lado, o mercado de trabalho aquecido aumenta a renda real, expande o crédito e impulsiona arrecadação.  A taxa de desemprego do IBGE, do mês de junho, é de 6,2%. O rendimento real apresentou ganho de 4 % em relação a junho de 2010. Criação de 215,4 mil vagas com carteiras assinadas, coroando o primeiro semestre que registrou 1,4 milhões de postos novos de trabalho. O setor de serviço lidera a geração dos empregos. A inflação caiu. Menos do que o esperado, é verdade. E o crédito “dá de ombros” para os aumentos da Selic.
Tanto otimismo ainda não convenceu os agentes econômicos que passam a guardar pela ata do Copom, a ser divulgada essa semana. Querem entender se estamos mesmo no final de um ciclo de crescimento econômico ou se são apenas os efeitos retardados das medidas macroprudenciais.
Independentemente do que o Copom venha a anunciar, basta ohar para as taxas de juros no Brasil. Estamos em patamar altíssimo que penalizará fortemente o crédito contratado e aquele a contratar. Não há investimentos no setor industrial e a produtividade já se ressente há ponto de iniciar, em prazo curto, o comprometimento do nível de emprego e a interrupção da expansão da renda.
Quanto ao crédito, a redução da velocidade de sua expansão provocada pela somatória das altas da Selic, freará o consumo. As famílias comprometeram quase 30% de seus rendimentos com o pagamento das parcelas de dívidas. A inadimplência continuará sua trajetória de elevação, provavelmente em ritmo superior à de momentos anteriores.
A partir de agosto, sugiro que nos encontremos com a realidade nacional: um país sem poupança interna, dependente no seu crescimento do mercado internacional de capitais, com custos agora elevados de mão de obra, agravados por legislação trabalhistas e encargos sociais despropositados, desprovido de infraestrutura e tecnologia, com baixo nível de educação e câmbio apreciado. Sem, portanto, capacidade de competir com as ofertas chinesas e dos países desenvolvidos.
É preciso esperar pelo anúncio do COPOM para entender que  estamos diante do fim do ciclo de crescimento de crescimento? A opção feita durante esses últimos anos foi pelo consumo. Em 2010, a poupança pública foi negativa, em 2%. A privada continuou muito acanhada. À disposição, contamos apenas com a poupança externa exatamente quando os investimentos externos diretos parecem querer minguar, substituídoa pelos fluxos especulativos de dólares, como decorrência dos altos juros nacionais. E inflação,e em ambiente de alta liquidez, voltará a fazer novas pressões em nosso sistema de preços.

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