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quinta-feira, 21 de julho de 2011

É preciso administrar a dose certa, no tempo certo.

Já desenvolvemos efeitos colaterais.
A resistência está instalada.
O erro foi na dosagem. Ao introduzir antibióticos em pacientes com infecções bacterianas, as maiores preocupações referem-se à dosagem correta e ao tempo de administração da droga. Dosagens inferiores criam resistência. Administração por tempo longo, também. Além de outros efeitos adversos.
Taxas de juros apresentam comportamentos semelhantes. Talvez esse seja o maior problema com o gradualismo econômico.
Recuperamos, graças a todos os esforços envidados, nossa posição de liderança no ranking dos juros mundial. Estamos no lugar mais alto do pódio, com o prestígio, agora, recuperado junto à comunidade dos especuladores globais.
Como chegamos a isso, mantendo um elevado crescimento econômico, intolerável defasagem cambial, perigosa expansão creditícia, ganhos reais de renda e pleno emprego?
Taxas de juros não podem ser sub-administradas, nem muito menos, durante tempo muito longo. Os agentes econômicos não entendem o recado. Precificam esses pequenos aumentos e geram resistências à queda do crédito e do consumo.
O consumidor reduz seus parcelamentos de faturas nos cartões e aumentam o parcelamento de suas compras. Correm para o consignado. Vendem seus carros para consumir e financiam outro novo para continuarem motorizados. Empresas encurtam seus prazos de venda e ampliam, a taxas de CDB´s, seus pagamentos. A desintermediação financeira cresce, concorrendo com os canais tradicionais de distribuição do crédito. Essa concorrência impede as taxas reais de acompanhem a Selic.
Juros, nesse patamar, trazem capitais estrangeiros e fazem proliferar as factorings. O câmbio agrava a competitividade de todo o sistema econômico e mascara a dinâmica dos preços. Os ganhos reais nos rendimentos somam-se ao crédito e pressionam a demanda que, por sua vez pressionam a inflação. Tudo corre em descaso à Selic.
A discussão permanece em torno da forma de uma eventual desaceleração. Vamos em forma de U ou de V? Já se falou em L. A economia vira uma sopa de letras, nas mãos tímidas dos gradualistas.
A intervenção agora pede uma nova geração de drogas econômicas. Mais severas, para tratar a excessiva e crescente liquidez atual. O influxo de capitais externos ampliará a liquidez presente.
Como enxugar esse mercado? O receituário terá que ser mais cruel e administrado em dose única. Acordos de trabalho não podem superar a produtividade do sistema econômico. O aumento de arrecadação que melhorou as contas públicas não isentam a redução das despesas do governo, sobretudo àquelas  referentes a pessoal. O contingenciamento do crédito precisa alcançar definitivamente todos os canais que o distribui. O capital especulativo precisa ser regulamentado em novas bases. A importação deve seguir o caminho da atualização tecnológica e do aprimoramento produtivo. Dólar baixo já não pode ser utilizado com ferramenta de combate à inflação.

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