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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Crescimento do crédito e freada do PIB

PIB e crédito: variáveis interdependentes
Modelos econométricos mostram existir uma forte correlação entre o crescimento do PIB e do crédito, no Brasil. Essa situação suscita perguntas a serem respondidas pelos pesquisadores: a expansão do crédito dá causa ao crescimento do PIB? Ou é o crescimento do PIB que dá causa à expansão do crédito? Ou ainda, essa correlação ocorre em qualquer circunstância? Ou existiriam condições que a promovem? Nesse último caso, que variáveis são tidas como necessárias para produzir as condições de existência da correlação apontada? E, quais seriam as suficientes para que as condições provocassem a correlação?
O governo brasileiro intensifica seus esforços para estimular a economia de maneira quase desesperada. E nada acontece no crescimento até agora. Barateou juros, relaxou o depósito compulsório sobre o crédito automotivo e, ainda assim, as montadoras pensam em iniciar demissões.
Baixou a quase zero o custo do crédito do banco de desenvolvimento BNDES para investimentos em termos reais. E a taxa bruta de formação de capital fixo caiu.
Parece que a expansão do crédito está se descolando do crescimento do PIB, sugerindo certo esgotamento de sua capacidade de promover crescimento econômico. E isso pode estar ocorrendo pela ausência de elementos que caracterizem o conjunto de elementos necessários e suficientes para o reestabelecimento da interdependência entre as duas variáveis estudadas.
Em passado recente o aperto quantitativo, eufemisticamente chamado de medidas macroprudenciais, segurou a expansão  crédito. Com isso o sistema creditício privado se retraiu, dando espaço, desde o segundo semestre do ano passado, para que os bancos estatais assumissem a responsabilidade pelo crescimento do crédito na economia nacional. Em matéria de poupança e empréstimos imobiliários a Caixa cresceu vertiginosamente, alimentando aumentos de preços no setor imobiliário, no momento em que o crescimento da renda real se desacelerava. Chegamos, por isso, a uma situação inusitada. Vivemos com altos preços no setor imobiliário e com redução da velocidade de crescimento da renda. A saída encontrada foi fazer com que a Caixa passasse a financiar em prazos que alcançam 35 anos. Tudo para evitar a queda de atividade nesse setor, um grande empregador de mão de obra menos qualificada. A bolha imobiliária ficou maior. E seu estouro postergado.
Nesse instante, os bancos oficiais continuam a alimentar o crescimento do crédito, apoiado no programa do Banco do Brasil, "Bom para Todos", que sem dúvida promoverá a expansão do crédito, em cerca de 20,0% até 22,0%, nesse ano.
Agradecido, o comércio, em maio, apontou em suas lojas crescimento de 4,1% em relação ao mês de abril, segundo a Serasa. Feirões, redução de IPI, dias das mães e outros fatores contribuíram decisivamente para o resultado do varejo nacional.
Mas e o PIB? Pior, e o emprego e a renda, como ficaram? Esse é maior risco do momento. A própria inflação que vinha se acelerando, não resistiu à contração econômica e cedeu em maio para 0,36%, depois de ter alcançado 0,64% em abril.
As eleições se aproximam, obrigando que novas medidas venham a ser tomadas no curto prazo. Talvez a redução dos compulsórios bancários, atualmente em níveis muito altos, talvez novas reduções na taxa Selic possam trazer alento à atividade econômica. Apenas algum alento, de vez que o emprego e a renda não darão apoio aos estímulos voltados ao consumo.
Juros podem cair muito. Spreads, apenas pouco. E não adianta opor-se ao sistema bancário privado. Esse sistema tem pela frente um desafio adicional e impostergável chamado Basiléia III, cujas normas deverão ser implantadas no início de 2013. Capital e liquidez serão exigidos dos bancos e isso sim, vai impedi-los de ampliar suas ofertas de crédito. As consequências promovidas por esse sistema de regras globais trarão efeitos assemelhados aos dos planos de enxugamento de liquidez.
O sistema financeiro nacional pode deixar de ser um exemplo para o mundo. Suas margens já estão em corrosão, embora se possam implantar estratégias minimizadoras da intensidade de suas perdas. Bancos pequenos e médios começam a revelar suas vulnerabilidades e, essa semana, já assistimos à primeira intervenção do Bacen nesse segmento. Logo, virão outros casos.
Melhor teria sido optar por outro caminho. Investimentos também guardam correlações com o PIB e, de forma mais nítida, com o emprego. Que tal optar por essa vertente?

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