Como a crise da
dívida dos EUA
pode afetar o
seu bolso?
Notícias
Veículo: Portal Infomoney
Data: 29 de julho de 2011 •
18h12
Jornalista: Diego Lazzaris
Borges
SÃO PAULO – O risco de calote dos Estados Unidos
tem deixado muitos analistas financeiros ao redor do globo preocupados. Aqui no
Brasil, a intranquilidade também é grande, já que o não pagamento da dívida
norte-americana pode afetar a economia nacional e, consequentemente, o seu
bolso.
De acordo com o diretor presidente do Instituto de Pesquisa
Fractal, Celso Grisi, diferente da crise fiscal europeia, o Brasil pode ser
duramente afetado em caso de default nos Estados Unidos. Isto porque, grande
parte das reservas internacionais brasileiras estão aplicadas em títulos do
governo norte-americano.
“As nossas posições ativas em moedas europeias e em
dívidas soberanas de países do euro eram praticamente nulas. Por isso, não se
esperava um impacto negativo no sistema financeiro brasileiro a partir de uma
crise europeia”, afirma.
Já com os Estados Unidos, o quadro é bem diferente.
“Se acontecer um default, o Brasil perde condições de resistência à crise
internacional. A nossa redução de vulnerabilidade foi alcançada por meio da
construção de uma reserva de mais de US$ 300 bilhões e que está muito
posicionada nestes papéis norte-americanos”, afirma o economista.
Risco de inflação e desemprego
Com um calote nos Estados Unidos, o economista ressalta que poderá haver uma alta nos preços das commodities e, consequentemente, um avanço da inflação. “Commodities industriais, metálicas e não metálicas, agrícolas, todas podem subir de preço. Vamos ter repercussão no ouro, na prata, platina, cobre e zinco. Tudo isto acaba trazendo uma pressão inflacionária de grandes proporções na economia brasileira” afirma Grisi.
Com um calote nos Estados Unidos, o economista ressalta que poderá haver uma alta nos preços das commodities e, consequentemente, um avanço da inflação. “Commodities industriais, metálicas e não metálicas, agrícolas, todas podem subir de preço. Vamos ter repercussão no ouro, na prata, platina, cobre e zinco. Tudo isto acaba trazendo uma pressão inflacionária de grandes proporções na economia brasileira” afirma Grisi.
Os preços mais caros também podem fazer com que a
economia cresça menos e a oferta de emprego seja menor. “Com menos emprego, os
ganhos reais de renda que vinham acontecendo nestes últimos anos tendem a ter
uma redução considerável”, acredita.
Como consequência, o Governo poderá ter de adotar
novamente políticas de aperto monetário para tentar controlar o avanço dos
preços e subir as taxas de juros, ocasionando o encarecimento do crédito e
provocando maior inadimplência. “Teremos uma redução no ganho real, redução do
consumo e agravamento da inadimplência”, acredita o professor.
Redução das exportações
O professor de relações internacionais do Ibmec, Creomar de Souza, ressalta que um calote da dívida dos Estados Unidos também poderia prejudicar as empresas que exportam para aquele país.
O professor de relações internacionais do Ibmec, Creomar de Souza, ressalta que um calote da dívida dos Estados Unidos também poderia prejudicar as empresas que exportam para aquele país.
“Uma moratória do governo norteamericano pode fazer
com que a importação de produtos para aquele país seja reduzida. Essa retração
pode afetar o faturamento das empresas exportadoras aqui no Brasil e inclusive
gerar desemprego”, afirma.
Investimentos
Para a professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Myrian Lund, uma pressão inflacionária por conta da crise é pouco provável. Segundo ela, o brasileiro pode ser mais afetado em relação aos investimentos, especialmente em renda variável.
Para a professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Myrian Lund, uma pressão inflacionária por conta da crise é pouco provável. Segundo ela, o brasileiro pode ser mais afetado em relação aos investimentos, especialmente em renda variável.
“A bolsa não depende apenas do desempenho das empresas,
mas também de toda a conjuntura internacional. Este problema nos Estados Unidos
gera incertezas muito fortes e, nestes momentos, há uma tendência dos
investidores procurarem por investimentos mais seguros, o que pode fazer com
que a bolsa caia ainda mais”, afirma.
Já em relação aos investimentos de renda fixa, ela
não acredita que haja nenhum tipo de alteração. “Tanto os títulos do Governo
brasileiro (Tesouro Direto) quanto os fundos de renda fixa continuam sendo boas
aplicações neste momento”, afirma Myrian.
Entenda a crise
O Congresso norte-americano tem até a próxima terça-feira (2) para ampliar o limite da dívida pública do País, que já chegou ao teto máximo (US$ 14,3 trilhões). Se este aumento não for aprovado, o país pode ficar sem dinheiro para pagar as suas dívidas e daí o risco do calote.
O Congresso norte-americano tem até a próxima terça-feira (2) para ampliar o limite da dívida pública do País, que já chegou ao teto máximo (US$ 14,3 trilhões). Se este aumento não for aprovado, o país pode ficar sem dinheiro para pagar as suas dívidas e daí o risco do calote.
O maior problema é que o congresso está dividido.
Os republicanos (partido de oposição ao governo), que são maioria na Câmara dos
Representantes (conhecida como Câmara Baixa), rejeitam a proposta dos
democratas de aumentar os impostos para os mais ricos como forma de obter
recursos.
“Os republicanos querem fazer o acerto através de
cortes em programas sociais”, explica Celso Grisi.
O que são os títulos da dívida?
Para conseguir recursos e financiar as atividades do governo federal, o Tesouro dos Estados Unidos emite títulos públicos (conhecidos como Treasuries) no mercado financeiro. Ou seja, a venda destes papéis funciona como um empréstimo para o Governo norte-americano e os “credores” ou investidores são remunerados com o pagamento de juros.
Para conseguir recursos e financiar as atividades do governo federal, o Tesouro dos Estados Unidos emite títulos públicos (conhecidos como Treasuries) no mercado financeiro. Ou seja, a venda destes papéis funciona como um empréstimo para o Governo norte-americano e os “credores” ou investidores são remunerados com o pagamento de juros.
“Os principais interessados nestes títulos são
outros governos e grandes investidores”, afirma o professor do Ibmec.
Ele lembra que estes títulos sempre foram
considerados os mais seguros do mundo. “Pelo menos até o dia 2 de agosto, eles
continuam assim ”, afirma Souza.
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